Liturgia e Tradições Eucharisticas

Recentemente fiz uma provocação a alguns amigos mais chegados a cerca de como eles viam a celebração da Ceia do Senhor, comumente conhecida em alguns círculos denominacionais  como EUCHARISTIA. Esta provocação tinha como fundamento, um programa de pregação e liturgia de uma Igreja simplesmente denominada de Cristã e que fica no bairro da Tijuca. Segundo suas próprias mídias sociais, obedecerá um cronograma durante este mês de Outubro em que, a começar deste domingo 03/10/2021. Toda a dinâmica de ministração da palavra e celebração da ceia estará a cargo da pastora Romi Benck, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil(IECLB). E na sequência dos próximos domingos outros ministros das demais confissões de fé do Protestantismo brasileiro estarão fazendo uso da palavra e ministrando essa ordenança de Cristo conforme os seus respectivos ritos.


Cabe aqui, e de uma forma muito superficial e não tendenciosa. E quando falo de superficial e não tendenciosa, significa que as informações aqui registradas são percepções de quem observa bem de longe. E não tem, nem pode avocar pra si a prerrogativa de ajuizar e censurar. Pois, segundo sei, essa dinâmica de igreja a quem se atribui o nome de Igreja Cristã na Tijuca, especificamente. É uma igreja Batista, e como tal, sua constituição e estrutura são geridas em conformidade com a hierarquia de poder e governança própria dos batistas.


Entretanto, se do ponto de vista de sua administração eclesiástica ela é tocada como uma igreja Batista. Sua doutrina teológica e eclesiológica  de forte apelo denominacional tem sido bastante flexibilizada. Pelo menos no quesito liturgia "EUCHARISTICA", que é o que nos interessa aqui. Bem, como já foi dito, essa percepção é bastante superficial. E pode ser que haja algum equívoco de minha parte na leitura que tento fazer da ação e trabalho conjunto desta igreja. E que a meu juízo parece ser uma abertura significativa de diálogo com as demais confissões de fé no seio do Protestantismo. Mas, não estou também aqui para dar a mão a palmatória, até porque minha intenção não é a de levantar dúvidas quanto a ética eclesiástica desta ou daquela igreja. 


Se for uma estratégia para abertura de diálogo é viável que o ponto de encontro para que este diálogo aconteça esteja na base de uma celebração litúrgica como a EUCHARISTIA?  A princípio, acho que sim. Aqueles que são Batistas estão acostumados a entender a Ceia do Senhor como um memorial. Ou seja, ao celebrarmos a ceia nossa memória nos remete ao martírio de Cristo no Calvário. Mas, é apenas e tão somente um memorial. E talvez possamos aprender e nos enriquecer com o aspecto litúrgico e teológico das outras confissões de fé evangélicas e protestante. Ainda que esteja tão somente atrelada a seu viés histórico.


E um detalhe que reforça muito essa tentativa de diálogo desde uma perspectiva litúrgica é o fato de que por assim dizer a constituição formal, doutrinal, teológica, interna de cada grupo envolvido neste diálogo e a direção de seus líderes, não interfere na orientação e composição dos respectivos rebanhos ou comunidades. Acho que posso afirmar isto quando vislumbro ver que a característica Batista no que concerne a sua autonomia congregacional e de cooperação permanecem como são.


Pois bem, se efetivamente o principal destaque que tento entender na tentativa de diálogo desta igreja com as demais confissões da fé protestante está atrelada a uma celebração litúrgica. Onde o objetivo a ser alcançado está enfatizado pelo aspecto distintivo entre umas e outras. Por outro lado, há mais pontos em comum e que nos unem do que aqueles que nos afastam. Os pontos em comum são, pela ordem, o fato histórico gerador(O martírio de Cristo, ou crucifixão); o protagonista do fato(Cristo); o testemunho apostólico do fato; e consequentemente toda a tradição que a igreja estabelece para a preservação do fato através de seus documentos, inclusive, a própria tradição canônica dos manuscritos.


Tenho produzido alguns textos e postado nesta ferramenta, onde uma das coisas que mais tenho abominado é esse caráter fragmentário em que a fé protestante se encontra. E em algumas ocasiões, ou até mesmo em conversas com amigos mais chegados, expresso minha descrença numa situação em que possamos superar esta grande mácula ou incapacidade do Protestantismo de se reagrupar e construir pontes em que alguns dos princípios mais importantes e emblemáticos da fé cristã sejam comuns a todos. E como já destaquei, vejo uma espécie de luz no fim do túnel inaugurada por esta igreja cristã da Tijuca e sua iniciativa de diálogo, tendo como ponto de partida o elemento que, para muitos, seja o ponto nevrálgico, que é a questão da liturgia. 


Uma liturgia em alguns contextos religiosos, mais especificamente quando me refiro ao ambiente cristão e católico, ou seja, à renovação litúrgica inaugurada e inspirada desde a época de promulgação do Vaticano II(Missal de Paulo VI), é o ponto mais delicado e que tem provocado alguns traumas e desavenças. Já quase levou a igreja a um cisma(Monsenhor Marcel Lefebvre). E ultimamente tem acirrado essa disputa quanto à observância de duas liturgias e, segundo a determinação papal de Francisco, a celebração do rito tridentino, ou rito antigo está limitada e apenas pode ser realizada com autorização dos respectivos bispos(Custodes Traditionis). 


Este tem sido um dos grandes problemas, quando se percebe a dificuldade de se manter dois ritos Litúrgicos. A principal dificuldade é o risco de coexistirem duas igrejas e consequentemente a quebra, muito natural, da unidade. Ainda mais e especificamente tendo como exemplo a dificuldade com relação a EUCHARISTIA. claro que no contexto geral da missa no catolicismo. Por outro lado, parece que é a solução dada para uma aproximação com os demais grupos confessionais do Protestantismo histórico. Era a abertura que se esperava para um diálogo mais próximo e fraterno. A princípio entendo e vejo esta iniciativa como salutar e promissora. Todavia, ainda é uma situação muito incipiente e que apenas o tempo nos mostrará seus aspectos positivos, ou negativos.


O exemplo do catolicismo e o apego de um catolicismo mais específico e tradicional a um rito antigo(Missal reeditado por João XXIII) foi por mim apontado como o elemento de desavença e divisão. E que desde o Motu Próprio denominado de "Summorum Pontificum'' e que, segundo o atual pontífice, tem gerado a existência de duas igrejas. Este, por outro lado, não é e nunca foi, quero entender que não, o principal elemento de divisão no seio do cristianismo protestante. O cristianismo protestante historicamente esteve muito mais atrelado a questões de natureza eclesiológicas e de governo do que propriamente a questões de natureza litúrgicas.


Entretanto, cabe a cada um de nós fazer o acompanhamento dessas iniciativas, tal como a exemplificamos e que ainda durante este mês de outubro tem sido levada a termo pela referida Igreja Cristã da Tijuca. E o nosso interesse é de que esta iniciativa possa gerar bons frutos tanto para a preservação da fé cristã, quanto para uma maior aproximação entre os referidos grupos denominacionais envolvidos neste processo através de suas respectivas lideranças. 


 









Teologia numa perspectiva pedagógica.

 O mundo Greco Romano


Objetivo Geral - Buscar exemplos, desde a abordagem de eixos temáticos específicos, e as possibilidades a serem exploradas. Nas mais variadas esferas argumentativas dentro de um mesmo tema.(Eixo Temático).


Objetivo Específico - Buscar através das várias esferas argumentativas  em um mesmo tema, a relação interdisciplinar que há entre elas.(Interdisciplinaridade).


Temas Transversais - Do ponto de vista da relação com o eixo temático teologia. E caminhando cada vez mais para uma maior delimitação da temática que envolve esta ciência. Bem como o crescente uso de outras disciplinas como filosofia, história, psicologia, literatura, etc. É possível haver também a possibilidade do emprego de temas voltados para a compreensão e para a construção da realidade social e dos direitos e responsabilidades relacionados com a vida pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação coletiva?



Bárbaros, Bacia do Mediterrâneo, Cristologia, Geografia Bíblica, Textos Canônicos, Disposição Metodológica, Palestina, Ásia Menor, Cultura e Mundo Greco-Romano, Mundo Antigo, Antiguidade Clássica, Línguas Clássicas, Ásia Menor, Expansão Cristã, Monoteísmo Filosófico, Monoteísmo Teológico, Criação, Império Grego, Império Romano, Império Romano do Ocidente e do Oriente, Império Bizantino, Intelectuais Gregos e Latinos, Historiadores Gregos, Latinos e Judeus, Escatologia.




Geografia Bíblica - Caldeia, Babilônia, Assíria, Império Macedônio, Império Persa, Império Romano, Palestina, etc.


Mundo Antigo, Bacia do Mediterrâneo, Norte da África, Ásia Menor, Chipre, Éfeso, Macedônia, Galácia, Corinto, Roma.


Textos Canônicos e Litúrgicos, Ortodoxia, Teologia e Cristologia do Logos, os Quatro Primeiros Concílios.


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Bárbaros _ Qualquer grupo étnico ou etnia que não possuísse a cidadania romana.


Bacia do Mediterrâneo _ extensão territorial que margeia o Grande Mar, Mare Nostrum, ou Mar Mediterrâneo.


Geografia Bíblica _ Toda e qualquer localidade ou territorio citado em registros de narrativas bíblicas.


Textos Canônicos _ Conjunto de manuscritos que ao longo dos tempos foram reunidos e classificados como Canônicos e religiosos e que origem a Bíblia Sagrada.


Mundo Antigo _ Configuração para efeito de classificação histórica e humanista e que denotam vestígios da passagem, transformação e evolução do homem.


Cultura e Mundo Greco Romano _ Em associação com a Bacia do Mediterrâneo, é o berço da cultura ocidental.


Os mitos Greco Romano _ Surgimento e epopeia dos deuses, bem como o surgimento das civilizações que os cultuavam.


A filosofia e o mundo dos pré socráticos _ Anaximandro, Anaxímenes, Zenão, Thales de Mileto, Parmênides, Heráclito, etc.

 

Os pensadores e poetas latinos _ Ovídio, Virgílio, Sêneca, Cícero, etc

Plenitude do tempo como iniciação ao curso de teologia - aula II

 Temática - Plenitude ou cumprimento do tempo desde uma perspectiva teológica e sistemática.


Objetivo Geral - Vocês deverão ser capazes de perceber que, para se construir um conhecimento de natureza teológica, torna-se necessário uma fundamentação teológica e metodológica.


Objetivo Específico - Vocês deverão ser capazes de identificar que a base teológica está na Bíblia e a metodológica está na sistemática.


Conteúdo - Na semana passada depois de uma simples e resumida apresentação da escritura sagrada(Bíblia) como livro texto da teologia e de qualquer teologia. E não custa nada lembrar mais uma vez que, ao falarmos de Bíblia, estamos falando daqueles textos canonicamente aceitos. Chegamos a conclusão de que a maneira como recorremos ao texto sagrado obedece a uma disposição metodológica.


A forma de nos aproximarmos do texto sagrado tem uma relação direta com a linearidade e progressividade do tempo. Desde que esteja sob a condução e soberania divina. Foi o que também aqui falamos citando todos os exemplos que dão suporte a este entendimento, relacionado-o a alguns textos bíblicos. E por uma simples razão, estamos fazendo menção de acontecimentos ou eventos relacionados à ação divina. É esta que, em ato contínuo de sua auto revelação, culminará com a vinda de Cristo.


Todos estes aspectos essencialmente dinâmicos, são produtos de uma relação entre Deus e seu povo, ocorrida no passado(Passado de Israel). E a sucessão deste Israel histórico, agora, e desde um ponto de vista histórico-teológico é ocupado pela igreja e sua pregação teológica. É a igreja que assume como responsabilidade esta investidura. Ao término do texto da aula passada, fiz o registro da expressão EX EVENTU, ou seja, são informações que já se encontram de posse do autor e que ao fazer o registro historiográfico de uma profecia, ele também sabe da sucessão e desdobramento da mesma como evento.


Situações como esta são passíveis de se detectar principalmente quando lidamos com o evento Cristo. Os evangelhos se ocupam de narrar os aspectos marcantes e dotados de significativos ensinamentos durante seu ministério ou passagem entre nós. Entretanto, a descoberta deste mesmo Cristo enquanto chave linguística foi um dos aspectos centrais para o desenvolvimento do que metodológica e cientificamente nós haveremos de chamar CRISTOLOGIA. 


Todavia, nosso ponto de vista, ainda se encontra focado no passado(Antigo Testamento). Mesmo quando o projeto da expansão cristã é tocado e impulsionado por Paulo. A abordagem ainda permanece focada no passado. Mas, afinal de contas, o que é necessário para que haja uma guinada de olhar do passado para o futuro? Será o estranhamento e rejeição por parte dos judeus. E aí, essa rejeição ocorre tanto na Palestina quanto por aqueles judeus da Diáspora (De fora da Palestina).


É evidente que neste momento tenhamos que pular algumas etapas para a apropriação dos elementos mais específicos de uma análise mais minuciosa de nossa leitura teológica. Entretanto, é perfeitamente natural este tipo de análise. Uma vez que este curso é um curso de iniciação. E o que menos importa neste momento, é o acúmulo de conteúdos sem uma razoável análise crítica e lógica. Eu disse pra vocês, e falando de uma experiência bastante pessoal que a teologia foi uma ferramenta que me ensinou a pensar.


Então, a partir deste momento e tendo o alicerce teológico fundado na visão do Antigo Testamento e o cumprimento das promessas pelo evento marcante da revelação em Cristo. Vamos pensar agora como esse Cristo e a mensagem do evangelho do Reino que ele traz consigo, passa a fazer do universo religioso e profano do mundo antigo. Este mundo antigo a que fazemos referência é o mundo greco romano que abrangia toda a bacia do Mediterrâneo.


Por bacia do mediterraneo entendemos aquelas regiões circunvizinhas ao também chamado Mar Grande. Vale lembrar que tudo que conhecemos como cultura e produção cultural que possuímos no ocidente aconteceu através das realizações de povos que cresceram e desapareceram em suas andanças migratórias por esta região. O povo mais importante e dominador desta região foi o romano. E também por isso chamamos de civilização ou cultura greco romana. 


A cultura greco romana é, por assim dizer, a combinação do pensamento crítico e abstrato helênico com a práxis utilitarista dos romanos. E para tanto esses povos se valiam de seus deuses e histórias mitológicas. O que vem a seguir e a partir da expansão desses dois impérios, pela ordem e pelo encontro com culturas multiplural, é o fenômeno que chamamos de helenismo. E, consequentemente, é o que encontramos no mundo do Novo Testamento, ao tempo de Cristo e na Palestina.


Vocês terão a oportunidade, ao observarem os mapas desse período, de constatar não apenas a concentração demográfica desses povos, bem como as ondas migratórias. O que os acompanha nestes relatos de sagas e lendas são suas culturas e valores. Assim como o que faz que as ondas migratórias aconteçam tem relação com a maior oferta de comida, portanto, a possibilidade de se trabalhar com a terra para o seu cultivo.

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O termo teologia tem origem no latim theologĭa. Esta palavra, por sua vez, provém do conceito grego formado por theos (“Deus”) e logos (“estudo”). A teologia é, desta forma, a ciência que estuda Deus, os seus atributos, suas perfeições e a sua relação com a criação. Trata-se de um conjunto de técnicas filosóficas que procuram alcançar conhecimentos particulares sobre as entidades divinas.

O termo foi adoptado por Platão em “A República” (Politeia, no original). O filósofo grego usava-o para se referir à compreensão da natureza divina através da razão, em oposição à compreensão literária. Posteriormente, Aristóteles viria a usar o conceito com duas acepções: a teologia enquanto ramo fundamental da filosofia e a teologia enquanto denominação do pensamento mitológico imediatamente anterior à filosofia.



A Plenitude do tempo como iniciação ao curso de teologia - Aula I

 Plenitude do tempo desde uma perspectiva bíblica e ortodoxa.


Objetivo Geral - Vocês deverão ser capazes de distinguir e identificar uma ou mais narrativas bíblicas. Conduzidas com o propósito de demarcar tanto a progressividade da ação divina quanto o cumprimento de sua vontade


Objetivo Específico - Vocês deverão identificar, a partir dessas narrativas, as palavras-chave, ou eixo narrativo que esboce este objetivo.


Conteúdo a ser explorado - Há uma narrativa bíblica que atravessa o curso da história. Porém, até Cristo ela segue sua trajetória sob a égide, perspectiva e visão histórica atrelada a saga de um povo historicamente identificado com o nome de Israel.


Não se deve omitir que, muito embora este curso esteja voltado para a educação teológica. É ponto crucial que o livro-texto básico para o estudo da teologia é a Bíblia Sagrada canonicamente estabelecida pela Ortodoxia que historicamente se formou no desenvolvimento da fé cristã. Assim como, as muitas hermenêuticas que da Bíblia têm se originado ao longo dos séculos.


Como o eixo central da aula de hoje e a da próxima semana tem como temática o cumprimento do tempo, nada melhor para nos orientarmos do que, tomarmos como exemplo, uma narrativa bíblica tão eivada de significado como a que se encontra na Epístola de Paulo aos Gálatas no capítulo 4. 


O nome ou título  atribuído a Jesus como o Cristo, é o eixo central e chave linguística nessa investida de Paulo, em especial, rumo ao passado bíblico e histórico de Israel. E por uma razão muito simples. A história da revelação começa em Israel e pela eleição desse povo como povo de Deus. 


Desde que a promessa é feita a Abraão surgem alguns contratempos como o que Paulo relata no capítulo 4 de Gálatas. Fica claro neste acontecimento a intenção do apóstolo em falar sobre esta eleição pelo fato de que a serva foi despedida para que o herdeiro e filho da casa conservasse consigo a herança da bênção, ou eleição.


Por outro lado, essa história agora contada ou reinterpretada pelo apóstolo. Mostra que, no caso dos crentes da galácia, e agora em Cristo, eles têm a oportunidade de uma escolha entre ser filho da serva ou filho da promessa. Estar nesta privilegiada posição de poder escolher entre um e outro caminho, só é facultado por meio da intervenção divina. A isto damos o nome de graça.


O cumprimento do tempo pode e deve ser entendido como cumprimento de uma promessa divina. Bem, era uma promessa ao povo de Deus. O povo de Deus aqui é identificado pela Bíblia tanto com o Israel do passado quanto com o de agora. Logo, é o Israel identificado historicamente de ontem e de hoje. 


Quando Paulo faz menção da querela entre Agar e Sara(Que representa a promessa), temos a exemplificação de uma única história que se bifurca e corre em retas paralelas. Entretanto, e contrariando o princípio da matemática, elas tendem a se encontrar em algum ponto. Este ponto é a revelação da Graça manifesta em Cristo.


O cumprimento do tempo, enquanto chave linguística para o desenvolvimento deste tema, leva em consideração as questões relativas ao tempo. A forma como esse tempo é contado e a forma como algumas narrativas bíblicas concorrem simultaneamente ao relato bíblico. Entretanto, até aqui a leitura foi feita desde uma abordagem EX EVENTU.

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De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra;(Efésios 1:10)

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A igreja tem seu próprio tempo e Deus não faz nada antes de seu tempo, senão que, prevendo o resultado desde o princípio, espera até que tudo esteja maduro para a execução de seu propósito (BROWN, Jamieson Fausset. Comentário Exegetico Y Explicativo de La Biblia. p. 454)

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Anacronismos ideológicos, ou ideologia anacrônica?

Recentemente eu estava passando por alguns vídeos sobre Teologia na plataforma YouTube, e me deparei com a palestra de um pastor que, sem sombra de dúvidas, me deixou bastante preocupado. Não com o que ele falava, muito embora ele não seja dos meus preferidos quando se trata de teologia. Mas, por causa de sua desonestidade, pra não falar de mal caratismo mesmo.


O vídeo tem pouco mais de uma hora de duração. Entretanto, logo em seu início, naquelas palavras introdutórias ainda. Este pastor começa a falar sobre algumas das reformas ocorridas na Europa e que foram desencadeadas pelo principal movimento reformador ocorrido na Alemanha. E por ter como seu grande mentor e protagonista o monge agostiniano Martinho Lutero, leva o nome de Reforma Luterana.


E como disse, foram nas palavras introdutórias deste pastor que percebi o quanto ele estava sendo desonesto na condução daquela palestra. Por volta do segundo minuto de suas palavras iniciais, ele descreve em cada lugar, e em conformidade com os contextos sociais e políticos dos mesmos, as especificidades de cada reforma. É quando ele cita a Reforma dos radicais Anabatistas, que resultou no massacre de camponeses alemães, que cresceu em mim um sentimento de indignação. 


A desonestidade começa pela tentativa de ofuscar, omitir, desconsiderar, ou qualquer outra tentativa de tornar a figura menos importante e icônica de um sujeito chamado Tomás Müntzer. Assim, ao invés de fazer referência ao nome de Müntzer como vinha fazendo anteriormente com os demais ícones e protagonistas de cada segmento reformador, na Europa do século XVI. Ele tão somente cita o movimento chamando de Radicais Anabatistas com fortes tendências apocalípticas.


E ao citar apenas este movimento dos radicais Anabatistas, ele os qualifica como radicais pelo fato de tentarem impor um tipo de República comunista ou socialista. Ora, estes eventos acontecem na Europa, em pleno século XVI. Se não me engano a figura obscura e não citada por este pastor, e que a historiografia o identifica como Tomás Müntzer, foi decapitado na cidade de Münster, em 1525. E você e qualquer outro mortal, apenas ouvirá ou terá lido alguma coisa acerca das ideias de Marx, a partir do século XIX(Marx 05/05/1818-14/03/1883).


E como o anonimato de Tomás Müntzer foi deliberado na palestra desse pastor. Me reservo também o direito de não citar seu nome deliberadamente. Até porque, o fato de se omitir em sua perspectiva histórica essa figura ímpar do século XVI. E mesmo quando descreve o movimento em que Müntzer era líder, o faz de forma pejorativa. Já mostra a sua opção política e ideológica. Nada contra essas opções e tudo contra a sua desonestidade e mal caratismo. 


Entretanto, a própria historiografia possui fartos registros desses eventos que tiveram seu lugar na Alemanha do século XVI. E o objetivo desses camponeses alemães, após séculos de exploração era de que a reforma até então religiosa, também chegasse ao campo como reforma agrária e antifeudal. O que era fundamentalmente contra os interesses da nobreza, mais precisamente dos príncipes alemães.  Com quem Lutero tinha acordos. 


Ao se tentar, não apagar a memória deste ou daquele com quem não possuímos qualquer tipo de identificação religiosa, política ou ideológica. Mesmo porque não seria possível, dada as razões de registros historiográficos já referenciados. Porém, isso não isenta este pastor em suas intencionalidades, ao tentar ofuscar a figura do outro. Percebe-se com muito mais clareza, a nível de sentimento, o tipo de impiedade humana a que podemos nos submeter. E muitas das vezes na busca por objetivos mesquinhos que não valem a pena e não se justificam. 


Minha intenção ao não citar o nome do referido pastor. Não tem por objetivo omitir a sua pessoa. Ele já é por demais conhecido nas redes sociais. Por outro lado, se ele foi capaz de identificar um movimento camponês alemão do século XVI, com as ideias de um determinado personagem que apenas apareceria no século XIX, que foi Marx. Quem sabe eu também não possa, enquanto pastor, me sentir no direito, e com liberdade para utilizar as palavras do Apóstolo Paulo em I Timóteo 6:8. E a partir desta citação bíblica fazer uma também contundente condenação dessa onda capitalista, neoliberal e consumista.



É hora de nos recolhermos ao silêncio.

 Texto - I Coríntios 11:23-26


Tema - É hora de nos recolhermos ao silêncio.


ICT - Reviver ou relembrar um momento de angústia e dor nos remete naturalmente a uma condição emocional de silêncio e, posteriormente, somos conduzidos a um, ou uns momentos de reflexão.


Objetivo Geral - Levar a congregação ao entendimento de que a memória da morte é um momento ímpar de silêncio obsequioso.


Objetivo Específico - Levar a congregação ao entendimento de que houve alguém que morreu literalmente e de forma injusta.


Tese - Não há o que falar, o silêncio é imperativo.



Introdução


     De uma forma mais abrangente, silêncio é a ausência total ou relativa de sons audíveis. Também se refere a qualquer ausência de comunicação. Mas, em nosso caso, eu prefiro ficar com aquela definição que, do ponto de vista da análise do discurso, são as breves ausências de fala que marcam as fronteiras das unidades prosódicas utilizadas pelos falantes. E é o que eu estou fazendo aqui. Muito embora nessa reflexão eu esteja enfaticamente objetivando pensar nessa nossa condição humana e porque chegamos nela.


     Já que fora feita esta referência à análise do discurso. É importante sabermos com quem estamos dialogando. E a proposição de diálogo, em nosso caso, deve ser essencialmente interna. Ou como diria um grande teólogo que viveu entre o final do século XIX e início da segunda metade do século XX, cujo nome era Karl Barth: "Intra Muros Eclesiae." Isto significa que o nosso silêncio é apenas para o mundo "Extra Muros Eclesiae."


Notem também que a forma como estou abordando este assunto, coloca em relevância a própria situação da igreja e como ela deve se comportar diante da situação em que vive. O evento a que nos reportamos e que o texto lido nos introduz é um momento de contrição. E não deve ser considerado apenas como um memorial. Se fosse apenas um memorial, seria facilmente dispensável a ação litúrgica de que nos ocupamos. 


Há vários outros momentos em que partimos o pão sem que o mesmo nos remeta a lembrança deste ato litúrgico e a lembrança do que ele efetivamente significa para a igreja de Cristo. A injunção ao seu significado primeiro, que me reservo o direito de chamar de ressignificação, tem uma relação direta e histórica com a páscoa judaica. Entretanto, não é nosso objetivo nos prendermos a elementos históricos e sim a partir desses mesmos elementos pensarmos na condição que nos encontramos, na qual faço um apelo no sentido de que por alguns momentos estejamos recolhidos a um silêncio que cheguei chamá-lo de obsequioso.




I - É hora de nos concentrarmos na forma da imagem fônica. (V.23)



Todos nós trazemos conosco alguns traços de personalidade os quais se tornam visíveis à medida que nos tornamos comunicativos. Ou seja, quando nos dispomos a estabelecer relações sociais uns com os outros, mais nos tornamos pessoas comunicativas e comunicáveis. Eu vou me atrever a colocar como exemplo a minha pessoa. Quando estabeleço uma relação mais próxima com as pessoas, mais as pessoas notarão que sou o tipo de pessoa que gosta de falar muito. 


Minha esposa costuma dizer que eu falo demais. Às vezes, ela me chamava a atenção, quando estávamos lá em Minas. Algum irmão ou irmã vinha até nós para conversar algum assunto. E eu tinha que me policiar para deixar a pessoa falar. Ou seja, eu tinha que ouvir. Eu me lembro que, quando ainda residíamos no Rio de Janeiro, e antes de nos transferirmos para Minas Gerais. Certa vez uma irmã, muito conhecida de nossa família, esteve lá em casa. Era uma segunda-feira, e acho que no dia seguinte seria feriado. Todavia, mesmo sendo feriado no dia seguinte, nós ficamos conversando e meus dois filhos, ainda adolescentes, assistiam Tela Quente. Terminou o filme e eles foram dormir. Quando nós vimos a hora, já passava das 02:00 da manhã. Aí nós continuamos a conversa até às 06:00 da manhã. Quando tomamos café, ela foi para a sua casa.


Vocês agora, viajaram nesse relato, não é? O relato foi capaz de fazer com que vocês articulassem algum tipo de imagem? Imagine o que esses crentes de Corinto estão pensando ao ouvirem a leitura desta missiva? Vocês sabem que as cartas eram lidas para a congregação, já que ela fora endereçada àqueles crentes. O que será que passa por suas cabeças então? Eles estão ouvindo esse relato acerca do que Paulo recebeu enquanto revelação e o que ele a partir deste relato transmite à igreja de Corinto. E que segundo o apóstolo é passado com extrema fidelidade.


Entretanto, do ponto de vista de nossa relação com o mundo. Ou aquilo que está fora dos muros da igreja não há o que comentar aqui neste momento. E do ponto de vista daquilo que se encontra dentro dos muros da igreja, há um silêncio velado. Ele por si já mostra, ao nos defrontarmos com o relato das circunstâncias, bem como da morte propriamente dita de Cristo. Que apesar de todas as injunções que possam ser feitas acerca deste evento, ele ainda nos deixa desconfortáveis ao não sabermos como melhor fazermos uso da palavra e o sentido que advém delas.



II - A silenciosa transição entre o concreto e o metafórico.(V.24-25)


O relato em si exibe o ato de pegar o pão, proferir bênçãos e graças sobre aquele elemento e o partir para ser distribuído entre todos. E é justamente a partir do momento que se distribui que essa transição de um elemento concreto pão para o elemento metafórico chamado corpo ocorre. E a ideia é de que este corpo é despedaçado. As coisas acontecem, elas não são relembradas pelo relato. A manutenção desse elemento rítmico entre a pausa e o silêncio traz consigo o lado temporal que no presente é o pão que se parte e como ato contínuo, melhor dizendo, de maneira concomitante, é o corpo que se despedaça.


O elemento de transição tem traços de temporalidade, porém inexiste um espaço temporal: "Isto é o meu corpo que é dado por vós." O mandamento de se fazer para a celebração de sua memória, dá conta de um ato devidamente consumado. Todavia, tudo acontece da melhor maneira possível e de forma silenciosa. E é justamente dessa maneira que tudo acontece. Falar de metáforas ou figuras de linguagens é apenas uma redundância. O que não se pode perder de vista é a correlação de uma ato liturgicamente inserido na vida da igreja e sua correlação com o martírio de uma vida inocente injustamente condenada.


O pão tem que ser despedaçado, mas é com o cálice que se faz a aliança. Talvez possa ser esta a razão do caráter enfático do escritor aos Hebreus ao pronunciar que sem derramamento de sangue não existe remissão de pecados((Hebreus 9:22). Entretanto, o mesmo ritmo melódico e enfático com que se faz a descrição do pão que tem que ser partido ou quebrado. Acontece no momento em que o relato do apóstolo aponta para a forma com que também se toma do cálice de vinho para dele fazer o uso metafórico do vinho que agora se torna sangue e serve para sacramentar uma nova aliança com Deus pelo derramamento do sangue de um justo.



III - É o ato silencioso ato de comer e beber que cria a expectativa.(V.26)


A concretização silenciosa do corpo metafórico tem seu ápice com a participação da congregação no ato de comer e de beber. A ceia então, passa a ter essa dimensão congregacional. Não apenas isto, ela é a síntese da expectativa pela volta do Cristo. Na realidade ele tinha que ter morrido da forma mais acintosa e ultrajante, para poder então merecer ter uma volta. 


A congregação então, se permite em participar deste evento enquanto elemento de rememoração de um acontecimento que a eles se dá no tempo e no espaço. Mas, agora de fato, já que ela se encontra reunida quando do momento de leitura e reflexão do relato sobre o qual versa a Epístola neste capítulo 11. Ao que parece o texto soa como um responso congregacional.


Neste responso congregacional o que a congregação deve fazer quanto ao se encontrar diante de tal celebração, é manifestar seu desejo de ver de volta ao Senhor Jesus. Para o apóstolo eles deverão cultivar em suas consciências que sempre que participarem desta celebração estarão fazendo a proclamação da morte do Senhor até que venha.


Nenhuma outra expectativa deve ser criada a não ser esta de que enquanto ato contínuo aguardamos a volta do Senhor. E neste caso, e por causa da celebração da ceia, é a expectativa da ressurreição. É, portanto, a ressurreição elemento escatológico que culminará com a realização do plano salvífico de Deus para os homens.



Conclusão


Durante toda esta celebração estivemos recolhidos numa forma de silêncio obsequioso. Afinal de contas, numa celebração "Eucharistica" os atos ou palavras visíveis, daí a dimensão desta celebração como sacramento, falam mais do que o que se pode perceber pela audição.


E o verso 26 ao fazer do comer e do beber, alude e alinha este momento como o momento celebre entre a morte e sacrifício da vítima e a expectativa que se cria a partir pelo seu retorno. Logo, existe anunciação neste momento, mas não dá forma audível. O que se tornará audível para todos e para o mundo é o anúncio da ressurreição.


Logo, durante o desenvolvimento desta reflexão estava acontecendo o que podemos chamar de silêncio ensurdecedor. Era a própria sendo forjada por Deus, e partir deste momento mediada pelo filho em sua morte. Mas, que como um de ebulição, ela eclode na ressurreição do filho.


Vejo neste texto e a forma com que aborda uma celebração congregacional, não necessariamente a genialidade do apóstolo. E se tem alguma virtude em sua narrativa, é pelo dele se comprometer a narrar tal fato com extrema fidelidade. Mas, como disse, vejo neste texto a genialidade do plano salvífico divino. E de como o nosso Deus faz pulsar a vida de forma tão pujante. No nosso caso, enquanto permanecemos em silêncio, a vida pulsa para eclodir na ressurreição e na nova vida que alcançamos em Cristo Jesus. Que Deus para tanto nos abençoe. Amém, Amém e Amém!!!



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Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;

E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.

Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.


1 Coríntios 11:23-26

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23 Ἐγὼ γὰρ παρέλαβον ἀπὸ τοῦ Κυρίου ὃ καὶ παρέδωκα ὑμῖν ὅτι ὁ Κύριος Ἰησοῦς ἐν τῇ νυκτὶ ᾗ παρεδίδετο ἔλαβεν ἄρτον 24 καὶ εὐχαριστήσας ἔκλασεν καὶ εἶπεν Τοῦτό μού ἐστιν τὸ σῶμα τὸ ὑπὲρ ὑμῶν τοῦτο ποιεῖτε εἰς τὴν ἐμὴν ἀνάμνησιν 25 ὡσαύτως καὶ τὸ ποτήριον μετὰ τὸ δειπνῆσαι λέγων Τοῦτο τὸ ποτήριον ἡ καινὴ διαθήκη ἐστὶν ἐν τῷ ἐμῷ αἵματι τοῦτο ποιεῖτε ὁσάκις ἐὰν πίνητε εἰς τὴν ἐμὴν ἀνάμνησιν 26 ὁσάκις γὰρ ἐὰν ἐσθίητε τὸν ἄρτον τοῦτον καὶ τὸ ποτήριον πίνητε τὸν θάνατον τοῦ Κυρίου καταγγέλλετε ἄχρι οὗ ἔλθῃ

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Desonestidade Intelectual

Recentemente eu estava passando por alguns vídeos sobre Teologia na plataforma YouTube, e me deparei com a palestra de um pastor que, sem sombra de dúvidas, me deixou bastante preocupado. Não com o que ele falava, muito embora ele não seja dos meus preferidos quando se trata de teologia. Mas, por causa de sua desonestidade, pra não falar de mal caratismo mesmo.


O vídeo tem pouco mais de uma hora de duração. Entretanto, logo em seu início, naquelas palavras introdutórias ainda. Este pastor começa a falar sobre algumas das reformas ocorridas na Europa e que foram desencadeadas pelo principal movimento reformador ocorrido na Alemanha. E por ter como seu grande mentor e protagonista o monge agostiniano Martinho Lutero, leva o nome de Reforma Luterana.


E como disse, foram nas palavras introdutórias deste pastor que percebi o quanto ele estava sendo desonesto na condução daquela palestra. Por volta do segundo minuto de suas palavras iniciais, ele descreve em cada lugar, e em conformidade com os contextos sociais e políticos dos mesmos, as especificidades de cada reforma. É quando ele cita a Reforma dos radicais Anabatistas, que resultou no massacre de camponeses alemães, que cresceu em mim um sentimento de indignação. 


A desonestidade começa pela tentativa de ofuscar, omitir, desconsiderar, ou qualquer outra tentativa de tornar a figura menos importante e icônica de um sujeito chamado Tomás Müntzer. Assim, ao invés de fazer referência ao nome de Müntzer como vinha fazendo anteriormente com os demais ícones e protagonistas de cada segmento reformador, na Europa do século XVI. Ele tão somente cita o movimento chamando de Radicais Anabatistas com fortes tendências apocalípticas.


E ao citar apenas este movimento dos radicais Anabatistas, ele os qualifica como radicais pelo fato de tentarem impor um tipo de República comunista ou socialista. Ora, estes eventos acontecem na Europa, em pleno século XVI. Se não me engano a figura obscura e não citada por este pastor, e que a historiografia o identifica como Tomás Müntzer, foi decapitado na cidade de Münster, em 1525. E você e qualquer outro mortal, apenas ouvirá ou terá lido alguma coisa acerca das ideias de Marx, a partir do século XIX(Marx 05/05/1818-14/03/1883).


E como o anonimato de Tomás Müntzer foi deliberado na palestra desse pastor. Me reservo também o direito de não citar seu nome deliberadamente. Até porque, o fato de se omitir em sua perspectiva histórica essa figura ímpar do século XVI. E mesmo quando descreve o movimento em que Müntzer era líder, o faz de forma pejorativa. Já mostra a sua opção política e ideológica. Nada contra essas opções e tudo contra a sua desonestidade e mal caratismo. 


Entretanto, a própria historiografia possui fartos registros desses eventos que tiveram seu lugar na Alemanha do século XVI. E o objetivo desses camponeses alemães, após séculos de exploração era de que a reforma até então religiosa, também chegasse ao campo como reforma agrária e antifeudal. O que era fundamentalmente contra os interesses da nobreza, mais precisamente dos príncipes alemães.  Com quem Lutero tinha acordos. 


Ao se tentar, não apagar a memória deste ou daquele com quem não possuímos qualquer tipo de identificação religiosa, política ou ideológica. Mesmo porque não seria possível, dada as razões de registros historiográficos já referenciados. Porém, isso não isenta este pastor em suas intencionalidades, ao tentar ofuscar a figura do outro. Percebe-se com muito mais clareza, a nível de sentimento, o tipo de impiedade humana a que podemos nos submeter. E muitas das vezes na busca por objetivos mesquinhos que não valem a pena e não se justificam. 


Minha intenção ao não citar o nome do referido pastor. Não tem por objetivo omitir a sua pessoa. Ele já é por demais conhecido nas redes sociais. Por outro lado, se ele foi capaz de identificar um movimento camponês alemão do século XVI, com as ideias de um determinado personagem que apenas apareceria no século XIX, que foi Marx. Quem sabe eu também não possa, enquanto pastor, me sentir no direito, e com liberdade para utilizar as palavras do Apóstolo Paulo em I Timóteo 6:8. E a partir desta citação bíblica fazer uma também contundente condenação dessa onda capitalista, neoliberal e consumista.


 POSSO TE DAR UM ABRAÇO?


     

Todo ser humano, todo cidadão de bem e até aqueles que, por uma outra razão, não são considerados cidadãos de bem, isso pouco importa, já se deparou, ou pode ainda se deparar, com uma situação dessa. Quando alguém, próximo ou não de nós, se aproxima e nos interpela com uma pergunta dessa natureza. No meu caso, há duas situações que me vem à memória. E são duas gratas memórias. São duas senhoras, mães e avós. Pessoas simples e que traziam, e trazem consigo, o doce fardo da idade avançada. 


Um pedido assim, e vindo de quem vem, chega com força, competência e autoridade, não apenas de me perguntar se podiam me dar um abraço, porém, não me davam a opção de responder outra coisa senão que sim. Receber um carinho, um afago de quem você conhece e convive há anos, quando se trata de um pai, uma mãe, tios, tias é uma coisa. Outra coisa é você receber este mesmo afago vindo de quem você menos espera. Simplesmente não tem preço.


Outra feliz coincidência, não grata surpresa, é o fato de uma se chamar Maria e a outra, eu presumo que seja também Maria, pois todos a conhecem e a chamam por Lourdes. Imagino, deduzo que seja Maria de Lourdes. A rigor o único elo de ligação entre as duas que estão distantes uma das outras por cerca de mil quilômetros, seja única e tão somente a minha pessoa e o gesto simbólico e significativo que fizeram por mim e em dois momentos de minha vida.


Mesmo que não tivesse a consciência que tenho agora desses fatos que passo a relatar. O que elas fizeram por mim foi providencial e divino. Elas me ensinaram e ensinam que quando possuímos o sentimento mais profundo de acolhermos uns aos outros enquanto pessoas, Deus faz dessas mesmas pessoas instrumentos de sua misericórdia. E foi no que elas se tornaram para mim em dois momentos cruciais de minha vida.


Quero como primeira referência e pela ordem dos acontecimentos fazer referência a Dona Maria. Uma senhora que conheci nos idos tempos em que estive servindo como pastor na primeira igreja Batista em Águas Formosas. Uma cidadezinha localizada no nordeste do estado de Minas Gerais, a caminho da Bahia, em pleno Vale do Mucuri e que tinha por volta de 20 mil habitantes. 


Era de praxe sempre dar uma passadinha na farmácia onde trabalhava o Silvano. Silvano é uma capítulo a parte e que espero em algum momento falar algo sobre ele. Foi o primeiro amigo, dentre tantos outros, que fiz nesta cidade mineira, acolhedora, com jeito e sotaque de baiano. O baianês é por causa da forma como eles expressam carinhosamente ao falarem de pai e mãe, mainha e painho respectivamente. 


Todavia, a dona Maria em questão é uma senhorinha de pequena estatura. Era uma pessoa com quem muito raramente me encontrava na farmácia do Silvano. Mas, todas as vezes que a encontrava, o que sempre sobrava em seus gestos e forma de falar, era uma gentileza fora do comum. Ela já me impressionava pela forma carinhosa com que tratava o Silvano. Assim como podia também ver a maneira respeitosa e de reverência com que o Silvano a tratava.


Pois bem, num belo dia, lá estava eu sentado no banco da farmácia do Silvano. Era de praxe como bom carioca que sou jogar um pouco de conversa fora. A dona Maria entrou e conversou um pouco com o Silvano, não me lembro se veio para comprar algum medicamento. Já que ninguém vai a uma farmácia ficar apenas jogando conversa fora. Acho que o único que fazia isso era eu mesmo.


Ela então parou diante de mim e com aquele olhar meigo que uma mãe direciona a um filho, olhou bem dentro dos meus olhos e disse: O senhor sabe que eu sou católica? Eu disse que achava que sim e apontei para uma medalha de (Nossa Senhora)* que ela trazia ao pescoço. Ela então disse para mim apontando na direção do Silvano, que o conhecia desde criança e que o tinha como um Filho. Então, veio a grande pergunta, eu posso te dar um abraço? 


Foi a surpresa mais agradável naquele dia. Falar da dona Maria, da sua candura e meiguice é algo incontestável. Mas, isto não significa que seja alguém saia distribuindo abraços em todos. Por isso, eis a razão de falar de uma surpresa agradável. Assentado mesmo, do jeito que eu estava eu disse que sim. E por ela ser de pequena estatura, não precisei me levantar. Mas, o afago e o carinho que aquela mulher, mesmo não me conhecendo muito bem, dispensou sobre mim proporcionam efeitos benéficos até hoje.


Esse abraço de dona Maria lá em Águas Formosas, aconteceu quando minha mãe ainda estava bem e com boa saúde. Porém, por causa da distância entre Rio de Janeiro e Águas Formosas, supriu a altura o carinho de uma mãe distante que apenas se comunicava com o filho pela internet ou por telefone. Se você nunca se sentiu literalmente abraçado por ninguém, saiba que não há experiência mais acolhedora do que um abraço de mãe.


Com esse abraço que recebi de dona Maria, e enquanto ele acontecia, um filme passava em minha vida, onde o roteiro desse filme imaginário fazia com que eu mergulhasse nas memórias afetivas que trazemos conosco a partir da relação mãe-filho. Naquele exato momento, a lembrança da mãe que estava longe e a certeza de que onde quer que você esteja, Deus está sempre providenciando pessoas de boa índole, bom coração e extremamente carinhosas no trato com as pessoas. Não era um filme de imaginário ou ficção, era pura realidade.


A outra experiência marcante e não menos acolhedora do que aquela experiência de abraço de dona Maria lá de Águas formosas. Aconteceu quando já estava de volta ao Rio de Janeiro, minha cidade natal, no ano de 2016. Mais precisamente no dia 01/05/2016. Que, apesar de ser um Domingo, era também o famoso e tradicional primeiro de maio, dia internacional trabalho. 


Um colega de ministério já falecido me convidou para trazer uma palavra em sua igreja por ocasião da abertura do mês da família. E lá estava eu feliz da vida pela oportunidade que esse colega havia me proporcionado de falar em sua igreja naquela ocasião. As coisas transcorreram dentro da normalidade. Foi um culto bastante edificador e enriquecedor. O trabalho caminhou para o término dentro da mais perfeita paz.


Pois bem, ao término de qualquer culto nas igrejas, é comum o pastor e quando há um convidado de fora se dirigirem até a porta de acesso ao salão para os cumprimentos finais daquele dia. Desejar uma boa noite e uma boa semana a todos que acorrem em sua direção. Foi quando me aparece a figura da Lourdes juntamente com o seu esposo e começa a conversar com o seu pastor e comigo. 


Como disse, são conversas bastante triviais sobre a vida e a família. Mas, a dona Lourdes, no nosso jargão e forma de tratamento, a irmã Lourdes, também me olha nos olhos e me pergunta se poderia me dar um abraço? Eu prontamente respondi que sim. Em tempos tão difíceis como os que vivemos. Onde as pessoas se digladiam umas com as outras. Alguém se apresenta a você perguntando se pode te dar uma abraço. Eu posso me surpreender com tal atitude, porém é uma surpresa para lá de agradável.


Eu não sei se o que acontece comigo acontece com todos. Mas, no meu caso, quando alguém dispensa tanto carinho em relação a minha pessoa, eu fico sem saber o que falar. Porém, é um silêncio tão sublime, que se eu falar alguma coisa acaba estragando de vez aquele momento. Conversamos um pouco mais, ela, o esposo e o pastor dela. Dali pra frente, cumprimentei alguns outros irmãos que chegavam a porta até que me despedi naquela noite do meu nobre colega pastor e voltei ao aconchego de minha casa naquele dia de domingo.


Depois, e sempre tem um depois, a semana começa e com ela a correria do dia a dia. Porém, na quarta feira daquela semana, no dia 04/05/2016. Minha irmã me liga da clínica dizendo que minha mãe tinha sofrido um AVC leve, e estava com ela nesta clínica para fazer alguns exames. Dali ela foi levada para a UTI da clínica e ficou cerca de dez ou doze dias hospitalizada, até que recebeu alta médica e voltou para casa. A partir daí e com alguns cuidados, ela estava paulatinamente se recuperando. 


Curiosamente, no mês de Junho, eu tinha firmado um compromisso com os irmãos da primeira igreja Batista de Águas Formosas. Eu estaria lá para rever os irmãos e participar da posse do novo pastor da igreja. A princípio estava receoso de ir a Minas devido aos recentes problemas de saúde de minha mãe. Entretanto, ela se recuperava bem, e minha irmã me garantiu que eu poderia ir tranquilo a Minas e assim fiz. Pude rever os irmãos da igreja assim como os amigos que por lá deixei. Mas, não vi a dona Maria.


Sai do Rio numa quinta feira, cheguei em Águas Formosas na sexta, mas, na segunda-feira, já estava retornando ao Rio de Janeiro. Cheguei na terça. E na terça feira mesmo avisei minha irmã que já havia retornado. Todavia, no sábado pela manhã, recebi novamente uma ligação de minha irmã me dando conta de que minha tinha sofrido um segundo AVC e que agora, ela não estava mais conseguindo falar. 


Fui novamente para clínica e lá permaneci até o momento  que ela deu entrada na UTI. Desde a sua entrada na clínica nesta segunda vez, no início do mês de Junho, ate o fatídico dia 17/08/2016, o quadro clínico dela avançava sempre para o agravamento de suas condições, ainda que em algumas situações apresentasse alguns traços de melhoras.


Em alguns desses momentos que vi minha mãe apresentando aquele quadro desolador de suas condições. Me veio à lembrança, agora, pela ordem inversa, aquele abraço que a Lourdes me dera em sua Igreja. E era sempre esta lembrança que me dava conforto e consolo. Foi então que comecei a entender. Primeiro, percebi que Deus estava levando minha mãe e muito antes de eu perceber que Ele a levaria,  Ele tinha providenciado pessoas especiais em minha vida para me confortar e consolar.


Com a dona Maria, lá atrás e em Águas Formosas, eu experimentei o carinho e afeto de uma mãe, mesmo não sendo a minha mãe LIOLA, que supria pela distância a ausência de alguém tão importante em minha vida. Com a Lourdes, a irmã Lourdes, o mesmo sentimento de carinho e afeto. Porém, com o gosto misturado e um tanto quanto amargo de despedida, de conforto e consolo espiritual. E que pude perceber que era a maneira como Deus me preparou para este momento de luto que haveria de passar.


Tenho certeza que este relato não entrará nos registros de história. Nem é está minha intenção. O que este relato haverá de ensinar a quem tomar contato dele, disso não sei. Eles são o fruto de minhas experiências pessoais e que dão conta de que Deus está sempre cuidando de mim. Ao colocar essas duas senhoras no meu caminho e em minha vida, fizeram de mim uma pessoa cada vez melhor. 


Foi um remédio aplicado antes do tempo, mas que mostrou sua eficácia no momento mais crucial e importante de minha vida. Quando parecia que tudo estava por desmoronar, como num castelo de cartas. O afago e o carinho dessas senhoras me mostraram que a vida seguia forte e firme em seu curso. Agradeço a Deus por essas duas pessoas, a dona Maria e a irmã Lourdes, e por tudo que elas fizeram por mim. Simplesmente por serem acolhedoras, para mim é o principal dom de Deus. 


Tentei de alguma maneira saber notícias da irmã Lourdes, mas ainda não consegui. Não sei se ainda está bem e conosco, ou se o Pai já a recolheu em seus bracos. Mas, de uma coisa tenho absoluta certeza, ela e aquele abraço tão especial e importantes não desaparecem jamais de minha memória afetiva. O mesmo posso dizer de dona Maria lá de Águas Formosas. Sentir-me abraçado por estas mulheres e da forma como aconteceu foi absolutamente sublime. Quanto a dona Maria, em conversa com o Silvano, fiquei sabendo que Deus a levo para o seu aconchego. Porém, se um dia eu tiver a oportunidade de encontrar um de seus filhos, terei o imenso prazer de relatar essa experiência de acolhimento que a mãe deles me proporcionou. Descanse em paz e nos braços do Pai, dona Maria.🙏🙏🙏

Compilações/Coletâneas

 Se tem alguém que gosta. Que realmente é um apaixonado por teologia. Essa pessoa sou eu. Gosto de ler os teólogos, assim como me sinto tentado, sem falsa modéstia, a desconstruir os argumentos de alguns deles, para primeiro poder entender, depois criticar mesmo. Mas, tem uma coisa que não dá pra deixar de lado, ou como na gíria mais popular se pode dizer, jogar para escanteio. E estou falando daquilo que é mais importante nas igrejas que são as pessoas, o povo que ali se reúne, a congregação por assim dizer.

A igreja, na pessoa daqueles que a ela acorrem, ou congregam é a fonte, a substância, a razão pela qual o que chamamos de teólogo sobrevive. Por teólogo, quero que entendam que me refiro especialmente aqueles que militam neste e a partir deste espaço sagrado comumente conhecido como igreja. Eles não são meros produtores de conteúdos acadêmicos. Eles são a síntese de um conjunto de experiências de fé projetadas pelo passado crítico e ajuizador representado e projetado na congregação de hoje. E esta congregação agora peregrina ad infinitum.

Certa vez, mais especificamente no final dos anos 70, em plena efervescência das teologias Progressistas latino americanas, alguém cunhou a importância da ida das pessoas às igrejas, e a este caminhar no sentido de peregrinar com a igreja, mas de uma maneira que, para muitos soava de forma ideologizada, ao chamar a congregação, ao povo que liturgicamente fazia do seu caminho a igreja uma caminhada de peregrinação e de consequente superação da alienação. 


Este povo e no contexto desse ambiente latino americano foi cunhado com uma atribuição mais específica e socialmente aceita, ele foi chamado de pobre. Este pobre nesta nova retórica e hermenêutica progressista cristã e latino americana assumiu tamanho protagonismo e importância que alguém afirmou categoricamente que: "A igreja sem os pobres era um lugar abandonado por Deus e por Jesus(Passim)."


Mesmo com todo esse tipo de ferramenta ideológica e social que nos facilita e oportuniza a possibilidade de uma leitura das reais condições sociais das pessoas que vivem em sociedade, ou alijadas dela. É praticamente impossível fazer qualquer tipo de comparação entre o que entendemos por pobres e pobreza em ajuntamentos sociais como os que ocorriam no mundo antigo com a atual situação daqueles que agora nestes tempos experimentam algum tipo de flagelo social provocado por condições sub humanas impostas pelos atuais modelos econômicos em vigência atualmente.


Todavia, seja qual for a leitura e o viés ideológico empregado com objetivo de aferir as reais condições sociais das pessoas menos favorecidas. E seja lá qual for o contexto histórico e social dessas pessoas. É fato, e consenso geral que, desde que o mundo é mundo, existe sempre a exploração do homem pelo homem. Talvez, seja por isso que o próprio Jesus, certa vez, quando uma mulher vem a sua presença e lhe unge com um bálsamo caríssimo, e alguém insinua que o ato desta mulher foi um desperdício. Ele condena tal afirmação de maneira velada, não deixando que o tratamento que se dá aos pobres seja instrumento de algum tipo razão que extrapole o cuidado que se deve ter com a vida humana


A lógica de uma ajuda aos pobres não é de todo descartada. Porém, antes disso, o senhor Jesus foi capaz de enaltecer a atitude daquela mulher e lhe confere uma dimensão messiânica, uma vez que, segundo o próprio Cristo, ela o ungiu preparando-o para sua morte. Por outro lado, o bálsamo poderia ser vendido e o dinheiro da venda ajudaria aos pobres. Porém, o que não falta são oportunidades para se ajudar aos pobres. Pois: "Os pobre sempre tereis convosco." (João 12:8a). 


O que nós jamais deveríamos perder de vista, é que os pobres são mesmo instrumentos de Deus para se trazer seus juízos sobre a terra e os homens, àqueles mais poderosos. E por pobres devemos ter a decência de entender que são aqueles efetivamente desprovidos de recursos suficientes para sua subsistência. E por isso se sujeitam a todo e qualquer tipo de exploração patrocinada pelo próprio homem, com o único objetivo de levar o pão suado de cada dia de trabalho, mesmo que seja sob as condições mais injustas e aviltantes a que é submetido.

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Naquelas típicas conversas em contextos e situações familiares, no dia de hoje, em uma dessas conversas também em família, estava lembrando de uma expressão que minha saudosa mãe, umas tantas vezes, tinha por hábito pronunciar. Sempre que se comentava a cerca das atitudes de algumas pessoas, dizia ela: "Deus não dá asas a cobra." Uma das razões por que faço alusão a esta expressão, diz respeito ao fato de que estamos passando por tempos muito tenebrosos e onde aquilo que chamamos de relação de confiança em qualquer situação está praticamente fora de cogitação. 


E falar de relação de confiança diz respeito até mesmo a relação ovelha-pastor que se não é deveria ser fundamental no ambiente e contexto das igrejas. E o problema não é propriamente essa crise pandêmica e sanitária, este problema sempre existiu. Porém, num contexto e data mais próximo da atual situação em que vivemos foi acirrado e multiplicado exponencialmente por razões ideológicas. Todavia caso queiramos retroceder mais e mais no tempo, podemos chegar até a escritura sagrada. Mais precisamente no capítulo 10:11-18 do evangelho de João, onde o Senhor Jesus faz uma alusão a título de comparação entre o pastor mercenário e o verdadeiro e bom pastor que até sua vida é capaz de dar pelas suas ovelhas.


Mas, a palavra que quero deixar com vocês é a seguinte: Não espere por nenhum religioso na expectativa de que o mesmo libere uma palavra de conforto e consolo neste momento em que as famílias estão experimentando dores profundas por causa das perdas de vidas provocadas pela epidemia do COVID-19. Como um bom cristão e na autoridade que a própria palavra te confere, libere essa palavra de conforto e consolo para aqueles que, neste momento, estão padecendo e alguns até mesmo perecendo em seus leitos de dor. A própria escritura ensina que qualquer um de nós enquanto cristãos somos sacerdotes universais(I Pedro 2:9). Logo, temos essa investidura e autoridade no nome de Jesus, e, para o exercício de tal ministério, não carecemos da chancela ou aval de nenhum grupo clerical. E que Deus nos abençoe neste ministério.

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Todos vocês que me conhecem das redes sociais e até mesmo os que me conhecem pessoalmente, sabem das minha posições políticas. E mesmo tendo a investidura religiosa, pois sou pastor de confissão Batista, não abro mão delas enquanto cidadão. Todavia, e, nesta hora, quero mudar o tom de minhas colocações, não significando que tenha mudado o entendimento e condução dos meus posicionamentos. Mas, quero poder fazer uso com um pouco mais de intensidade do meu ofício e investidura.


Falo isso, pois tenho também a percepção que estamos deixando muito a desejar enquanto ministros da Palavra de Deus, quando o assunto é ministrar conforto e orientação espiritual nestes momentos de crise pandêmica. O que me parece quando algum colega se mostra negacionista diante da crise sanitária em que nos encontramos, é que é mais fácil resumir a mesma a algum tipo de conspiração midiática e, por conta disso, se furtar a tratar aqueles que padecem nesta mesma situação catastrófica.


E que tipo de tratamento seria este? Se não somos médicos, enfermeiros, ou algum outro profissional de saúde? É bem verdade que as orientações quanto ao isolamento social precisam e devem ser seguidas com extremo cuidado. Ele deve começar por ferramentas de comunicação como esta. Se você enquanto ministro dispõe de uma ferramenta de comunicação como esta. Você tem como ministrar uma palavra de alento e de conforto para aqueles que estão enlutados.


De ontem para hoje recebi a mensagem de uma amiga das redes sociais que estava com o sobrinho para ser transferido para uma unidade de saúde, em outra cidade. E o que ela me pedia era que estivesse orando pela recuperação daquele jovem. Tenho certeza que muitos outros colegas pastores recebem este mesmo tipo de pedido. Porém, na maioria das vezes, o que temos feito enquanto pastores, e isso é facilmente verificado pelas próprias lives que eles promovem é, pela ordem, negar a existência dessa Pandemia, negar a necessidade de Lockdown, e, acusar algumas autoridades, não todas, ao afirmar que a necessidade de Lockdown é apenas uma desculpa para que seus templos estejam fechados.

Como disse, logo no primeiro parágrafo deste texto, sou de origem, formação e confissão Batista. E ninguém melhor do que um Batista para falar da liberdade de consciência, da liberdade de culto e da liberdade religiosa. Isto é nosso DNA, está em nossa história e essência. Porém, a discussão maior neste momento não é esta. A preocupação maior neste momento deve ser a preservação da vida. E se o Lockdown, se o isolamento social e todas as medidas protetivas em função da vida humana, são recomendadas pelos agentes de saúde. Cabe a nós acatarmos tais recomendações.


E por que tenho acatado tais recomendações, eu quero, neste momento, e através da única maneira que me vejo em condições de ser mais um elemento proativo nesta sociedade tão cheia de fraturas, externar o meu desejo e oração pra todos vocês que já foram alcançados por este famigerado vírus e como consequência ou estão apreensivos com o desfecho desta situação, com aqueles que estão sob os cuidados médicos, muitas vezes precários. Com aqueles que já sentem a dor da perda de algum ente querido. Que Deus conforte seus corações. Que Ele possa fortalecer e prover sua vida com saúde e  bons sentimentos. 


E lembrando aqui do nome do jovem lá do nordeste que estava na noite de ontem sendo transferido para outra unidade de saúde. Seu nome é Ricelly, ele é da cidade de Itapiúna no Ceará estava sendo transferido para Quixeramobim. Oremos por este jovem, pela sua família. Situações como está não são casos isolados. As famílias estão acuadas e sensibilizadas com o fantasma desse vírus. Se você também conhece alguém ou algumas pessoas que atravessam esta mesma dificuldade, sinta-se a vontade para usar este espaço para colocar seus nomes e juntos intercedemos uns pelos outros em oração. Obrigado e que Deus nos abençoe. 

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Valendo-me dos principais termos e jargões midiáticos em uso nestes tempos de início de terceiro milênio. Fiquei curioso em fazer algum tipo de reflexão a cerca do que realmente as pessoas, principalmente aquelas mais assíduas aos bancos de igrejas, sabem sobre Jesus, ou mesmo se elas tivessem que mapear um perfil psicológico a cerca de Jesus, a partir do que elas ouvem nessas igrejas e as respectivas literaturas que têm acesso, como seria esse perfil?


Não existe apenas um Jesus nos textos bíblicos, em especial no Novo Testamento. O Jesus dos evangelhos, principalmente o da tradição sinótica, não bate com algumas das principais hermenêuticas que se apresentam na atualidade. Ele é muito mais humano, se mistura com o povo, come e bebe com os mais humildes(Pecadores). Nunca se impressiona com a fama, inteligência e riqueza das pessoas(O jovem rico). E, acima de tudo, quando tem a oportunidade de contemplar a multidão, é capaz de externar um profundo sentimento de amor e de misericórdia. Que é, afinal de contas, o que o move no firme propósito de fazer a vontade daquele que o enviou.

    

Esse Jesus não se furta a debater a cerca dos flagelos humanos. Age efetivamente com o objetivo de minimizar todos os flagelos de que o homem é acometido. Aqueles que acontecem em decorrência das condições do clima, da geografia, e que geram situações sociais caóticas como fome, guerras, doenças, etc. Minha outra curiosidade após esse breve resumo, é de saber, em níveis percentuais, e a partir desses frequentadores assíduos de igrejas, qual é o grais de identificação com esse Jesus da tradição sinótica? 



 

Fiquem com a fé!!!

  Texto - Hebreus 12:1-16 Tema - Fiquem com a fé!!! ICT - Assim como essa grande nuvem de testemunhas do passado. É nosso dever e obrigação ...