O CONCEITO E CONSTRUÇÃO DA IGREJA NO ÂMBITO DA DIVERSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS. 







INTRODUÇÃO



      Há pouco tempo atrás recebi via WhatsApp, o vídeo de uma criança, um menino, que ostentando uma Bíblia aberta, simula a leitura de um texto. Eu disse simular não pelo fato de questionar a sua capacidade de leitura. O menino aparenta ter uns cinco anos, e, eu me lembro que com meus cinco pra seis anos de idade eu já estava alfabetizado em casa e também já era capaz de ler alguns textos, inclusive, a Bíblia sagrada. No vídeo também, o menino está  falando de Jesus como o caminho certo. E este caminho é reto e não há qualquer possibilidade de um desvio nem para a esquerda nem para a direita. Fiz  então um comentário, afirmando que o referido vídeo era um grande exemplo para se tipificar o fenômeno conhecido como GLOTTOLALIA. 

      A minha referência em relação a GLOTTOLALIA, diz respeito a algumas considerações que são muito pertinentes a este assunto. Algumas são de caráter pedagógico e educativo e outras especificamente têm uma relação mais teológica e exegética. E onde necessariamente entra a fala nesta história? Ela entra a partir do momento que afirmo com base em alguns pressupostos de natureza tanto antropológicos, histórico-científicos, quanto neurolinguísticos de que a fala não é sinônimo de inteligência. Todavia, se fosse o caso de se desviar do foco deste assunto, existe um vasto material com fundamentação científica sobre a origem e desenvolvimento da fala de aproximadamente 400.000 anos para cá, que vale muito  a pena dar uma pesquisada.

      Pois bem, vamos voltar ao texto e ver o que ele tem a nos oferecer como fonte de elucidação de algumas questões eclesiásticas e dogmáticas. Primeiramente, ao que parece, a questão dos dons espirituais estava se tornando um problema na igreja de Corinto. Aliás, parece que tudo que acontece nesta igreja acaba se tornando um problema para Paulo. E o apóstolo já começa afirmando que não queria que eles fossem ignorantes a cerca dos dons espirituais. e aponta como causa dessa ignorância o fato deles terem sido gentios e deixado ser guiados por ídolos mudos. Esta designação de ídolos mudos, a meu ver, diz respeito a natureza da revelação bíblica. O fato de Deus tanto no passado quanto em Cristo ter se valido da palavra para se comunicar com  os homens. Um dos termos que mais se usa quando se quer fazer referência a uma inspiração divina e cristã através da palavra é o termo grego THEOPNEUSTOS(II Tim. 3:16).



O ONPHALO DE DELFOS, 
      E agora mais especificamente para se falar do termo GLOTTOLALIA, vale lembrar um ritual que acontecia no centro da religião Délfica, na Grécia antiga. Era muito comum que o grego fosse ao templo de Apolo em Delfos com o objetivo de consultar o oráculo. Há muitos outros mitos construídos a partir deste templo e em função desta pedra pontiaguda, comumente conhecida como o ONPHALO DE DELFOS, que existia neste templo. Mas, por hora, vamos nos concentrar no ritual que se realizava neste santuário de Apolo. A pitonisa ou sacerdotisa mastigava as folhas de louro, ao mesmo tempo em que entrava em transe ou frenesi. Não se sabe até hoje se o transe vinha da mastigação do louro ou de uma fenda que existia no lugar de onde emanava alguns vapores. Então, ela colocava as mãos sobre a pedra pontiaguda e era quando proferia o oráculo.



Frenesi e êxtase. Ambiente tipicamente pentecostal. Onde o cha-
mado Dom de Línguas é realidade.
 No que efetivamente consistia este oráculo? ele era uma sequência de palavras soltas e sem sentido. E por ser totalmente sem nexo, a designação de GLOTTOLALIA tem a sua aplicabilidade. Quem conhece um pouco de gramática grega está ciente que existem três verbos para o ato de falar: LEGO - Aquele que fala de maneira ordenada, racional e lógica. E de onde se origina o termo LÓGOS; Depois se tem o verbo PHEMI - De onde se origina o verbo composto PRO-PHEMÍ que está na raiz do substantivo feminino PROFECIA; E depois vem o verbo grego LALÉO - Que é o que está relacionado ao termo LALIA, que é uma fala desordenada, desencontrada e desprovida de racionalidade. O oráculo de Delfos então, consistia numa sequência de falas desencontradas, e, portanto, para este fenômeno era atribuída a designação de GLOTTOLALIA. 

  Fiz questão de inserir algumas informações de natureza circunstancial neste texto, apenas com a intenção de prover algumas informações que melhor podem nos ajudar a entender determinadas situações reproduzidas no texto bíblico. E que são pertinentes ao capítulo 12 desta epístola de I Coríntios. O templo de Delfos ficava nas proximidades de Corinto, mais especificamente no golfo de Corinto, e aqueles crentes de origem gentílica estavam sim muito familiarizados com o ritual da religião délfica, e, quem sabe, até influenciados com tudo aquilo. Paulo intenciona lembrar o passado daqueles crentes e de maneira elucidativa compara este passado com esta realidade nova que se vislumbra na igreja onde a soberania do Espírito Santo de Deus é inquestionável. Ou seja, na igreja de Cristo não se profere sequer uma palavra de adoração a Cristo, ou até mesmo o reconhecimento do senhorio de Cristo, se não for pela livre manifestação e ação do Espírito Santos.

      Tudo tem ordem e deve obedecer a uma racionalidade. Algo muito diferente do que se via nos rituais pagãos da antiguidade, inclusive, este que foi descrito e que acontecia no templo de Apolo em Delfos. Na igreja de Cristo a sintonia linguística é plena e é ditada pela ação e controle do próprio Deus e através do seu Espírito. Do verso 4 ao verso 7, o apóstolo fala de uma multiplicidade de dons e de operações desses mesmos dons. Mas não abre mão de enfatizar que tudo tem apenas uma origem, o Espírito de Deus. É um único Deus que opera tudo e em todos. E que jamais pode acontecer a prevalência de um dom ou sua operação sobre o outro, ou em detrimento do outro. A utilidade da operação do Espírito tem que obedecer a um objetivo comum, a um bem comum e coletivo. Portanto, para algumas hermenêuticas cada vez mais vigentes nestes tempos, se alguém acha que pode estabelecer algum tipo de hierarquia eclesiástica com base neste capítulo I Coríntios 12, saiba que não existe base para tal sustentação.

      O diferencial para qualquer igreja que queira ser chamada de igreja de Cristo é a presença do Espírito e o controle total e absoluto que este exerce sobre esta organização divina. No contexto e ambiente da igreja, o Espírito Santo é o único provedor pelo qual qual as coisas realmente acontecem. Em todo este provimento patrocinado pelo Espírito a presença da palavra, enquanto LÓGOS é uma realidade. Ela está presente tanto na sabedoria quanto na ciência. E se considerarmos que, segundo as palavras do próprio Paulo em Romanos 10:17, ao fazer uso do termo RHEMA, que sugere um enunciado que pode ser tanto oral quanto escrito e que subentende como a ação de um enunciado ou sua realização desde a concepção de um conceito abstrato como LÓGOS. Então o controle do Espírito na igreja é incondicional e inegociável.

      Paulo também pontua que, muito embora a habilidade da fala seja uma virtude dos crentes de Corinto, ainda assim, quando o assunto diz respeito aos dons e serviços que são distribuídos na igreja de Cristo. Eles acontecem pela ação do Espírito de Deus, e somente pelo fato do Espírito Santo ter total controle sobre tudo. E não há necessariamente nenhum tipo de prevalência de um dom sobre o outro. Também inexiste qualquer tipo de distribuição dos dons com base na meritocracia. O verso 11 nos dá conta que este tipo de distribuição dos dons e das operações feitas pelo Espírito ocorre da forma como Ele quer. De acordo com  sua vontade soberana: Ele reparte a cada um  como quer.

        A partir do verso 12, o apóstolo começa a se valer da metáfora do corpo para ilustrar tanto o que é esta atuação do Espírito e de como o corpo e as suas parte se adequam neste tipo de analogia. A analogia é a anatomia do corpo e a importância de cada um dos seus membros para um bom funcionamento e que seja saudável. Paulo mostra que é assim que deve funcionar a igreja. E que a igreja em Corinto não exibia esta realidade. Ele assinala desde o início o fato de que permanecer neste tipo de ignorância é um grave pecado que por si só já atenta contra a própria soberania do Espírito de Deus.

       Estamos falando de soberania do Espírito, mas isto não significa algum tipo de desrespeito às individualidades. Pelo contrário esta individualidade está patente na referência feita às etnias: Judeus e gregos; ou até mesmo às condições sociais de cada um tipificadas por servos e livres. Nada disso deve se constituir como barreira ou empecilho. São pela ação do Espírito que essas barreiras se superam, embora sejam respeitadas as peculiaridades de cada um, formando assim um corpo, o corpo de Cristo. Logo, a sua igreja. Paulo assinala que a igreja de Cristo é igreja de Cristo por beber de uma única fonte, ou seja, do Espírito Santo. Isto significa que o Espírito é o ser por excelência que cataliza, unifica e coordena a ação das muitas partes desse todo que é o corpo, e, que, por extensão, entendemos ser a sua igreja.

       Assim como foi definida essa dinâmica do corpo e suas partes no parágrafo anterior. Assim é todo o desenvolvimento dos versos de 12 - 22 deste capítulo 12. Sem que com isso haja qualquer tipo de desmerecimento pelas funções que desempenham cada membro do corpo. Todas as partes, ou membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários. Tal como afirma o verso 22. O verso 23 já começa com um verbo utilizado por Paulo e que tem relação com um ajuizamento construído  a partir de todos estes conceitos e dinâmicas também trabalhados pelo apóstolo até este exato momento. Ele usa o verbo DOKEO e este flexionado na primeira pessoa do plural, no presente do indicativo ativo. Traduzido em algumas versões como REPUTAMOS, porém este verbo tem uma conotação bastante significativa quando se trata de um consenso.

     Foi na dinâmica do corpo e suas relações com os demais membros. E na extensão deste entendimento, a relação estabelecida com o corpo de Cristo, sua consequente relação com a igreja e por extensão a ação do Espírito que se estabeleceu de maneira ajuizadora, o conhecimento. Pode se entender  conhecimento aqui como ausência de ignorância. Cada membro  se conhece e se discerne um do outro e é pelo outro também discernido. A partir daí, sob a égide da noção de valores, Deus em sua sabedoria estruturou o corpo de tal maneira a dar honra àqueles membros que tinham falta dela. Com o objetivo de que subsista um corpo sem divisão e bem ajustado. Ou seja, quando um membro sofre, todos sofrem com ele. E quando um membro é honrado todos se alegram com ele. Assim somos também nós enquanto igreja, um corpo. Membros ativos e participantes do corpo de Cristo. Neste ínterim, fica patente a diferença que existe entre a hermenêutica que construímos sobre o corpo e o ato de Deus ao criá-lo.

       A expressão ou atribuição de que aqueles crentes ali de Corinto são também corpo: "Vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular"(Verso 27). Aponta para aquilo que Paulo assinalou como aqueles que não se constituem como as partes mais nobres, porém, Deus agindo de forma soberana, sabe como compensar a tal falta de nobreza para com alguns membros deste corpo(Versos 23-24). Se cabe com muito mais especificidade uma analogia com o corpo aqui, eu diria que a vida humana em uma dinâmica constante de formação de formação e maturação desde fecundação do óvulo no útero materno e todo o desenvolvimento desencadeado a partir daí. Até quem sabe a formação das unhas dos pés e mãos, obedecem a um cronograma. E no caso deste texto, conforme o próprio Paulo demonstra, a primazia dos apóstolos ocorre por eles se constituírem como aqueles que ao testemunharem a revelação em seu estágio primário, são aqueles que receberam a semente do evangelho.

       No verso 28 encontramos uma síntese representativa de todos esses dons e suas consequentes operações no contexto e desenvolvimento histórico da igreja. Estabelecido pelo próprio Deus. A ideia é a primazia de uma operação sobre a outra em função de sua manifestação no tempo e no espaço. Então, no contexto de igreja o apostolado teve seu tempo e subsequentemente seu espaço de operação seguido do dom de profecia e assim por diante. Chegando então ao momento de manifestação daqueles que têm dom de falar uma variedade de línguas. Os demais versos, ou seja, 29 e 30 continuam revelando que o elemento demarcador em todas essas operações de ministérios através do Espírito é o tempo em sua progressividade e consecução.

       Uma grande polêmica se criou ao longo dos tempos quanto a leitura que se faz deste capítulo e a real importância do dom de línguas. Com isso formou-se outros tantos tabus que foram, inclusive pivôs de rachas denominacionais ao se tratar especificamente de um provável dom e o porque dele ser elevado a uma relativa primazia se o que estamos vendo pela leitura deste texto é o agir soberano de Deus e a forma como Deus por intermédio do seu Espírito faz a distribuição desses dons. Nas palavras de Paulo existe algo de muito emblemático que não temos como omitir. Estou me reportando a questão do tempo e este desde uma perspectiva que leva muito em consideração os conteúdos revelacionais. Se adotamos este modo paulino de se observar a evolução do tempo, faz muito sentido e tem lógica a ordem por ele estabelecida onde o apostolado seguido do dom de profecia, depois os doutores, depois o que operam milagres, em seguida os dons de curar, os que prestam socorro, os que sabem administrar ou governar, para então se chegar a variedade de línguas.

       A referência a dom de línguas estabelece uma relação direta com  a língua do ponto de vista da fala, ou seja, aquilo que está relacionado à expressividade. Paulo não proíbe a manifestação ou operação deste dom, mas estabelece um critério para que ele efetivamente aconteça na igreja. Tem que existir a figura do intérprete, ou hermeneuta(I Coríntios 14:27). Não resta dúvida que boa parte deste raciocínio do apóstolo está relacionado àquilo que todos são unânimes em qualificar como um raciocínio corporativista. A ideia do corpo, a responsabilidade corporativa, a visão de que tudo que se faz na igreja precisa objetivar o bem comum, a coletividade. E aí surge uma outra questão para aqueles falantes de línguas: O que fala em línguas, objetivamente faz o quê? É um dom diferente do dom de profetizar, aquele que profetiza, prega. E ao pregar, faz com que a palavra de Deus no ambiente e contexto de igreja se torne de domínio público. Pensando desse jeito o intérprete tem muito mais efetividade do que o que fala em línguas.

       Depois de tudo isso, o apóstolo aconselha a aqueles crentes a procurarem com zelo os melhores dons. Ele oferece esta liberdade de opções a eles. Vemos que este elemento dinâmico que governa a igreja e que é patrocinado pela ação efetiva do Espírito Santo, não se constitui em uma estrutura hermeticamente fechada. Há sim este caráter flexível na igreja, a ponto de se respeitar os gostos e as liberdades individuais. Vocês têm toda liberdade de procurar com zelo os melhores dons. Ao mesmo tempo o apóstolo sinaliza que tudo que acontece na igreja é básico para assinalar ao que a igreja do Senhor Jesus realmente aponta. Ela aponta para algo que está para além de tudo isso. Igreja que se perde em picuinhas de membros que lutam por uma pseudo primazia entre os irmãos, não consegue mensurar o caráter da mensagem transcendente que a igreja de Cristo anuncia. Por isso Paulo está exortando  e de uma maneira imperativa a busca pelos melhores dons. Pois então ele, Paulo, poderá mostrar algo de mais excelente que eles não estão conseguindo alcançar neste exato momento. Isto é, "Um caminho mais excelente."

       Que espécie de conclusão se poderia tirar a partir desta leitura, por alguém que se vê constituído neste contexto de igreja como alguém que exerce seu ministério e se sente parte integrante deste corpo? Com absoluta certeza, é alguém que tem consciência de ser parte de uma estrutura que historicamente cumpriu com suas responsabilidades no passado e se vê nesta dimensão projetada desde o passado um presente onde ele é parte integrante de tudo que está acontecendo, independente de sua condição enquanto função desempenhada neste corpo. A proposição de Paulo ao discutir este tipo de temática neste capítulo, tem como fundamento uma espécie de preparação para o que ele desenvolverá no capítulo 13. Nada do tem acontecido do ponto de vista da dinâmica da igreja e de como a igreja do Senhor Jesus tem se desenvolvido e consequentemente se estruturado possui algum tipo de relevância se não somos movidos pelo amor. E é absolutamente o amor o tema de discussão no capítulo seguinte. É o caminho mais excelente que o apóstolo se compromete a mostrar a estes crentes.

       Falar do amor como tema de discussão no próximo capítulo é até uma ofensa ou falta de sensibilidade de minha parte. Digamos que o que Paulo faz ao tratar do amor é como a composição de uma ode, um hino de louvação. Pois é por ele que devemos nos mover e fazer as coisas acontecerem dentro da igreja. E se no verso 28 deste capítulo 12, Paulo elenca numa escala cronológica  a variedade de línguas como o último dos dons do ponto de vista de sua utilidade para o conjunto e coletividade da igreja. Ele ao iniciar o capítulo 13 desta mesma epístola, ele inverte a sequência começando pelo final do que está no capítulo 12:28. Em síntese, o apóstolo deixa o ensinamento de que independente desta ou daquela operação de dons no seio da igreja, nada disso terá algum proveito ou utilidade se não fizermos movido por aquilo que também moveu nosso Senhor e salvador Jesus Cristo: "O Amor."  

       



1 Corinthians 12 Greek NT: Tischendorf 8th Edition with Strong's Numbers

1Περὶ δὲ τῶν πνευματικῶν, ἀδελφοί, οὐ θέλω ὑμᾶς ἀγνοεῖν. 2οἴδατεὅτι ὅτε ἔθνη ἦτε πρὸς τὰ εἴδωλα τὰ ἄφωνα ὡς ἂν ἤγεσθε ἀπαγόμενοι.3διὸ γνωρίζω ὑμῖν ὅτι οὐδεὶς ἐν πνεύματι θεοῦ λαλῶν λέγει, ἀνάθεμαἸησοῦς, καὶ οὐδεὶς δύναται εἰπεῖν, κύριος Ἰησοῦς, εἰ μὴ ἐν πνεύματιἁγίῳ.
4Διαιρέσεις δὲ χαρισμάτων εἰσίν, τὸ δὲ αὐτὸ πνεῦμα· 5καὶ διαιρέσειςδιακονιῶν εἰσιν, καὶ  αὐτὸς κύριος· 6καὶ διαιρέσεις ἐνεργημάτωνεἰσίν,  δὲ αὐτὸς θεός,  ἐνεργῶν τὰ πάντα ἐν πᾶσιν. 7ἑκάστῳ δὲδίδοται  φανέρωσις τοῦ πνεύματος πρὸς τὸ συμφέρον. 8 μὲν γὰρ διὰτοῦ πνεύματος δίδοται λόγος σοφίας, ἄλλῳ δὲ λόγος γνώσεως κατὰ τὸαὐτὸ πνεῦμα, 9ἑτέρῳ πίστις ἐν τῷ αὐτῷ πνεύματι, ἄλλῳ δὲ χαρίσματαἰαμάτων ἐν τῷ ἑνὶ πνεύματι, 10ἄλλῳ δὲ ἐνεργήματα δυνάμεων, ἄλλῳδὲ προφητεία, ἄλλῳ δὲ διάκρισις πνευμάτων, ἑτέρῳ γένη γλωσσῶν,ἄλλῳ δὲ ἑρμηνεία γλωσσῶν· 11πάντα δὲ ταῦτα ἐνεργεῖ τὸ ἓν καὶ τὸαὐτὸ πνεῦμα, διαιροῦν ἰδίᾳ ἑκάστῳ καθὼς βούλεται.
14καὶ γὰρ τὸ σῶμα οὐκ ἔστιν ἓν μέλος ἀλλὰ πολλά. 15ἐὰν εἴπῃ  πούς,ὅτι οὐκ εἰμὶ χείρ, οὐκ εἰμὶ ἐκ τοῦ σώματος, οὐ παρὰ τοῦτο οὐκ ἔστιν ἐκτοῦ σώματος· 16καὶ ἐὰν εἴπῃ τὸ οὖς, ὅτι οὐκ εἰμὶ ὀφθαλμός, οὐκ εἰμὶ ἐκτοῦ σώματος, οὐ παρὰ τοῦτο οὐκ ἔστιν ἐκ τοῦ σώματος· 17εἰ ὅλον τὸσῶμα ὀφθαλμός, ποῦ  ἀκοή; εἰ ὅλον ἀκοή, ποῦ  ὄσφρησις; 18νυνὶ δὲ θεὸς ἔθετο τὰ μέλη, ἓν ἕκαστον αὐτῶν, ἐν τῷ σώματι καθὼςἠθέλησεν. 19εἰ δὲ ἦν τὰ πάντα ἓν μέλος, ποῦ τὸ σῶμα; 20νῦν δὲ πολλὰμὲν μέλη, ἓν δὲ σῶμα. 21οὐ δύναται δὲ  ὀφθαλμὸς εἰπεῖν τῇ χειρί,χρείαν σου οὐκ ἔχω,  πάλιν  κεφαλὴ τοῖς ποσίν, χρείαν ὑμῶν οὐκἔχω· 22ἀλλὰ πολλῷ μᾶλλον τὰ δοκοῦντα μέλη τοῦ σώματοςἀσθενέστερα ὑπάρχειν ἀναγκαῖά ἐστιν, 23καὶ  δοκοῦμεν ἀτιμότεραεἶναι τοῦ σώματος, τούτοις τιμὴν περισσοτέραν περιτίθεμεν, καὶ τὰἀσχήμονα ἡμῶν εὐσχημοσύνην περισσοτέραν ἔχει, 24τὰ δὲ εὐσχήμοναἡμῶν οὐ χρείαν ἔχει. ἀλλὰ  θεὸς συνεκέρασεν τὸ σῶμα, τῷὑστερουμένῳ περισσοτέραν δοὺς τιμήν, 25ἵνα μὴ  σχίσματα ἐν τῷσώματι, ἀλλὰ τὸ αὐτὸ ὑπὲρ ἀλλήλων μεριμνῶσιν τὰ μέλη. 26καὶ εἴτεπάσχει ἓν μέλος, συνπάσχει πάντα τὰ μέλη· εἴτε δοξάζεται μέλος,συνχαίρει πάντα τὰ μέλη.
27ὑμεῖς δέ ἐστε σῶμα Χριστοῦ καὶ μέλη ἐκ μέρους. 28καὶ οὓς μὲν ἔθετο θεὸς ἐν τῇ ἐκκλησίᾳ πρῶτον ἀποστόλους, δεύτερον προφήτας, τρίτονδιδασκάλους, ἔπειτα δυνάμεις, ἔπειτα χαρίσματα ἰαμάτων,ἀντιλήμψεις, κυβερνήσεις, γένη γλωσσῶν. 29μὴ πάντες ἀπόστολοι; μὴπάντες προφῆται; μὴ πάντες διδάσκαλοι; μὴ πάντες δυνάμεις; 30μὴπάντες χαρίσματα ἔχουσιν ἰαμάτων; μὴ πάντες γλώσσαις λαλοῦσιν;μὴ πάντες διερμηνεύουσιν; 31ζηλοῦτε δὲ τὰ χαρίσματα τὰ μείζονα. καὶἔτι καθ’ ὑπερβολὴν ὁδὸν ὑμῖν δείκνυμι.







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