TEMA - Na montanha da transfiguração.

TEXTO - Marcos 9:1-10

ICT - Um evento sobrenatural testemunhado por três dos discípulos do Senhor Jesus.

OBJETIVO GERAL - Levar a congregação a se acostumar com eventos de natureza sobrenatural que por ela podem ser testemunhados também.

OBJETIVO ESPECÍFICO - Levar a congregação a entender que a capacidade em testemunhar deste ou daquele evento de natureza sobrenatural independe de nossas escolhas. Quem escolhe é o Senhor.

PROPOSIÇÃO - É sintomático e providencial que o Senhor Jesus tenha tomado a Pedro, Tiago e João.





INTRODUÇÃO


     Do ponto de vista da narrativa, é fato que o Senhor Jesus toma consigo a Pedro, Tiago e João e os leva a um monte ou montanha. Algumas tradições mais tarde, dão conta de que é o que acontece nesta montanha que fará com  que a mesma seja conhecida como montanha da transfiguração. Uma vez que o texto relata que ele, Jesus, se transfigura. Ou seja, o texto afirma que ele mudou de forma _ METEMORPHOTHE. E tudo isto aconteceu diante desses discípulos. Objetivamente era para que eles testemunhassem tal fato.

     Além da mudança de forma a que o verso 2 faz referência, o verso 3 acrescenta que houve uma brilhante e resplandecente mudança na luminosidade de suas vestes. Elas se tornaram tão brancas  que esta brancura era muito mais do que qualquer lavanderia ou lavandeiro pudesse branqueá-las. Como o texto não especifica em hora do dia aconteceu tal fato. Vou conjectura que o mesmo tenha acontecido ao entardecer ou quando a noite já tivesse caído. Assim como a ênfase sobre a brancura radiante de Jesus é no sentido de que vinha dele, Jesus toda essa florescência.

     É a partir deste momento que lhes aparecem Moisés e Elias. O texto é claro ao especificar que a aparição de Moisés e Elias é para Pedro, Tiago e João. E quem se transfigura e as vestes se tornam alvas e de uma brancura incomparável é Jesus. Somente dispomos deste testemunho por causa dessas testemunhas, neste caso, os discípulos Pedro, Tiago e João. E, a rigor, e a luz desse quadro tal como se desenha,  mensagem que dele extraímos é de que a figura, a pessoa de Jesus é que deve ocupar a centralidade do agir e do falar de Deus.

     Em situações como esta e, quase sempre na maioria dos casos, ou aqueles que estão testemunhando ficam sem palavras, ou então falam as coisas sem raciocinarem muito bem sobre o que estão falando. E foi o que Pedro fez, já que falou muito mais do que devia. E, neste momento, e fazendo uso da palavra, Pedro fala da grande satisfação em estar ali naquele lugar, e fala também em nome dos outros dois, e então sugere a Jesus que se façam ali três tendas. Uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Posso dizer que como em algumas outras oportunidades, Pedro perdeu a chance de ficar calado.

     O verso de número 6 até justifica a forma leviana com que Pedro faz uso da palavra para sugerir algum tipo de atenuante a sua atitude: "Eles estavam assombrados" com tudo aquilo que estava acontecendo. E estar assombrado no verso 6 _ EKPHOBOI é estar tomado de medo. Quando nos deparamos com algo que foge, num primeiro momento, ao crivo e percepção de nossa racionalidade é normal que tenhamos reações como as que estes discípulos tiveram. Desde uma perspectiva bíblica e veterotestamentária, eles foram submetidos a uma experiência THEOPHANICA. E talvez a experiência religiosa de quem se depara com uma visão THEOPHANICA, não seja tão agradável quanto àqueles que as experimentam 

     Imediatamente a este episódio de assombro e a palavra fora de hora de Pedro, o texto também afirma que uma nuvem envolve a todos e do meio dessa nuvem se ouve uma voz que dizia: "Este é meu filho amado a Ele ouvi". A nuvem então se dissipa. Ninguém mais é visto por eles a não ser o próprio Jesus que com eles estavam. No transcurso e trajeto de descida do monte eles foram orientados para que a ninguém contassem o que tinham visto até que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos.

     A recomendação por si só já sugere que o tipo de narrativa aqui é típica daquilo que chamamos Pós pascal, ou Ex evento. Ou seja, o material encontrado por Marcos recebe um tratamento especial do ponto de vista do conteúdo redacional. E é de tal forma arrumado que o que se percebe no verso 9 quanto a recomendação de não se falar sobre tal evento até que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos, sugere a inserção de uma tradição bem mais tardia que denota a ideia de um sacrifício como destinação histórica entre a missão precípua do Cristo.

     O verso 10 ainda coloca uma outra medida de assombro entre estes discípulos, já que se perguntavam o que seria aquilo de ressuscitar dentre os mortos? eles cumpriram com a ordenança de Jesus em nada divulgarem sobre o ocorrido, mas questionando entre si sobre o real significado do que seria ressuscitar dentre os mortos. Ou seja, este evangelho exibe um caráter redacional de ao mesmo tempo em que se prontifica a fazer o relato de tal evento, encaminha tanto a centralidade da missão de Jesus e daí a justificação das presenças tanto de Moisés quanto de Elias, quanto a validade desta centralidade pela ressurreição dos mortos
     
     Todo e qualquer evento de natureza histórica tem como premissa básica as documentações que atestam que o mesmo ocorreu em um determinado lugar e num determinado tempo. E que efetivamente tenha sido testemunhado por duas ou mais pessoas, sendo que o evento propriamente dito precisa ter como protagonista ou protagonistas seres humanos, pessoas que dentro da normalidade estejam em pleno gozo de suas faculdades mentais.

     É fato que para testemunharem o que estava para acontecer, os três discípulos em questão foram escolhidos por Jesus para estarem juntos dele. Do ponto de vista do que seja uma Theophania, este fenômeno pode ser testemunhado por uma pessoa somente, por um grupo pequeno ou por grupo maior composto por um grande número pessoas. Basta que olhemos para as descrições de tais fenômenos no antigo testamento. E a relação estabelecida com o antigo testamento vai muito mais longe do que se possa imaginar. 

     Os discípulos testemunham que em tal evento, conforme a própria descrição do texto, eles foram capazes de notar a transformação acontecida com o Senhor Jesus, onde o mesmo fora tomado de uma tão grande luminosidade. A transformação que eles são capazes de notar no Senhor Jesus não é algo que vem de fora e sim algo que flui espontaneamente do Senhor Jesus. Ao mesmo tempo que lhes aparece Moisés e Elias que falavam com o mestre. Como eles foram capazes de afirmar que as duas figuras que lhes aparecem são Moisés e Elias é algo que precisa ser melhor investigado. 

     Ao se tentar manter a relação com o antigo testamento tanto tendo por base uma relação com o fenômeno da theophania bem como com a identificação das duas figuras que aparecem a estes discípulos. O raio de abrangência de uma hermenêutica se estende para além de uma ótica histórica e acaba por se localizar no âmbito de uma perspectiva meramente religiosa e transcendental que é o que deixa transparecer o caráter redacional desta narrativa. Ainda que o objetivo a ser alcançado aqui não seja especificamente o de fazer com que tal relato tenha uma natureza histórica. Uma vez que o enquadramento narrativo desde a relação onde tal evento tenha acontecido permanece incógnito. Qual seria o nome do tal monte onde acontece tal evento?





I - A MORFOLOGIA DO ESPETACULAR(V.V. 1-3).


     O verso de número um sinaliza que a principal característica do Reino de Deus é que ele permanece incógnito e ainda não revelado ao grande público. E, biblicamente falando, é assim que permanecerá. O tom revelador das palavras de Jesus não apenas dá sinais de que ver o Reino de Deus, ou ter acesso a sua revelação não é prerrogativa para todos, pelo menos nesta vida. Mas há aqueles que de forma antecipada é lhes dado o acesso a manifestação poderosa do Reino de Deus. E neste caso estamos falando especificamente de Pedro, Tiago e João.

     Pois bem, nós estamos, de acordo com a narrativa, vislumbrando uma palavra do Senhor Jesus com grande poder revelador. Isto é, alguns são agraciados com a revelação e manifestação do Reino de Deus em vida e já outros apenas no tempo escatológico do fim e na outra vida. Com isso pode se deduzir que o Reino é uma realidade presente, porém de forma velada e latente. E somente aqueles que foram agraciados com a capacitação vinda do próprio Deus para que posteriormente se constituam como seus arautos, têm acesso à sua revelação. Ministros da reconciliação com o objetivo de arregimentarem não apenas trabalhadores para a Seara do Senhor, bem como sucessivos outros ministros com o objetivo de dar prosseguimento àquilo que o Senhor um dia entregou aos santos.

     Pedro, Tiago e João foram escolhidos por Jesus com este objetivo. A eles fora revelada a glória que Deus o Pai tinha com Jesus o filho. Para eles, e, a partir de uma revelação como esta, Jesus é muito mais do que um simples Nazareno e filho de carpinteiro. Ao mesmo tempo que são escolhidos e passam a presenciar e testemunhar este evento de natureza miraculosa. Eles também terão a responsabilidade de se manterem fiéis ao que lhes é ordenado pelo Senhor Jesus de que a ninguém contassem o que haviam presenciado. Ou seja, este evento é também um teste de fidelidade.

     O discipulado empreendido por Jesus aos seus seguidores possui desdobramentos que em algumas situações podem ocorrer eventos que escapam a compreensão de todos e por isso merecem uma cautela como a que o Senhor Jesus mostrou através deste evento. Por exemplo, o Senhor Jesus jamais chamou a Judas para momentos como este da montanha da transfiguração. Já fizemos menção do conteúdo revelacional desta passagem e atrelamos a este conteúdo a questão da fidelidade. Logo, outro dado que podemos deduzir deste evento, é que entre os discípulos de Jesus havia níveis de confiabilidade.  

     Uma vez que pela própria forma expressiva com que o verso três é desenvolvido, podemos concluir que tudo que aqueles discípulos estão experimentando, muito embora seja real e eles estejam com a plena consciência de tudo que está acontecendo, as coisas, nem por isso, perdem o seu caráter espetacular e maravilhoso. Já no final do verso dois, o texto diz que os discípulos presenciaram o Senhor se transfigurando, ou passando por uma metamorfose e durante este processo de metamorfose, eles notaram que suas vestes se tornaram tão alvas como jamais vista. A ponto de ao compararem a qualidade de tal brancura afirmarem que nenhum lavandeiro seria capaz de proporcionar a brancura que eles estavam testemunhando nas vestes de Jesus.

     Entre aquilo que o Senhor Jesus afirma no início do verso primeiro deste capítulo e o que agora os seus discípulos estão testemunhando. E o fato de compararem a brancura de suas vestes como algo jamais visto, podemos deduzir que a revelação do Reino de Deus não acontece de igual modo modo para com todos os seus discípulos por ser algo de extrema importância, mas que extrapola a própria capacidade de discernimento de cada discípulo, já que foge e não pode ser comparado com o senso comum de conhecimento. Ou seja, e diga-se de passagem, o neologismo é meu, extrapola o senso comum de compreensão e se instala na morfologia do espetacular e maravilhoso.





II - ESPETACULAR, MAS OBEDECE A UM DIRECIONAMENTO PROGRESSIVO E HISTÓRICO (V.V.4-6).


     É evidente que se somente Pedro, Tiago  e João estão ali, são eles que também estão identificando que os dois personagens que estão falando com Jesus é, pela ordem de importância e de surgimento na história em Israel, Moisés e Elias. Não me perguntem como eles são capazes de procederem para com esta identificação. Por outro lado o autor deste evangelho, do ponto de vista redacional, ao elencar a presença desses dois personagens que são figuras ímpares em importância e nos seus respectivos tempos e contextos de surgimento na história da revelação, desencadeia com esta narrativa alguns desdobramentos com características progressivas e históricas. E que estes discípulos estavam bastante familiarizados.

     Algo que também parece ser bastante sintomático é o fato de que no verso quatro ao fazer menção de como estes dois personagens aparecem. Eles estão colocados numa ordem que do ponto de vista da cronologia estão em ordem decrescente. Pois aparecem Elias, com Moisés e com Jesus falavam. Pode ser que esta aparição da forma como está colocada no verso quatro repercuta o grau de importância e de expectativa nutrida por aqueles discípulos levando-se em conta o ambiente psicossocial deles. 

     lembro-me do Senhor Jesus no evangelho de Mateus e no capítulo 16:14, ao perguntar aos seus discípulos, dentre os quais estavam também Pedro, Tiago e João, quem as pessoas diziam ser o Filho do Homem. E exatamente neste verso de número 14, o profeta Elias é um daqueles que sempre fez parte do universo psicológico e religioso daquelas pessoas e naquele tempo. Talvez por isso ele, Elias, e, neste verso 4, tenha sido identificado primeiro por andar muito presente na memória e na expectativa de seu povo.

     Mas a partir do momento que se define que essas duas personagens são Moisés e Elias e que ambos estão em um diálogo com o Senhor Jesus. Não nos esqueçamos que quem se transfigura irradiando uma luz de extremo brilho é o próprio Cristo e é ele que, por sinal, está no centro assim como é o centro da conversa. Assim, temos o Senhor Jesus ladeado por um grande homem da Lei. Aquele que foi instrumento e intermediário entre o Senhor e seu povo e por meio de quem o Senhor revelou sua Lei a seu povo, Moisés. Por outro lado, um outro gigante da profecia que o que mais me impressionou em sua vida foi o testemunho daquela viúva de Sarepta de Sidon, ao afirmar que reconhecia que a Palavra de Deus em sua boca, ou seja, na boca do profeta era verdade(I Reis 17:24). Este homem era o profeta Elias. 

     Tudo beira o espetacular, ou aqueles contos maravilhosos com uma chave que indica alguns elos de ligação com a realidade. Jesus leva seus três discípulos a um monte e lá eles têm  uma visão THEOPHANICA. Eles ficaram estupefatos e entusiasmados com o que estavam vendo. Isto fez com que através de Pedro fizessem uma proposta nada agradável e que não foi e jamais seria aceita pelo Senhor Jesus. Pedro tomou a iniciativa de propor ao Senhor Jesus no sentido de que ali permanecessem e que para tanto se fizessem três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias.

     Existe aquele célebre ditado que ilustra bastante a situação acontecida e relatada por este texto, de que muitas vezes as pessoas perdem a chance de ficarem caladas. O próprio verso 6 justifica a impropriedade das palavras de Pedro ao informar que eles estavam suficientemente assombrados. E quando as pessoas são tomadas por estes momentos de grande e profunda comoção eles acabam cometendo alguns deslizes, ou até mesmo emitem opiniões que revelam não estarem afinadas com o equilíbrio emocional que deveriam ter nesse momento.





III - NO MESMO ESQUEMA DE REDUNDÂNCIA COM AS TEOFANIAS DO DESERTO(V.V. 7-8).


     Do ponto de vista de um discurso que envolve aspectos bem mais  triviais. É muito importante notar que o esquema de narrativa vai muito na linha do que foram aquelas manifestações divinas ocorridas no deserto e que ficaram conhecidas como as TEOPHANIAS do deserto.  O que sabemos é que Jesus e seus discípulos de confiança, Pedro, Tiago e João. O acompanham a um monte e ali eles testemunham um grande momento de suas vidas. Eles testemunham uma manifestação de Deus o Pai dando testemunho de seu filho.

     Quando se aludiu a um esquema nos moldes das narrativas que relatam algum evento de manifestação divina no centro de sua congregação, ou na tenda da congregação, é o tipo de esquema de narrativa que atribui a esse movimento de descida da nuvem à presença de Deus no meio de seu povo. E principalmente quando isto acontecia no deserto durante a peregrinação de seu povo rumo a terra prometida. Era porque Deus descia para falar tão somente com seu servo Moisés(Êxodo 33:9).

     O esquema de narrativa pode sim ser o mesmo, mas o foco já não é mais o mesmo. Em síntese o quadro se desenha da seguinte forma: Jesus ao ser transfigurado aparecem-lhe Moisés e Elias que ladeando o mestre conversam com ele, ao mesmo tempo que Pedro, Tiago e João são testemunhas oculares de tal evento. Em seguida uma nuvem envolve aquela moldura e se ouve uma voz do meio dela afirmando que aquele era o filho amado e a ele que se devia ouvir.

     A nuvem, já foi dito aqui, se constituía como o sinal de que Deus descera no meio do seu povo para falar com Moisés ou com todo povo. Mas, agora a nuvem não desce pra que Deus fale com o Povo. Muito embora dela também se origine uma voz subentendida como a voz a divina. Mas, o seu testemunho é no sentido de que assim como estes grandes ícones da religião em Israel, Moisés e Elias, estão ouvindo a Jesus. Agora, aqueles que quiserem ouvir a voz do Deus todo poderoso, ou qualquer outro tipo de revelação, terão que ouvir o filho: "A Ele ouvi!"

     A aparição de Moisés e Elias foi em função desses discípulos. Era para que eles testemunhassem tal evento. O mote narrativo mostra inclusive que a fonte dessa narrativa concentra-se no que eles viram. Ainda que tomados de assombro e êxtase, são eles que, ao final, quando a nuvem se dissipa, que se encontram ao lado de Jesus. Se por acaso este evento tivesse ocorrido sem a presença desses discípulos. Ou sem a presença de ninguém além de Jesus e Moisés e Elias, qual seria o objetivo ou sentido que se daria do ponto de vista hermenêutico?

     A alusão feita no parágrafo anterior é um caso a se pensar, mas, talvez numa próxima oportunidade, não por agora. O que precisa ser enfatizado é o fato de que era e foi imprescindível a presença de Pedro, Tiago e João. E aí aproveito a oportunidade pra fazer uma afirmação de caráter dogmático. Deus se revela a seu povo, mas ele também sabe ser seletivo na hora de revelar-se aos seus servos. Afinal de contas ele conhece os corações de todos.


        


IV - É UM LOCAL DE REVELAÇÃO, MISTÉRIO E SEGREDOS(V.V. 9-10).


     A montanha da transfiguração é, e não resta dúvida, um lugar de revelação divina. Foi o Senhor Jesus que escolheu tanto o local assim como os discípulos que queria e levou para lá. A revelação foi específica e teria que ser direcionada para estes discípulos. Seja qual fosse o universo dos discípulos do Senhor Jesus 12 ou 70(Marcos 3:14; Lucas 10:1). E grosso modo revelação tem relação com empatia, compromisso, amizade e relacionamentos que são construídos. A referência a uma afirmação de caráter dogmático visa deixar de fora aquela experiência pautada apenas por uma busca específica, investigativa e acadêmico-científica.

     A revelação tinha o caráter específico assim como foi direcionada tão somente àqueles discípulos. O verso nove ao registrar a forma como o Senhor Jesus recomendou que se guardasse segredo do que eles tinham presenciado. A princípio se revestiu de mistério, uma vez que nem mesmo aos demais discípulos fora facultada a revelação de tal segredo. Acho até com relação ao local onde eles estiveram deveria permanecer incógnito. A não revelação do local até hoje, talvez se deva a necessidade em não se fazer daquele lugar um lugar de romarias e peregrinações(Judas 9).

     Mas, o mistério propriamente dito se deu em torno do que o Senhor queria dizer a cerca de ressurreição dos mortos, ou melhor dizendo, a cerca da ressuscitação do Filho do Homem. Que para aqueles discípulos e naquele momento, ou não fazia sentido algum, ou sendo perpetuadores da crença na ressurreição dos justos tal como Marta irmã de Lázaro(João 11:24), não entendiam como Jesus poderia ressuscitar antes desse evento final. Isso deixa algum tipo de inquietação a cerca do que era realmente e naquele momento a expectativa messiânica dos discípulos de Jesus. E olha que estamos falando daqueles mais achegados ao Senhor Jesus. 

     Já foi dito no sexto parágrafo de introdução deste texto como uma alusão e classificação desta narrativa como pós-pascal ou ex evento. No que objetivamente se enquadra toda a literatura sinótica e o evento demarcador e central que foi a páscoa. Entretanto, o sexto parágrafo oferece uma perspectiva do ponto de vista da estrutura redacional. Porém, ao olharmos para o conteúdo propriamente dito do verso 9 e considerando a atitude dos discípulos. Essa ressurreição dos mortos se materializa direta e providencialmente na figura de Jesus, doravante Filho do Homem.

     O tempo pra que este tipo de profecia messiânica se cumpra não está muito longe. Muito embora, e, neste ínterim, lhes seja proibida a revelação do que eles haviam presenciado naquela montanha. "A ressurreição do último dia", em se tratando da figura de Jesus, não é um evento UTÓPICO,  e que portanto, está sujeito a desdobramentos sequenciais na conjuntura do tempo até que tome forma e lugar no espaço e no tempo. E que, por conta disso, a projetaríamos num futuro. 

     Logo, o conceito de escatologia aqui utilizado é aquele de formato antecipatório. Foi  exatamente o que Jesus disse a Marta quando ela fala a Jesus que seu irmão Lázaro há de ressuscitar na ressurreição do último dia e o Senhor Jesus lhe responde que ele é a ressurreição e a vida(João 11:25). "Eles retiveram o caso entre si"... O verso 10 mostra que muito embora este caso lhes estivesse provisoriamente proibido de falarem aos demais discípulos, não os impediu de conversarem entre si sobre tal evento. E persistia neles aquela dúvida sobre afinal o que seria ressuscitar dentre os mortos?   





CONCLUSÃO



     A montanha da transfiguração é o exemplo típico e emblemático de como a nossa fé se sustenta. E se sustenta dessa maneira há pelo menos dois milênios onde o elemento e fator preponderante é a fidelidade com que os primeiros discípulos receberam e como trabalharam na propagação do evangelho como revelação divina.

     O evangelho tem como fundamento uma fé fundamentada nos ensinamentos de um mestre, Jesus. O que se pode oferecer de testemunho sobre o que o Senhor Jesus deixou de ensinamentos sobre como se viver uma fé, é traduzido pela forma como ele ao se deparar com os muitos problemas e dificuldades com que passava as pessoas em sua época.
  
     O fato dele ter levado por ocasião do que ocorreu nesta montanha apenas três de seus mais próximos seguidores. Pode ser encarado primeiramente como uma maneira de se distanciar de algumas daquelas situações que eram mais corriqueiras em sua época. E então resolve se dirigir para um lugar mais tranquilo e em companhia de algumas pessoas mais próximas.

     E, muito embora, o objetivo fosse o descanso, nem por isso as oportunidades e o tempo podem ser desperdiçados. Então o Senhor também resolve fazer algum tipo de revelação que pudesse de certa forma acabar, ou dissipar alguma dúvida a cerca do caráter messiânico que pairasse na meste daqueles discípulos. Lembrando que estes discípulos, e entre eles se encontra Pedro, exerciam algum tipo de liderança sobre os demais.

     Todo e qualquer texto das escrituras sagradas são de grande valor tanto pedagógico quanto teológico. Principalmente quando se trata de um texto que traz como principal protagonista o Senhor o Jesus. O valor redacional é muito importante também pela forma com que o assunto é aqui tratado. Já foi falado de uma intensa sobre o esquema que o redator se valeu e que se assemelha muito às theophanias.

     Mas, no caso do esquema utilizado tinha como objetivo a caracterização de que tanto para Moisés, ou para Elias e o fato deles estarem conversando com Jesus. Sendo que Jesus e o fato dele irradiando uma luz própria. A imagem então que esta visão para os discípulos deve funcionar como uma mensagem de que a fonte inspiradora de tudo que até aqui tem acontecido é este Jesus. 

     A despeito da sugestão de Pedro para que se fizesse três cabanas uma para cada um e imediatamente sobre os três desce uma nuvem que os envolve e dessa nuvem surge uma voz falando de Jesus como filho e que era ele que devia ser ouvido. Mostra não somente a sugestão sem propósito dada por Pedro, assim como evidencia que está investido de autoridade divina é somente o filho e ninguém mais.

     A montanha da transfiguração está até hoje revestida de mistério da mesma forma que até hoje não se tem notícia do paradeiro onde o corpo de Moisés fora sepultado. Fazer uma cabana seria o mesmo que dizer que o referido lugar em breve se tornaria um lugar de peregrinação. E quem sabe em um desses lugares santuários onde se explora a fé alheia.

     
      

     
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The Transfiguration
Καὶ  μετὰ  ἡμέρας  ἓξ  παραλαμβάνει    Ἰησοῦς  τὸν  Πέτρον  καὶ  τὸν  Ἰάκωβον  καὶ  [τὸν]  Ἰωάννην*,  καὶ  ἀναφέρει  αὐτοὺς  εἰς  ὄρος  ὑψηλὸν  κατ’  ἰδίαν  μόνους.  καὶ  μετεμορφώθη  ἔμπροσθεν  αὐτῶν,  καὶ  τὰ  ἱμάτια  αὐτοῦ  ἐγένετο  στίλβοντα  λευκὰ  λίαν,  οἷα  γναφεὺς  ἐπὶ  τῆς  γῆς  οὐ  δύναται  οὕτως  λευκᾶναι.  καὶ  ὤφθη  αὐτοῖς  Ἠλίας*  σὺν  Μωϋσεῖ,  καὶ  ἦσαν  συλλαλοῦντες*  τῷ  Ἰησοῦ.  καὶ  ἀποκριθεὶς    Πέτρος  λέγει  τῷ  Ἰησοῦ  Ῥαββί*,  καλόν  ἐστιν  ἡμᾶς  ὧδε  εἶναι,  καὶ  ποιήσωμεν  τρεῖς  σκηνάς,  σοὶ  μίαν  καὶ  Μωϋσεῖ  μίαν  καὶ  Ἠλίᾳ*  μίαν. οὐ  γὰρ  ᾔδει  τί  ἀποκριθῇ·  ἔκφοβοι  γὰρ  ἐγένοντο.  καὶ  ἐγένετο  νεφέλη  ἐπισκιάζουσα  αὐτοῖς,  καὶ  ἐγένετο  φωνὴ  ἐκ  τῆς  νεφέλης  Οὗτός  ἐστιν    Υἱός  μου    ἀγαπητός,  ἀκούετε  αὐτοῦ.  καὶ  ἐξάπινα  περιβλεψάμενοι  οὐκέτι  οὐδένα  εἶδον  ἀλλὰ  τὸν  Ἰησοῦν  μόνον  μεθ’  ἑαυτῶν. 

Καὶ  καταβαινόντων  αὐτῶν  ἐκ  τοῦ  ὄρους  διεστείλατο  αὐτοῖς  ἵνα  μηδενὶ    εἶδον  διηγήσωνται,  εἰ  μὴ  ὅταν    Υἱὸς  τοῦ  ἀνθρώπου  ἐκ  νεκρῶν  ἀναστῇ.  10 καὶ  τὸν  λόγον  ἐκράτησαν  πρὸς  ἑαυτοὺς  συζητοῦντες*  τί  ἐστιν  τὸ  ἐκ  νεκρῶν  ἀναστῆναι.  11 καὶ  ἐπηρώτων  αὐτὸν  λέγοντες  Ὅτι  λέγουσιν  οἱ  γραμματεῖς  ὅτι  Ἠλίαν*  δεῖ  ἐλθεῖν  πρῶτον;  12   δὲ  ἔφη  αὐτοῖς  Ἠλίας*  μὲν  ἐλθὼν  πρῶτον  ἀποκαθιστάνει  πάντα·  καὶ  πῶς  γέγραπται  ἐπὶ  τὸν  Υἱὸν  τοῦ  ἀνθρώπου,  ἵνα  πολλὰ  πάθῃ  καὶ  ἐξουδενηθῇ;  13 ἀλλὰ  λέγω  ὑμῖν  ὅτι  καὶ  Ἠλίας*  ἐλήλυθεν,  καὶ  ἐποίησαν  αὐτῷ  ὅσα  ἤθελον,  καθὼς  γέγραπται  ἐπ’  αὐτόν. 











Fiquem com a fé!!!

  Texto - Hebreus 12:1-16 Tema - Fiquem com a fé!!! ICT - Assim como essa grande nuvem de testemunhas do passado. É nosso dever e obrigação ...