Texto - Rute 1:1-22

Tema - Famílias perfeitas?

ICT - O texto descreve a sina de uma família de hebreus que sai em busca de trabalho e subsistência numa terra estrangeira. E lá, ela sofre uma radical transformação em sua composição. 

Objetivo Geral - Levar a congregação ao entendimento de que a constituição de uma família depende de uma relação bem ajustada entre os seus cônjuges e o próprio Deus.

Objetivo específico - Levar a congregação ao entendimento de que embora haja o dispositivo legal para regular uma relação conjugal, precisa haver uma disposição mental entre as partes pra que as coisas deem certo.

Tese - As famílias se aperfeiçoam quando estão sob as bençãos divinas.




INTRODUÇÃO

     
     As palavras introdutórias deste texto, relatam a decisão de um chefe de família de hebreus, cujo nome era Elimeleque. Esta família oriunda de Belém sai em busca de um lugar em que pudesse prover o seu sustento. A principal razão pra esta decisão era o fato de que houve uma grande fome na terra de suas origens(Eles eram de Belém). A fome é um dos grandes flagelos que assolam até hoje os povos e países mais indefesos. É ela também o motivo da migração dessa família de hebreus para uma terra estranha. E o texto informa que este homem, este chefe de família, saiu a peregrinar em uma terra estranha levando consigo sua mulher e seus dois filhos.

     As razões que levaram Elimeleque a tomar esta decisão, de certa forma radical, são desconhecidas, muito embora fosse feito menção de que havia fome em sua terra no parágrafo anterior e que é uma alusão ao verso primeiro deste capítulo. Mesmo porque, o tratamento que se dá ao texto no tocante ao principal enfoque de sua narrativa não privilegia qualquer tipo de esclarecimento a cerca de sua atitude. Porém, se nos apegamos a alguns princípios estabelecidos na lei mosaica a cerca do relacionamento que deveria haver entre Israel e os povos circunvizinhos. Pode-se afirmar que Elimeleque cometeu algum tipo de transgressão na ótica desses princípios. No mínimo, ele aceitou co-habitar com um povo de costumes e religião diferente diferentes da sua. 

     Moabe, apesar de não estar na lista daquelas sete nações que Deus não somente advertiu, bem como ordenou que se pelejasse contra elas e as erradicasse daquela terra onde habitavam com o objetivo de fazer com que Israel ali se estabelecesse(Deuteronômio 7:1-5). E, muito embora, Moabe tivesse um certo grau de parentesco com Israel(Gênesis 19:37). Moabe não fazia parte da promessa. Era um povo que se estabeleceu na faixa oriental do Mar Morto. Uma região montanhosa onde atualmente se localiza o reino da Jordânia. 

     O que é fato, é que uma família de hebreus foi habitar em uma terra estranha. E fica difícil para qualquer família a conservação de seus costumes, culturas e religião em um lugar em que as pessoas não comunguem dos mesmos valores e princípios(Mesmo quando a situação diz respeito a um grupo de famílias criando assim uma comunidade). Os filhos são os mais afetados nesta situação já que ainda se encontram num processo de crescimento e de formação de suas personalidades. Se eles vão aceitar reproduzir os valores ensinados pelos pais em seus lares, ou não, é outra incógnita.

     Logo após a morte de Elimeleque e o fato de Malom e Quiliom terem se casado com mulheres moabitas, acabou por estender a permanência de Noemi em Moabe por quase 10 anos. É o que o texto nos dá conta na alusão aos versos 3 e 4 deste capítulo primeiro. Neste caso, em especial, cabe algum tipo de especulação quanto a alguns princípios de natureza legal que pudessem ser transgredidos conforme a lei mosaica. E, a se considerar que a decisão desses dois irmãos em contraírem núpcias com mulheres moabitas ocorre após a morte de Elimeleque. Tudo indica que, enquanto o patriarca da família esteve vivo, esse princípio legal não foi transgredido.

     Considerando também a ordem elencada na narrativa vindo sempre Malom e depois Quiliom, Malom deveria ser o primogênito da família. Ele era então, a partir da morte do pai, o que passa a sucedê-lo do ponto de vista da constituição hierárquica em uma família que vivia num mundo marcado pelo patriarcalismo. Quando ambos contraem núpcias com moabitas, pela mesma ordem estabelecida antes, suas respectivas esposas são Orfa e Rute.

     Ainda que o princípio legal aparentemente esteja sendo transgredido nestas núpcias contraídas por Malom e Quiliom, a proibição quanto a casamentos mistos de que trata o capítulo 7:3-4 do livro do Deuteronômio especifica os povos com que este tipo de união não deveria acontecer. Ainda assim, a referência que se faz a Amonitas e Moabitas, nos dá conta de uma restrição ao ingresso de alguns destes na congregação de Israel(Deuteronômio 23:3). Ora o ingresso, neste caso, somente seria possível pelos laços matrimoniais. De qualquer maneira, nesta conjectura percebe-se um típico exemplo de casuísmo. Afinal de contas, os respectivos casamentos continuam sendo mistos, dado o fato de que Moabe não era uma tribo israelita.

     Outro dado que não pode ser omitido e que ajuda a entender o contexto e ambiente onde esta narrativa tem seu lugar. E, este é de caráter social, ou seja, a forma como as sociedades ou povos do mundo antigo se organizavam nesta região da terra santa, e o seu tempo. O sistema básico de organização social é a família do tipo patriarcal. Não é nenhuma novidade a constatação de que em cada continente do planeta, em cada civilização e cultura específica a estrutura da organização familiar assumiu formatos que se ajustaram às condições econômicas e sociais ou mesmo influenciou tais condições.

     Naquela região do mundo antigo, o sistema patriarcal também era uma realidade. Tanto para esta família de hebreus quanto para o povo no meio do qual esta família fora viver. Se por um lado havia algum tipo de restrição quanto a lei mosaica no sentido de se casarem com mulheres de outros povos, parece que do ponto de vista de Moabe essa restrição não existia. Pode se deduzir esta situação no tipo de aconselhamento que Noemi dá a suas noras para que voltassem à casa de sua mãe(V. 8). 

     O comportamento de Noemi para com suas noras reflete um certo ar lamento pelo que a vida lhe proporcionou até este momento. Sua atitude para com suas noras revela algum carinho e cuidado para com elas. E traz consigo o argumento de que permanecendo elas em sua companhia, as coisas não deveriam ficar tão boas assim. Ela entende que de alguma maneira o que lhe acontece é devido a algum descontentamento da parte do Senhor para com ela.

     O que se tem que perguntar neste momento, e tendo por base a decisão lá em cima tomada por Elimeleque de se fixar nos campos de Moabe. É o fato de que tudo que está acontecendo a estas mulheres é em decorrência de algum princípio legal que fora transgredido, neste caso, por esta família israelita? É em decorrência de escolhas erradas? Ou são apenas fatalidades próprias do homem onde quer que esteja e que não precisam ter algum tipo de justificativa para sua ocorrência, já que acontecem do mesmo jeito?

     É o que se tentará responder no transcurso desta leitura. Entretanto, há uma questão de tal maneira essencial e que perpassa todo o texto. A qual haveremos de, no momento certo, abordá-la com um pouco mais de especificidade. Ela está relacionada com o foco narrativo do livro. Uma vez que a história tem como protagonistas, num primeiro momento, três mulheres e o que haverá de lhes acontecer, ou que decisões elas, afinal de contas, haverão de tomar que afetarão suas vidas futuras.



I -  Ou um ideal de perfeição a ser seguido?(V.V.1-2)


     Merecem dois destaques a cerca da composição deste livro, a ideia de que estão presentes em seu conteúdo como mensagens perenes o caráter misericordioso de Deus e o seu sentido universalista. Fundamentalmente esses são os ensinamentos básicos desta obra. Não nos esqueçamos de que Rute era uma moabita e mesmo assim ela está inserida por Mateus nos evangelhos como que fazendo parte da genealogia de Jesus(Mateus 1:5).

     Ainda que, a princípio a abordagem temática baseia-se num foco ou parâmetro de que seja passível a concretização da existência de uma família perfeita. E, por perfeição, não há como omitirmos o caráter cristão herdado a partir do ensinamento da Lei de que aquele ou aqueles que a cumprem são sim justificados. E, não há como também não relacionarmos a esta leitura a perspectiva de Paulo, principalmente aquela esboçada em sua epístola aos Romanos.

     Estes então, seriam os pressupostos de uma família perfeita. Por outro lado. Dá para perceber, mesmo que se vasculhe as escrituras sagradas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Que não se encontra qualquer tipo de família que preencha este tipo de pré requisito e, portanto, seja enquadrada neste patamar de perfeição. Os dois primeiros versos deste capítulo narram a trajetória de uma família aparentemente ajustada e que saem, sob a liderança de seu chefe, cujo nome é Elimeleque a procura de um lugar que possa dar segurança e sustento para sua família.

     Não há absolutamente nada de errado tanto com a família de Elimeleque, quanto com a sua atitude de buscar sustento para a sua família. Muito embora, volto a afirmar mais uma vez, não entender o porque de ter saído do meio do seu povo para buscar o sustento de sua família em uma terra estranha. E, ao que parece, as dificuldades e quem sabe desajustes dessa família, começam acontecer após a morte de seu patriarca Elimeleque. Por ora, acho que um dado que precisa ser olhado com mais carinho é o porque de uma atitude como a de Elimeleque quando leva sua família para habitar nas campinas de Moabe?

     E uma das explicações para o término do parágrafo anterior e sua indagação, diz respeito, já que a ambientação do livro nos leva para o tempo em que os Juízes governavam, ou julgavam em Israel(V.1). É um período de muitas incertezas tanto políticas quanto religiosas. Percebe-se que em cada segmento da vida existe aquilo que que podemos chamar de casuísmos quanto ao real cumprimento da lei, tal qual Deus a entregou a Moisés. Israel, neste período, se viu em diversas situações sendo oprimido e invadido os termos do seu territórios por aqueles outros povos que o circundavam. E, tudo indica que ainda não havia qualquer tipo de querela entre moabitas e israelitas, neste período a que se reporta o livro.

     Isto não significa que não se pudesse perceber algum tipo de transgressão do princípio legal que dirigia os passos de todo varão israelita, inclusive, Elimeleque. Logo, o conceito de família perfeita como proposição temática na leitura deste texto, seguido de uma interrogação, visa dimensionar até que ponto esse conceito seria viável e se ele realmente em algum momento tomou forma no espaço e no tempo. E, se, por acaso, ele nunca tomou forma. Ele deve ser um ideal a ser perseguido ainda hoje para a organização e articulação de nossas relações sociais. Ou, devemos tão somente utilizá-lo como parâmetro de norteamento de nossas ações sem que haja algum tipo de exigência prática para sua aplicabilidade?



II - Uma família perfeita é do tipo patriarcal? (V.V. 3-7)


     O verso 3 já começa dizendo que o patriarca da família morre. E, consequentemente, caberá ao primogênito Malom assumir esse lugar na hierarquia patriarcal e agrária desse período. Porém, tanto o que Malom quanto seu irmão Quiliom fizeram foi contrair matrimônio com mulheres moabitas. E não há como omitir a figura de Noemi nesse processo de transição e sucessão em sua família. O caráter proativo das decisões acontecem como devem acontecer. O homem é o chefe do seu clã e cabe a ele e seus sucessores toda e qualquer decisão a cerca deles que vivem debaixo de sua autoridade.

     Mas, ao final desses quase dez anos, o que restou desta família foram três mulheres viúvas e sem qualquer tipo de perspectiva quanto ao que vinha pela frente. Vale lembrar mais uma vez que este período do mundo antigo e em quase todas as partes do mundo, o sistema vigente do ponto de vista de sua regulação social era o patriarcal. Noemi já era uma mulher idosa, sua situação era ainda mais caótica e deprimente. Uma vez que, ela sequer seria capaz de prover para suas duas noras outros tantos filhos que pudessem dar continuidade à linhagem de seu marido e de seus filhos.

     Invoquei aqui a figura de Noemi, pelo fato de que até mesmo quanto ao aspecto constitutivo do significado de seu nome: A dócil, agradável. Parece alguém que não oferece qualquer tipo de ponderação acerca da atitude de seu marido(Elimeleque) em emigrar para Moabe. Também não se oferece o mesmo tipo de ponderação quando seus dois filhos e, pela ordem de primogenitura, Malom e Quiliom, resolvem se casar com moabitas. E, quem sabe, foi devido a estes casamentos que eles permaneceram naquele lugar quase dez anos após a morte de Elimeleque.

     E o verso 6, nos indica que, muito embora o papel de Noemi enquanto mulher na ordem hierárquica de sua família seja aquele de ser subserviente ao marido e sucessivamente aos herdeiros do falecido. Na ausência de ambos que é o que está acontecendo neste exato momento. Ela então pôde colocar o que pensa, ou o que sempre pensou. Sua docilidade agora tem se revelado que não tem e nunca teve a conotação de alguém que abriu mão de sua própria opinião a cerca dos rumos que sua família estava tomando até que se chegasse à sua situação deprimente e de lamento por aquilo que atravessava de infortúnio juntamente com suas noras.

      Continuando ainda com o verso 6, o que Noemi faz é levantar-se juntamente com suas noras, sair daquele lugar e tomar o caminho de volta para sua terra natal. O mote para a tomada de tal decisão, é o fato de que ouviu falar que o Senhor havia visitado novamente o seu povo dando-lhe pão. Ou seja, parece que o narrador desta obra ameniza um pouco a atitude de Noemí em voltar para casa. Sua decisão em voltar para casa é motivada pela existência de provisão em sua terra natal.

    O que se percebe na narrativa desse primeiro capítulo, é que houve sucessivos erros nas tomadas de decisão desta família. Dois deles, e, na sequência desta narrativa são bastante emblemáticos: A decisão de Elimeleque em emigrar para Moabe e os filhos contraírem matrimônios com mulheres moabitas. A atitude resoluta de Noemí em retornar para Belém ilustra bem o caráter de uma afirmação como esta. Sua atitude se faz valer somente após a inexistência do sexo masculino em sua família.

    A narrativa do texto enfraquece um pouco a ênfase que se percebe em seu conteúdo de que a decisão de Noemí em retornar a Belém é tomada em decorrência de que agora não existe a carência de alimentos em Israel. Diferentemente do que se poderia perceber em uma outra situação ao atribuir uma decisão como a que tomou e que pudesse sintetizar seu descontentamento ao saírem de Belém. Decisão esta tomada por seu marido. Até mesmo a decisão dos filhos ao casarem-se com moabitas e estenderem suas permanências em Moabe por outros quase dez anos. Ou seja, pode que Noemí pensasse consigo própria: Jamais deveríamos sair de Israel.



III - Também tem seus casos omissos e que nem sempre são observados.(V.V. 8-14)


     A atitude resoluta de Noemí para volta a sua terra, a princípio não visava um retorno juntamente com suas noras. Tal como ela que, naquele lugar, vivia como uma estrangeira. O mesmo aconteceria com suas noras moabitas, caso, as mesmas com ela retornassem a Belém. Daí a razão em aconselhá-las a voltarem às casas de suas mães. Elas não apenas deveriam deixar que sua sogra Noemí fizesse o caminho de volta solitária, bem como, deveriam buscar abrigo na casa de onde saíram para se casarem. 

    Este conselho revela uma grande preocupação da sogra. Uma viúva sem ter onde se abrigar e sem perspectiva de ter um outro marido, o que era o caso de Noemí. Não teria como acolher as noras também viúvas. Entretanto, no caso das noras, havia um outro risco, e este pelo fato de ainda serem jovens, e, por conta disso, poderiam ser induzidas, ou levadas, por conta das circunstâncias, à prática da prostituição.

     Era justamente o que Noemí não desejava para suas noras. Ela foi capaz de fazer ver a cada uma delas, caso fizessem o que lhes estava aconselhando, um futuro promissor: "O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma na casa de outro marido". Isso, para mim é uma oração que retrata com fidelidade, o cuidado e carinho com que sempre tratou suas noras. É uma oração revestida, ou seja, com uma investidura de preocupação e responsabilidade social.

     Há dois extremos quando se pensa da maneira proposta neste tópico. Levando em conta a fala e resolução de Noemí, bem como a decisão que suas noras tomaram em segui-la rumo a Belém sua terra natal. Do ponto de vista das noras e de uma provável e agradável experiência que tiveram com seus maridos. O tipo de religiosidade praticada por Noemí e sua família. Pesaram muito na disposição delas em querer seguir a sogra.

     Noemí, por outro lado, é bastante enfática em dissuadi-las deste intento. E, em sua fala, pondera tanto a cerca da impossibilidade natural prevista no princípio legal de acordo com o qual ela deveria prover a estas mulheres outros filhos com o objetivo de se perpetuar a descendência de seu marido e dos seus dos filhos. E isso ela não mais poderia fazer dada a sua idade avançada.

     Todavia, o verdadeiro motivo de Noemí em dissuadir suas noras em lhe seguir, está em uma de suas últimas palavras no verso 13, onde ela afirma: "A mão do Senhor se descarregou contra mim". Ela então, não descarta a possibilidade de que em algum momento de sua vida, ela ou alguém de sua família tenha cometido algum tipo de falta grave, e, por isso, agora estava padecendo em decorrência desses pecados ou pecado cometido. 

     Ela entende que se suas noras a seguirem também padecerão as mesmas dificuldades decorrentes de pecados cometidos. Na cultura e religiosidade judaica a questão da culpa e do padecimento decorrente da mesma é algo que atinge a todos. Todos sofrem as consequências. Esse tipo de pensamento que perpassa a cultura  religiosidade judaica. Adentra, em algum grau a dinâmica teológico doutrinária do Novo Testamento.

    Entretanto, ao se referir ao que fora aludido no parágrafo anterior. Esse pensamento, também conhecido como personalidade corporativa. É retomado por Paulo de uma forma positiva. E serve como ferramenta ilustrativa para falar da redenção operada por Cristo: (...)"Se um morreu por todos, logo todos morreram" (II Coríntios 5:14); (...)"Não existe condenação para os que estão em Cristo Jesus"(...) (Romanos 8:1). Como se pôde nos  escritos de Paulo, além dos textos referenciados, há outros tantos que ilustram o caráter deste pensamento judaico.  

     O tempo todo desta reflexão venho fazendo menção de uma maneira bastante genérica. Não apenas porque foi e tem sido minha intenção destacar a postura de Noemí como uma mulher de oração, bem como, por afirmar em tom categórico que suas noras, muito embora pertencessem a um outro povo, também eram mulheres de oração. E, estavam imbuídas da cultura e da religiosidade do povo de Deus no Antigo Testamento. Por conta disso, dá para entender a relutância delas em não deixarem a sogra neste momento, muito embora fossem mulheres livres.

     Neste tópico, porém, percebe-se que a relutância de Noemí de não querer regressar à sua terra natal com suas noras moabitas, surtiu metade do efeito esperado. O verso 14 é prova disso, ainda que o pranto, o grito de lamento de ambas as partes fosse intenso e significativo, dá para compreender isso também, ao mesmo tempo que há sinais claros de como essas mulheres e queriam bem umas as outras. E o que Noemí pensou foi no acolhimento de cada uma de suas noras em uma família.

     Uma delas então, Orfa, a que fora casada com Malom, o primogênito, resolve retornar a casa de seus pais. Isto significa, tal como o verso 15 nos informa pelas palavras de Noemí, que ela: "Voltou para o seu povo e os seus deuses". Acho até, que aqui não cabe qualquer tipo de ajuizamento quanto a atitude de Orfa. Porém, se ela retornou, e, por ser mulher, sua vontade será sempre a vontade do marido, ou a do patriarca  que no momento de sua volta estivesse governando a família dos seus pais.

     Mesmo com todas essas especificações, e com toda justiça, eu esteja relacionando-a também como uma mulher de oração. É fato que Orfa trilhou um caminho diferente. Ela trilhou este caminho diferente aconselhada por sua sogra. Aqueles que já leram este livro sabem que é apenas e tão somente neste capítulo primeiro que em toda a escritura sagrada se fala de Orfa, a nora moabita de Noemí.

     Também, não é para menos, trata da moabita Rute. É por causa de Rute que o livro leva o nome e de como ela sendo uma moabita se insere na cultura, na religiosidade e na história do povo de Deus. Chegando, inclusive, a fazer parte da genealogia de Jesus(Mateus 1:5). Por outro lado, e não tenho não tentar conjecturar novamente. O fato de Orfa ter trilhado um caminho diferente. Ou mesmo de ter voltado a seu povo e aos seus deuses, ela com certeza levou muito do aprendizado de uma família judaica para entre os seus.



IV - Que tipo de sentimento qualificaria melhor uma família perfeita?(V.V. 15-18)


     A princípio, Noemí continua insistindo com Rute pra que ela também tome o mesmo destino que Orfa tomou. Porém, desde o verso 14 o que se pode ver é que Rute se apegou a ela. Noemí continuará insistindo no sentido de que ela retorne à casa de seus pais. E a referência à volta de Orfa é que ela não apenas retornou à casa de seus pais, mas também aos seus deuses. E apesar do tom insistente de Noemí, Rute afirma que não a deixará. Ela tem consciência do que a espera em uma terra estranha, mas o sentimento que a une a sua sogra é  muito maior.

     Há uma mistura de vários sentimentos que fazem com que Rute  não deixe sua sogra neste momento. Eles vão desde o respeito, a cumplicidade, a solidariedade e chega até aquilo que chamamos de amor. A resposta que oferece a sogra, eu diria que é resultado de um aprendizado após quase 10 anos de relação conjugal e o convívio com a sogra. Acho que essa moabita nunca tinha se sentido tão acolhida no seio de uma família como aconteceu ao fazer parte da família de Elimeleque.

     Há algo de emblemático na resposta de Rute a sua sogra Noemí. É emblemático e inspirador para todos nós. E como disse, a resposta de Rute a Noemí é o elemento balizador para uma pedagogia do povo de Deus. É o resultado prático do que está colocado como princípio norteador no livro do Deuteronômio 6:4-9. No interior de um lar ou família, a vida pulsa com muito mais contundência. 

    Muito embora não seja possível qualquer tipo de comparação ou algo que aproxime das características que constituíam a vida em uma família em pleno mundo antigo e em uma tribo daquela região da palestina. As relações de afeto e respeito tais como as que se veem na relação entre Noemí e Rute são muito significativas. A resposta desta moabita a sua sogra afirmando que jamais a abandonará. E até mesmo onde ela morrer ali ela também morrerá. E que somente a morte a separaria dela. É o ponto demarcador de que o que Noemí tinha que fazer era aceitar que Rute não a deixaria e a seguiria para onde ela fosse.

     A moabita se viu de tal maneira envolvida com a família de Noemí que afirma, se valendo de uma forma profética, como que fazendo parte do mesmo povo da sogra e se identificando com a cultura religiosa deste povo a ponto de declarar abertamente que o Deus de Noemí é também o seu Deus. Diferentemente do que acontecera com Orfa que nas palavras da própria Noemí, voltou à casa de seus pais e aos seus deuses.

     foi a declaração de fé de Rute que demoveu Noemí que insistia para que ela também retornasse, tal como sua cunhada Orfa fizera, à casa de sua pais. Todavia, o sentimento que tomou conta de uma maneira mais expressiva e imbuída de muito lirismo, já que todos os sentimentos ali estão aflorados, foi muito mais contundente a partir desta relação entre sogra e nora. Ou seja, dá para elencar uma gama de vocábulos que ilustram bem que tipo de sentimento estas duas mulheres estavam experimentando no exato momento em que elas precisam decidir se haverão de continuar juntas ou trilharem caminhos diferentes. 



V - Uma família perfeita padece algum tipo de amargura?(V.V. 19-22)

     Enquanto Noemí ainda se encontra nas campinas de Moabe dialogando com suas noras tentando fazer com que elas não a sigam em seus retorno à Belem. Toda a sua amargura, ansiedade, angústia e tudo o mais que sobre ela se abateu até aquele exato momento, é desenvolvido pela narrativa como algo que ocorre no interior de sua casa e no íntimo de seu relacionamento. São desabafos de frustrações muito íntimas e pessoais. 

     Entretanto, a partir do momento que chega a Belém e o reencontro com aquelas pessoas que a conheciam e a memória que dela e de sua família se tinha é novamente aflorada. O contraponto ensaiado pelo próprio livro se dá pela natureza e origem de seu nome. O texto ainda registra o fato de que praticamente toda a cidade se comoveu por causa dela e de sua nora. E sua palavra quanto a sua atual situação mais se comparava a alguém que vivia sob muita amargura. Ela pedia que as pessoas não mais a chamassem de Noemí e sim Mara.

     Aquela mulher doce, amável, agradável e suave, não mais existia. A vida tinha lhe trazido, durante o tempo que esteve fora com sua família, muitas lutas e dificuldades e que marcaram sua trajetória de vida com muita tristeza. Em sua vida, até aquele momento, podia se computar mais perdas do que vitórias. E, agora de volta para junto de seu povo, ela não tinha do que se alegrar. Muito embora, a referência que se faz a memória que povo de Belém tinha dela e de sua família, era de pessoas que gozavam de muita estima entre todos.

     Noemí novamente faz menção ao Deus de Israel. Para ela o fato de se encontrar em uma situação deprimente e de amargura somente tem uma explicação: "Porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso". Para ela, então, não é justo que as pessoas continuem a chamá-la de Noemí e sim de Mara que quer dizer amarga. Ela chega mesmo a afirmar que pelo fato de ter partido cheia e agora Deus faz com ela retorne vazia, transparece que é um juízo punitivo divino que sobre ela se abateu. Em suas palavras ela diz: "O Senhor testifica contra mim, o Todo-Poderoso me tem feito mal".

     Foi dessa maneira que o capítulo se encerra dando conta de registrar o padecimento e também o constrangimento com que esta mulher de Belém retorna à sua terra natal. O constrangimento somente não foi maior pelo fato de que providencialmente sua nora moabita estava com ela e ambas tinham com que se amparar mutuamente. O início da colheita das cevadas seria o próximo passo a ser dado por elas e por onde também as suas vidas começariam a dar uma reviravolta.




Conclusão



    Na leitura que fizemos a cerca deste primeiro capítulo do livro de Rute. O que ficou bastante patente aos nossos olhos é que mesmo em meio às vicissitudes da vida. As alternâncias, os altos e baixos que a vida, digamos assim, pregou a estas mulheres. Ainda assim, e, muito embora, no desabafo de Noemí de que tudo que de mal que lhe sobreveio ela reputa a ação do Deus de Israel. Não há dúvida quanto ao desenrolar e desfecho do livro que a misericórdia divina acompanhou a vida dessas mulheres.

     Uma abordagem relacionando o sistema patriarcal e o silêncio velado das mulheres, não intentou se qualificar como uma crítica ao mesmo com objetivos nitidamente de viés ideológico que é o que mais se tem visto em nossos dias. Pelo contrário, o objetivo foi entender a situação dessas mulheres em extrema situação de penúria e a mercê de padecerem o flagelo da fome. 

     É este tipo de flagelo já aludido no parágrafo anterior que foi o motivo desta família de hebreus emigrarem para uma terra estranha e que não cultuava ao Deus de Jacó. Pois bem, mesmo entre esse silêncio velado de três mulheres por conta do sistema hierárquico a que estava submetido as famílias do mundo antigo. É a partir dele que emerge com tamanha vitalidade um grito ou clamor basicamente de vozes femininas. 

     Exatamente, o foco ou elemento de onde ecoa a narrativa do livro se sobressai pelo caráter proativo dessas vozes femininas. Num primeiro momento são três as vozes, que pela ordem são Noemí, Orfa e Rute. E na sequência dos capítulos posteriores essas vozes, afinadas com a fé expressa no Deus de Israel, se constituirão pela presença de Noemí e de Rute, aquela que dará nome a este livro.

     Entretanto, não posso, de maneira alguma deixar de fazer menção e justiça a figura de Orfa. Ela, apesar de ter escolhido trilhar um caminho diferente do que seguiu Rute. E, por insistência de Noemí, retornou à casa de seu pai e a seus deuses. Aceitou o que lhe estava proposto desde sempre pelo próprio sistema que regulava a vida de todos. E foi justamente essa emblemática decisão de Orfa que fez com que a decisão de Rute ficasse para posteridade.

     Rute escolheu viver como estrangeira na terra de Judá. E, nesta situação, sua escolha e a consequente aceitação de sua pessoa enquanto membro da comunidade judaica lhe conferiam a partir da leitura deste livro o papel de protagonista. Mesmo que, tanto ela quanto Noemí, jamais questionassem o sistema e estrutura pelo qual as sociedades antigas se organizassem e onde as mulheres nunca tiveram qualquer tipo de protagonismo nos destinos do povo  de Deus.  

     Ela pode sim ser introduzida na condição de heroína da fé. Ainda que este tipo de reconhecimento quando se busca na escritura sagrada e especificamente na epístola ao Hebreus não haja qualquer tipo de menção a sua pessoa. Entretanto, e, na linha genealógica traçada por Mateus 1:5, Rute é relacionada juntamente com Raabe e esta sim faz parte desta galeria de heróis referenciada por Hebreu 11:31. Amém !!!


    



     



     

     

     
     















TEXTO - Rute 1:6-14

TEMA - Mulheres de oração

ICT - O texto em questão ressalta o cuidado e o carinho com que Noemí trata suas noras. Também revela sua preocupação com o futuro de ambas.

Objetivo Geral - Levar a congregação ao entendimento de que quando se tem cuidado, carinho e preocupação com o próximo, poe ele também se intercede junto a Deus.

Objetivo Específico - Levar a congregação ao entendimento de que possuir sentimento de proteção e cuidado para com o próximo, é o caminho para uma vida de oração.

Tese - Noemí é uma mulher de oração.



Introdução

     Estamos nos primeiros cinco dias do mês de maio de 2019. Tradicionalmente é um mês consagrado a família. E não dá para dizer que este tipo de tradição seja algo circunscrito à cultura de nossa cidade, estado ou país. Pois, é comumente uma tradição cultural e religiosa que está inserida na vida dos cristãos ocidentais. Evidentemente, que o motivo e natureza do convite para estar aqui esta noite, não dizia respeito especificamente a uma palavra sobre a família, mas, especificamente sobre a oração.

     Mas, aí eu pergunto: Qual é o lugar mais apropriado, e, na maioria das vezes, dada a vida secular que levamos, e, onde mais propensos estamos para desenvolvermos uma vida de oração? Pois bem, no meu entender, mesmo que haja alguém aqui nesta noite que possua uma dinâmica de vida um pouco fora dos nossos padrões. Mesmo assim, nossa vida de oração é muito mais intensa no interior de nossas casas. Ela é até recomendada pelo Senhor Jesus(Mateus 6:6)

     Logo, o que tenho em mente nesta noite para desenvolver com cada um de vocês, é um acordo tácito de que nossa vida de oração acontece, flui com muito mais intensidade no interior de nossos lares. E foi por isso, que resolvi buscar como referência e parâmetro para nossa reflexão esta noite o livro de Rute. Não tenho a intenção de perguntar especificamente a cada um de vocês se alguém aqui conhece este livro? Até porque, senão conhece o ônus ou responsabilidade por não conhecê-lo, cabe também a nós pastores. Já que dificilmente tenho visto nesta minha vida de pregador algum sermão com base neste livro.

     Especialmente, numa ocasião como  a de hoje, dada a pertinência do tema por mim proposto. Optei por não trazer algumas outras informações que facilitassem uma compreensão mais abrangente sobre este livro. A explicação quanto a isto é pelo fato de que minha intenção é basicamente destacar que mesmo em um momento caótico, desolador e de profunda amargura para estas três mulheres viúvas. Ainda assim, e, tendo por base as falas de Noemí neste texto, pode se afirmar que estas três mulheres eram mulheres de oração.

     Fico imaginando o que deve estar passando pela cabeça de cada um de vocês ao ouvirem uma afirmação como esta. Alguém poderia mesmo me interpelar alertando-me para que eu pegasse um pouco mais leve com essas afirmações. Ou, até mesmo afirmar que eu estaria vendo coisas onde não existe. Ou, que o texto não registra. Talvez, até por isso, devêssemos pensar numa forma de reconceituar ou resinificar o que realmente é a oração nos dias de hoje. E uma dificuldade perceptível nestes dias atuais é que a oração está diretamente ligada e restrita à vitória e realização pessoal. 

     E para falarmos, melhor dizendo, afirmarmos que estas mulheres eram mulheres de oração, temos que tentar entender sua natureza  e de posse de tal entendimento submetermos o termo oração a este processo de reconceituação e resignificação. Caso contrário, as coisas não batem. Uma vez que a afirmação de que são mulheres de oração e passam por uma situação alarmante e caótica. Situação de penúria material e daí a concluir  que a penúria também é espiritual é apenas mais um passo. 

     Não há dúvida de que um dos elementos motivadores para a prática da oração é a proatividade ou protagonismo de quem ora. Mesmo que o resultado da oração que fazemos não esteja restrito tão somente às nossas subjetividades. Pensamos dessa maneira no livro de Rute, nesta passagem, em especial do capítulo primeiro, por entendermos que: A oração não é um segmento da vida do servo de Deus; Ela é a própria vida deste servo e que possibilita tornar efetiva sua influência no contexto da vida do povo de Deus.



I - Quando a mulher é de oração ela também tem atitudes.(V.V. 6-7)


     E estas atitudes são resultados de uma vida de muita oração. O texto afirma que Noemí se levantou com suas noras resoluta a voltar para junto de seu povo. Fico imaginando como esta mulher, em meio ao silêncio. E, silêncio aqui, diz respeito à sua condição de mulher numa estrutura hierárquica e familiar do tipo patriarcal onde  a mulher tinha pouca, ou nenhuma importância.

     Fica claro que o patriarcalismo a que Noemí enquanto mulher estava submetida, não era uma prerrogativa tão somente dela. Foi um princípio regulador das relações sociais que desde sempre marcou presença  nas sociedades do mundo antigo. Até hoje, se perpetua em muitas das culturas e segmentos de sociedades de nossa vida moderna. Uma estrutura familiar que tem sido alvo de muitas críticas, principalmente por aqueles setores marcadamente de linha ideológica mais a esquerda. Ou tidos como progressistas.

     Notem vocês que a forma resoluta com que Noemí resolve retornar a sua natal. Pode dar a entender que, se prevalecesse a vontade dela, quando seu marido, Elimeleque, decide ir às campinas de Moabe em busca de alimentos. Eles jamais teriam saído de Belém. Noemí toma esta decisão de voltar no momento em que não há mais homem em sua família para decidirem sobre os rumos de sua família naquele momento.

     O verso 7 reforça eta decisão de Noemí. Ela saiu do lugar onde estava. E, como já foi dito antes, pode ser que jamais tenha concordado com o esposo ao sair de Belém. É evidente que o texto não registra o fato de que tenha havido qualquer tipo de descontentamento por parte de sua esposa. A única informação que o texto nos disponibiliza é que esta família, cujo chefe do clã era Elimeleque, foi peregrinar nas campinas de Moabe. Porém, é uma conjectura bastante plausível.

     Deixando de lado o que é conjectura já referenciada no parágrafo anterior. O que é fato, é que Noemí, esta viúva já bastante idosa tomou  a decisão de retornar à sua terra natal. E toma a decisão exatamente no momento em que cabe tão somente a ela fazer tal coisa. Neste exato momento, a prerrogativa é dela tão somente. Todavia, a referência de que o Senhor novamente havia visitado o seu povo dando-lhe pão. É também sintomática de que levasse muito a sério tanto o agir, quanto os prenúncios de que sempre procurou fazer a vontade divina.



II - Uma mulher de oração é alguém com responsabilidade social.(V.V. 8-9)

     A atitude resoluta de Noemí para volta a sua terra, a princípio não visava um retorno juntamente com suas noras. Tal como ela que naquele lugar vivia como uma estrangeira. O mesmo aconteceria com sua noras moabitas, caso, as mesmas com ela retornassem a Belém. Daí a razão em aconselhá-las a voltarem às casas de suas mães.

     estas noras não apenas deveriam deixar que sua sogra Noemí fizesse o caminho de volta solitária, bem como, deveriam buscar abrigo na casa de onde saíram para se casarem. Este conselho revela uma grande preocupação da sogra. Uma viúva sem ter onde se abrigar e sem perspectiva de ter um outro marido, o que era o caso de Noemí. Não teria como acolher as noras também viúvas. Entretanto, no caso das noras, havia um outro risco, e este pelo fato de ainda serem jovens, e, por conta disso, poderiam ser induzidas à prática da prostituição.

     Era justamente o que Noemí não desejava para suas noras. Ela foi capaz de fazer ver a cada uma de suas noras, caso fizessem o que lhes estava aconselhando, um futuro promissor: "O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma na casa de outro marido". Isso, para mim é uma oração que retrate com fidelidade o cuidado e carinho com tratava suas noras. É uma oração revestida, ou seja, com uma investidura de preocupação e responsabilidade social.


III - Mulheres de oração têm instinto de preservação.(V.V. 10-13)

     Há dois extremos quando se pensa da maneira proposta neste tópico. Levando em conta a fala e resolução de Noemí, bem como a decisão que suas noras tomaram em segui-la rumo a Belém sua terra natal. Do ponto de vista das noras e de uma provável e agradável experiência que tiveram com seus maridos. O tipo de religiosidade praticada por Noemí e sua família. Pesaram muito na disposição delas em querer seguir a sogra.

     Noemí, por outro lado, é bastante enfática em dissuadi-las deste intento. E, em sua fala, pondera tanto a cerca da impossibilidade legal de acordo com o qual ela deveria prover a estas mulheres outros filhos com o objetivo de se perpetuar a descendência de seu marido e dos seus dos filhos. E isso ela não mais poderia fazer dada a sua idade avançada.

     Todavia, o verdadeiro motivo de Noemí em dissuadir suas noras em lhe seguir, está em uma de suas últimas no verso 13, onde ela afirma: "A mão do Senhor se descarregou contra mim". Ela então, não descarta a possibilidade de que em algum momento de sua vida, ela ou alguém de sua família tenha cometido algum tipo de falta grave, e, por isso, agora estava padecendo em decorrência desses pecados ou pecado cometido. 

     Ela então entende que se suas noras a seguirem também padecerão as mesmas dificuldades decorrentes de pecados cometidos. Na cultura e religiosidade judaica a questão da culpa e do padecimento decorrente da mesma é algo que atinge a todos. Todos sofrem as consequências. Isto, também pode se ver no Novo Testamento principalmente nos escritos de Paulo quando ele se vale de uma expressão como "Estar em Cristo". Neste caso em especial, as consequências são para melhor.



IV - Mulheres de oração também trilham caminhos diferentes(V. 14).  

     O tempo todo desta reflexão venho fazendo menção de uma maneira bastante genérica. Não apenas porque foi e tem sido minha intenção destacar a postura de Noemí como uma mulher de oração, bem como, por afirmar em tom categórico que suas noras, muito embora pertencessem a um outro povo, também eram mulheres de oração.

     Neste tópico, porém, percebe-se que a relutância de Noemí de não querer regressar à sua terra natal com suas noras moabitas, surtiu metade do efeito esperado. O verso 14 é prova disso, ainda que o pranto, o grito de lamento de ambas as partes fosse intenso e significativo, dá para compreender isso também, ao mesmo tempo que há sinais claros de como essas mulheres e queriam bem umas as outras.

     Uma delas então, Orfa, a que fora casada com Malom, o primogênito, resolve retornar a casa de seus pais. Isto significa, tal como o verso 15 nos informa pelas palavras de Noemí, que ela: "Voltou para o seu povo e os seus deuses". Acho até, que aqui não cabe qualquer tipo de ajuizamento quanto a atitude de Orfa. Porém, se ela retornou, e, por ser mulher, sua vontade será sempre a vontade do marido, ou a do patriarca  que no momento de sua volta estivesse governando a família dos seus pais.

     Mesmo com todas essas especificações, e com toda justiça, eu esteja relacionando-a também como uma mulher de oração. É fato que Orfa trilhou um caminho diferente. Ela trilhou este caminho diferente aconselhada por sua sogra. Aqueles que já leram este livro sabem que é apenas e tão somente neste capítulo primeiro que em toda a escritura sagrada se fala de Orfa, a nora moabita de Noemí.

     Também, não é para menos, trata da moabita Rute. É por causa de Rute que o livro leva o nome e de como ela sendo uma moabita se insere na cultura, na religiosidade e na história do povo de Deus. Chegando, inclusive, a fazer parte da genealogia de Jesus(Mateus 1:5). Por outro lado, e não tenho não tentar conjecturar novamente. O fato de Orfa ter trilhado um caminho diferente. Ou mesmo de ter voltado a seu povo e aos seus deuses, ela com certeza levou muito do aprendizado de uma família judaica para entre os seus.



Conclusão

     Quero encerrar esta palavra dizendo que aquele crente em Jesus que não for capaz de reconhecer que ele é a prova mais cabal de que a oração dá fruto, dá resultado, também não é capaz de conservar um dos sentimentos mais preciosos nos ser humano que é a gratidão. E quando se fala em gratidão é uma referência em duplo sentido. Pois, é primeiramente gratidão a Deus por sua misericórdia e gratidão a todos aqueles que por nós e ao longo de nossas vidas têm se prontificado a estarem intercedendo por nós.

     Somos frutos de orações, primeiramente quando nossos pais oraram para que viéssemos a este mundo com saúde e que fôssemos educados e perseverássemos nos caminhos do Senhor. Se estamos até seguindo na fé que temos abraçado em Cristo Jesus, é porque as orações de todos aqueles que intercederam e intercedem por nós continua fazendo a diferença em nossas vidas.

     E aquela oração que surge lá no convívio dos nossos lares é sim carregada de significados. Uma delas, em especial me vem a memória. Ela está lá no livro de Jó. E o texto diz que este servo de Deus, quando os seus filhos se reuniam para comemorarem e se banquetearem-se nos seus dias. O texto diz que Jó levantava-se pela madrugada para oferecer sacrifícios a Deus. Caso algum deles tivesse pecado contra o Senhor, e intercedia por eles(Jó 1:4-5).

     Estamos falando muito de oração e levamos este texto para um tipo de desenvolvimento que não é muito comum. E, ele serviu não apenas para que se falasse de oração, mas, para que também falássemos da necessidade de uma vida de oração. O exemplo utilizado baseou-se na vida atribulada de uma família e que do ponto de vista de sua matriarca, cujo nome era Noemí, e de suas duas noras. A princípio, não seria possível que vislumbrasse algum tipo de perspectiva positiva para o futuro.

     Pois bem, foi feito a tentativa de se mostrar que estas mulheres eram mesmo mulheres de oração e o Deus a quem elas recorreram em suas preces era o Deus todo poderoso de Israel que através de Noemí e sua família estas mulheres moabitas puderam não somente conhecer sua misericórdia e, acima de tudo, experimentá-las. Que o Deus todo poderoso de Israel possa nos abençoar de tal maneira, que em qualquer lugar onde ele seja invocado que a sua graça e a sua misericórdia se torne uma realidade. Foi por conta disso, que fiz questão de enaltecer a figura de Orfa que, apesar de ter retornado à casa de seu pai, deve ter levado muito do que aprendeu enquanto fez parte da família de Noemí. Amém !!!














      


     

      







     

     








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