Primeira Parte: Há um rei na família.

 *Texto de I Samuel 16:1-23


*Há um rei na família, ou: Há um rei na família?


*ICT - A família de Jessé, para os parâmetros estabelecidos e o tipo de atividade agropastoril existente no médio oriente antigo, era uma família muito abençoada: "Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta." (Salmos 127:4,5)


Introdução 


O governo teocrático da nação israelita andava desacreditado. Isto se pode ver pelas palavras do próprio Deus a partir do momento quando as lideranças do povo passaram a discutir a necessidade de se implantar a monarquia. Deus pessoalmente diz a Samuel que havia uma clara rejeição a Ele como Senhor e rei em Israel(I Samuel 8-7). Israel estava passando por uma crise em sua liderança. A liderança de Samuel era questionada por causa de sua idade avançada e da corrupção de seus filhos(I Samuel 8:1-3) Esta situação e o convívio de Israel com os povos cananeus circunvizinhos que eram governados por seus reis acabou gerando a estranha percepção de que um monarca poderia resolver o tipo de impasse em que Israel se encontrava naquele momento. Esse conjunto de coisas estava influenciando as principais lideranças do povo a que também tivessem um rei.


Foi a partir deste conjunto de coisas, ou impasse, tal como foi descrito resumidamente no parágrafo anterior que resultou na unção de Saul como o primeiro rei de Israel. As lideranças do povo, o Conselho de anciãos, não estavam satisfeitas da forma como as coisas estavam sendo conduzidas em Israel. A liderança de Samuel esteve, durante este período, sob duro ataque. O motivo era a corrupção protagonizada pelos dois filhos de Samuel. A solução encontrada por esses líderes, foi a implantação da monarquia tal como os povos que ainda subsistiam naquela região desde o advento dos hebreus liderados por Moisés, e introduzidos naquela terra sob a liderança de Josué.


Parece que, repetidamente na história, vislumbramos aquela situação muito recorrente em nossos dias de que tudo que tem na casa do vizinho é melhor do que o que temos. Não que não devamos fazer algum tipo de ajuizamento de nossas condutas ao avaliarmos as condutas alheias. Esta não deve ser, em hipótese alguma, a regra a ser seguida. Por outro lado, o tipo de postura adotado pelas lideranças do povo, mesmo à revelia da vontade de Deus é bastante pedagógica. Quando nos dispomos a aprender com tamanha desenvoltura e agilidade ao olharmos para o que está ao redor de nós. E observamos o que reputamos como sinais positivos, ao mesmo tempo em que deixamos de considerar o peso do que se apresenta de igual modo como sinais negativos. Dificilmente aprendemos com os erros dos outros quando não miramos também, para efeito de ajuizamento, nos exemplos negativos daqueles que observamos. 


É neste contexto de esfera tanto religiosa quanto política e social, e o que desencadeou a partir dos mesmos que o servo e profeta do Senhor, Samuel, se dirige à casa de Jessé, o Belemita. Ele se dirige com uma única missão dada por Deus. Ele deveria ungir o novo rei de Israel. Aqui não há uma eleição referendada por meio de um escrutínio universal, o qual chamamos de voto. O que há aqui é uma unção do ponto de vista de uma ação soberana de Deus. A primeira unção, teve uma pressão por parte da liderança do povo. Porém, ela somente aconteceu porque o Senhor assim permitiu. Em Saul aconteceu que sua entronização como monarca estabeleceria que a partir dele se instaurou em Israel uma dinastia. Essa dinastia começa e termina nele, Saul. E, claro, pelas razões que sabemos e que estão expostas no livro de I de Samuel.


Foi por causa da insatisfação divina com Saul, que Deus envia Daniel à casa de Jessé, o Belemita, com a missão de ungir um novo monarca para seu povo. Daniel, neste ínterim, se cercou de todos os cuidados para que sua ida a casa de Jessé não se constituísse num sinal de alerta a Saul de tal maneira que usasse de seu prestígio e poder para fazer com que os planos de Deus não acontecessem. Daniel pode ir a casa de Jessé em Belém fazer o que tinha que fazer, já que também era líder religioso da nação de Israel. Ao mesmo tempo que cumpria com a determinação divina de encontrar entre os filhos de Jessé um novo rei para Israel. Vejam só o que estou falando aqui, o profeta foi à família de Jessé para ungir um novo rei para Israel. Já que o primeiro rei, Saul, o Senhor já havia reprovado. Esta reprovação de Saul enquanto monarca vinda da parte de Deus é automática e instantânea. Para tanto, bastava que o profeta ungisse um novo rei. Porém, a deposição do monarca não será instantânea e automática.  


Alguns ensinamentos e conclusões podemos tirar da narrativa deste evento. Nem sempre, ou melhor, quase sempre a vontade do povo e de suas lideranças não  coincide com a vontade de Deus. Se a eleição de Saul foi algo que passou por aquilo que chamamos de vontade de Deus(Permissiva). O reinado de Saul gerou tanta, mas tanta insatisfação por parte de Deus, que Ele não apenas mandou seu servo ungir um novo rei. Ele também altera no rumo da história de Israel qual dinastia de casa real seria a protagonista desta história. Outro fato interessante é que ainda, e, na raiz ou tronco familiar, está a base de tudo, inclusive para a formação do nosso caráter. Eu quero chamar a atenção de você nesta noite para o fato de que Deus nunca nos olha sob a base de tratados e convenções éticas e morais. Ele olha e tem cuidado de nós lá no início da nossa formação. E onde somos forjados, senão no ambiente e contexto familiar?




I - Há um rei na família.


Primeiro de tudo é preciso entender, e temos que tomar esta precaução quando afirmamos da existência de um rei no seio da família de Jessé, o Belemita. E fazemos isso no texto básico para esta reflexão. Logo, a afirmação é procedente e o que me dá esta segurança é a missão dada por Deus a Samuel. Se Deus envia Samuel àquela família dizendo para o profeta ungir um novo rei para Israel, é sinal de que havia um rei naquela família. Já falamos do descontentamento da parte de Deus para com Saul e seu reinado. E que a paciência de Deus para com Saul chegou a seu limite. Tudo isto serve como um grande alento para todos nós. Ainda mais num tempo como o de hoje em que muitos oportunistas se infiltram no rebanho do Senhor se dizendo defensores da família. Eu sou casado há 32 anos, e minha esposa fala sempre da mãe dela, minha sogra, que orientava as filhas a não olharem apenas para o exterior das pessoas, ou dos pretendentes. Mas que olhassem também para as suas famílias. A raiz de onde o varão ou varoa estava saindo.


É bem verdade que ao fazermos tal Afirmação não desejamos fazer qualquer tipo de comparação entre a família de Saul e a família do novo rei que está para ser ungido pelo profeta Samuel. Entretanto, não custa nada ressaltar o que a própria narrativa deixa bem claro, é que Saul se destacava pelo seu bom porte físico. Ele se destacava no meio da multidão por causa da sua estatura(I Samuel 9:1-2). Ou seja, a narrativa estava bastante entusiasmada com o tipo de aparência que o primeiro rei de Israel exibia. Já o processo de  escolha do próximo rei de Israel, neste caso, aquele que está entre os filhos de Jessé, não ocorrerá tendo como critério altamente decisivo a vontade dos líderes dos anciãos do povo. E sim, aquele que o próprio Deus escolher. E que não possui como elemento e aspecto definidor tanto a aparência do escolhido, ou quem sabe, a boa vontade da liderança do povo.


Novamente retomo aqui ao elemento comparativo entre o tronco familiar para a eleição de Saul e o tronco familiar para a eleição de Davi, os dois primeiros monarcas respectivamente em Israel. E já começo dizendo que o fundamental em todo este processo de escolha é a vontade soberana de Deus. Todavia, não dá para omitir que o fato de que toda e qualquer família possui seus problemas internos. Algumas com maior ou menor intensidade, porém todas elas têm seus problemas. Mas, se olharmos os últimos versos do capítulo anterior, o número 15. Vemos por um lado o sentimento de dó por parte de Samuel para com Saul e de outro lado, Deus já não tendo mais paciência para com a insubordinação e desobediência do Rei Saul. E foi tanto a a situação que envolvia o sentimento de dó que Samuel nutria por Saul, assim como a paciência divina que fará com que o Senhor ordene ao profeta a unção de um novo para Israel dentre os filhos de Jessé, o Belemita. A ideia que esse texto passa é de que para Samuel, o rei Saul ainda não era um caso perdido. Talvez por isso a narrativa faça menção deste sentimento que o profeta ainda tinha pelo monarca.


Samuel então, vendo a necessidade e imposição da vontade de Deus de se ungir um novo rei. E questiona ao Senhor de como poderia fazer para que a ordenança divina fosse cumprida e que não chegasse ao conhecimento do Rei Saul a informação de que um novo rei em Israel tinha sido ungido. Uma vez que o profeta temia por sua própria vida. É quando Deus lhe dá algumas orientações. E algumas delas estão muito claras . Primeiro de tudo, sua missão é estritamente de caráter religioso, e, consequentemente, desprovida de caráter político. Percebe-se estes dois dados na forma como Deus o orienta: Toma uma bezerra das vacas em tuas mãos, e dize: Vim para sacrificar ao Senhor.(1 Samuel 16:2). Bem como na reação dos anciãos de Belém à chegada do profeta: "Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Belém; então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda? ⁵ E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao Senhor; santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou ao sacrifício. (1 Samuel 16:4,5). A justificativa do profeta é no sentido de que ele viera sacrificar. Logo, aqueles anciãos deveriam ficar tranquilos quanto aos objetivos de sua permanência ali.


A missão de se sacrificar cabia especificamente aqueles para quem o Senhor havia designado. Este ofício estava reservado à tribo de Levi e a seus descendentes(Num 1:49; Josué 13:33). Entretanto, neste período de transição entre a chegada do povo à terra vindos do Egito, houve um processo um tanto quanto turbulento em Israel. Foi um período marcado por aquelas lideranças que surgiam em decorrência da necessidade de livramento do povo  ante as opressões impostas pelos povos circunvizinhos. Assim foi nos casos de Sansão, Jefté e outros. Foi o período marcado pelos governantes chamados de Juízes. Já com o profeta Samuel e por força, também das circunstâncias, tem se iniciado através da sua figura ímpar, um processo de unificação das tribos sob uma única liderança. Era natural que esta situação fosse provisória em função de que o profeta em algum momento teria que ser sucedido por outra liderança mais jovial. O problema se agravou já que o sucessor natural do profeta seria um de seus dois filhos. Porém, ambos, tal como afirma o texto já referenciado aqui, eram corruptos e não desfrutavam de prestígio entre as lideranças do povo e seu conselho de anciãos. Vale lembrar que um dos motivos cruciais para que Deus não tivesse mais paciência com Saul, foi o fato de que o rei constantemente desobedecia algum tipo de ordenança divina. Ele extrapola suas funções de monarca que estava restrita à liturgia do ofício político(I Samuel 15).


É fato que todos os eventos elencados neste texto servem a justificativa do porque Deus rejeitou a Saul como rei sobre seu povo. E o motivo por que estamos observando a narrativa do capítulo 16, é pelo fato de que o profeta Samuel está em missão dada por Deus para ungir um novo monarca em Israel. Não custa nada lembrar que a vinda do profeta a Belém causou certa estranheza à liderança daquela localidade. Todavia, nas palavras do profeta, ele veio sacrificar ao Senhor. Sua missão era estritamente religiosa. E mesmo que houvesse objetivos ainda não revelados, como a unção de um novo rei. Ainda assim, o que aconteceria posteriormente entre os filhos de Jessé, também seria um acontecimento no escopo do serviço religioso. O curioso, é  que o profeta ao se deparar com Eliabe, o primogênito de Jessé, já se empolgou achando que aquele seria o monarca de Israel. Novamente o profeta se deixando levar pela aparência. Mas, Deus o adverte dizendo que não se guiasse pelo que estava vendo. E assim ocorreu com os sete filhos de Jessé e o profeta recebendo uma negativa divina que não fora o escolhido. E foi assim até não haver mais filhos para serem apresentados ao profeta.


O que aconteceu então, Jessé não possuía mais filhos? O que o profeta, a mando do Senhor, foi fazer em sua casa no cumprimento de um mandamento divino, era de ungir entre os filhos desse patriarca um rei para Israel que o Senhor já havia provido. Samuel diante das seguintes negativas de Deus ante aos filhos de Jessé que iam sendo apresentados. O profeta então pergunta a Jessé se ele não tinha mais filhos? Foi quando Jessé disse que ainda tinha um que cuidava dos rebanhos. Este que cuidava do rebanho da família era o filho caçula. E cuidar do rebanho tenha sido a única função que lhe cabia na família. E, não era lá uma função honrosa a desempenhar. O pequeno Davi era então um pastor de ovelhas. Como tal, já devia ter passado por vários apuros, já que quando se cuida de rebanhos, corre-se sempre o risco de se deparar com alguns dos seus predadores naturais: Ursos, leões, lobos e tantos outros animais carnívoros. E Davi tinha era história para contar de como encarava esses predadores na defesa de suas ovelhas.


Para encerrar este tópico, é importante salientar como contraponto ao fato de que se Deus rejeitou a Saul, foi por que Ele amou a Davi. Aquela expressão: "Amei a Jacó e aborreci a Esaú", pode muito bem Ser utilizada aqui e sua aplicação é bastante factível. Da mesma forma como Esaú tratava com desleixo tudo acerca dos planos e promessas de Deus, Saul também e na qualidade de monarca jamais deu a atenção necessária no sentido de que as promessas e planos divinos para seu povo fossem executadas. Rejeitar a Saul aqui tem apenas o caráter de rejeição enquanto monarca. E pelo fato de não haver respeitado a função que lhe foi dada enquanto investidura divina para o exercício do cargo.


__________________________________



Continua na segunda parte: Há um rei na família?









 


Fiquem com a fé!!!

  Texto - Hebreus 12:1-16 Tema - Fiquem com a fé!!! ICT - Assim como essa grande nuvem de testemunhas do passado. É nosso dever e obrigação ...