TEXTO - Rute 1:6-14

TEMA - Mulheres de oração

ICT - O texto em questão ressalta o cuidado e o carinho com que Noemí trata suas noras. Também revela sua preocupação com o futuro de ambas.

Objetivo Geral - Levar a congregação ao entendimento de que quando se tem cuidado, carinho e preocupação com o próximo, poe ele também se intercede junto a Deus.

Objetivo Específico - Levar a congregação ao entendimento de que possuir sentimento de proteção e cuidado para com o próximo, é o caminho para uma vida de oração.

Tese - Noemí é uma mulher de oração.



Introdução

     Estamos nos primeiros cinco dias do mês de maio de 2019. Tradicionalmente é um mês consagrado a família. E não dá para dizer que este tipo de tradição seja algo circunscrito à cultura de nossa cidade, estado ou país. Pois, é comumente uma tradição cultural e religiosa que está inserida na vida dos cristãos ocidentais. Evidentemente, que o motivo e natureza do convite para estar aqui esta noite, não dizia respeito especificamente a uma palavra sobre a família, mas, especificamente sobre a oração.

     Mas, aí eu pergunto: Qual é o lugar mais apropriado, e, na maioria das vezes, dada a vida secular que levamos, e, onde mais propensos estamos para desenvolvermos uma vida de oração? Pois bem, no meu entender, mesmo que haja alguém aqui nesta noite que possua uma dinâmica de vida um pouco fora dos nossos padrões. Mesmo assim, nossa vida de oração é muito mais intensa no interior de nossas casas. Ela é até recomendada pelo Senhor Jesus(Mateus 6:6)

     Logo, o que tenho em mente nesta noite para desenvolver com cada um de vocês, é um acordo tácito de que nossa vida de oração acontece, flui com muito mais intensidade no interior de nossos lares. E foi por isso, que resolvi buscar como referência e parâmetro para nossa reflexão esta noite o livro de Rute. Não tenho a intenção de perguntar especificamente a cada um de vocês se alguém aqui conhece este livro? Até porque, senão conhece o ônus ou responsabilidade por não conhecê-lo, cabe também a nós pastores. Já que dificilmente tenho visto nesta minha vida de pregador algum sermão com base neste livro.

     Especialmente, numa ocasião como  a de hoje, dada a pertinência do tema por mim proposto. Optei por não trazer algumas outras informações que facilitassem uma compreensão mais abrangente sobre este livro. A explicação quanto a isto é pelo fato de que minha intenção é basicamente destacar que mesmo em um momento caótico, desolador e de profunda amargura para estas três mulheres viúvas. Ainda assim, e, tendo por base as falas de Noemí neste texto, pode se afirmar que estas três mulheres eram mulheres de oração.

     Fico imaginando o que deve estar passando pela cabeça de cada um de vocês ao ouvirem uma afirmação como esta. Alguém poderia mesmo me interpelar alertando-me para que eu pegasse um pouco mais leve com essas afirmações. Ou, até mesmo afirmar que eu estaria vendo coisas onde não existe. Ou, que o texto não registra. Talvez, até por isso, devêssemos pensar numa forma de reconceituar ou resinificar o que realmente é a oração nos dias de hoje. E uma dificuldade perceptível nestes dias atuais é que a oração está diretamente ligada e restrita à vitória e realização pessoal. 

     E para falarmos, melhor dizendo, afirmarmos que estas mulheres eram mulheres de oração, temos que tentar entender sua natureza  e de posse de tal entendimento submetermos o termo oração a este processo de reconceituação e resignificação. Caso contrário, as coisas não batem. Uma vez que a afirmação de que são mulheres de oração e passam por uma situação alarmante e caótica. Situação de penúria material e daí a concluir  que a penúria também é espiritual é apenas mais um passo. 

     Não há dúvida de que um dos elementos motivadores para a prática da oração é a proatividade ou protagonismo de quem ora. Mesmo que o resultado da oração que fazemos não esteja restrito tão somente às nossas subjetividades. Pensamos dessa maneira no livro de Rute, nesta passagem, em especial do capítulo primeiro, por entendermos que: A oração não é um segmento da vida do servo de Deus; Ela é a própria vida deste servo e que possibilita tornar efetiva sua influência no contexto da vida do povo de Deus.



I - Quando a mulher é de oração ela também tem atitudes.(V.V. 6-7)


     E estas atitudes são resultados de uma vida de muita oração. O texto afirma que Noemí se levantou com suas noras resoluta a voltar para junto de seu povo. Fico imaginando como esta mulher, em meio ao silêncio. E, silêncio aqui, diz respeito à sua condição de mulher numa estrutura hierárquica e familiar do tipo patriarcal onde  a mulher tinha pouca, ou nenhuma importância.

     Fica claro que o patriarcalismo a que Noemí enquanto mulher estava submetida, não era uma prerrogativa tão somente dela. Foi um princípio regulador das relações sociais que desde sempre marcou presença  nas sociedades do mundo antigo. Até hoje, se perpetua em muitas das culturas e segmentos de sociedades de nossa vida moderna. Uma estrutura familiar que tem sido alvo de muitas críticas, principalmente por aqueles setores marcadamente de linha ideológica mais a esquerda. Ou tidos como progressistas.

     Notem vocês que a forma resoluta com que Noemí resolve retornar a sua natal. Pode dar a entender que, se prevalecesse a vontade dela, quando seu marido, Elimeleque, decide ir às campinas de Moabe em busca de alimentos. Eles jamais teriam saído de Belém. Noemí toma esta decisão de voltar no momento em que não há mais homem em sua família para decidirem sobre os rumos de sua família naquele momento.

     O verso 7 reforça eta decisão de Noemí. Ela saiu do lugar onde estava. E, como já foi dito antes, pode ser que jamais tenha concordado com o esposo ao sair de Belém. É evidente que o texto não registra o fato de que tenha havido qualquer tipo de descontentamento por parte de sua esposa. A única informação que o texto nos disponibiliza é que esta família, cujo chefe do clã era Elimeleque, foi peregrinar nas campinas de Moabe. Porém, é uma conjectura bastante plausível.

     Deixando de lado o que é conjectura já referenciada no parágrafo anterior. O que é fato, é que Noemí, esta viúva já bastante idosa tomou  a decisão de retornar à sua terra natal. E toma a decisão exatamente no momento em que cabe tão somente a ela fazer tal coisa. Neste exato momento, a prerrogativa é dela tão somente. Todavia, a referência de que o Senhor novamente havia visitado o seu povo dando-lhe pão. É também sintomática de que levasse muito a sério tanto o agir, quanto os prenúncios de que sempre procurou fazer a vontade divina.



II - Uma mulher de oração é alguém com responsabilidade social.(V.V. 8-9)

     A atitude resoluta de Noemí para volta a sua terra, a princípio não visava um retorno juntamente com suas noras. Tal como ela que naquele lugar vivia como uma estrangeira. O mesmo aconteceria com sua noras moabitas, caso, as mesmas com ela retornassem a Belém. Daí a razão em aconselhá-las a voltarem às casas de suas mães.

     estas noras não apenas deveriam deixar que sua sogra Noemí fizesse o caminho de volta solitária, bem como, deveriam buscar abrigo na casa de onde saíram para se casarem. Este conselho revela uma grande preocupação da sogra. Uma viúva sem ter onde se abrigar e sem perspectiva de ter um outro marido, o que era o caso de Noemí. Não teria como acolher as noras também viúvas. Entretanto, no caso das noras, havia um outro risco, e este pelo fato de ainda serem jovens, e, por conta disso, poderiam ser induzidas à prática da prostituição.

     Era justamente o que Noemí não desejava para suas noras. Ela foi capaz de fazer ver a cada uma de suas noras, caso fizessem o que lhes estava aconselhando, um futuro promissor: "O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma na casa de outro marido". Isso, para mim é uma oração que retrate com fidelidade o cuidado e carinho com tratava suas noras. É uma oração revestida, ou seja, com uma investidura de preocupação e responsabilidade social.


III - Mulheres de oração têm instinto de preservação.(V.V. 10-13)

     Há dois extremos quando se pensa da maneira proposta neste tópico. Levando em conta a fala e resolução de Noemí, bem como a decisão que suas noras tomaram em segui-la rumo a Belém sua terra natal. Do ponto de vista das noras e de uma provável e agradável experiência que tiveram com seus maridos. O tipo de religiosidade praticada por Noemí e sua família. Pesaram muito na disposição delas em querer seguir a sogra.

     Noemí, por outro lado, é bastante enfática em dissuadi-las deste intento. E, em sua fala, pondera tanto a cerca da impossibilidade legal de acordo com o qual ela deveria prover a estas mulheres outros filhos com o objetivo de se perpetuar a descendência de seu marido e dos seus dos filhos. E isso ela não mais poderia fazer dada a sua idade avançada.

     Todavia, o verdadeiro motivo de Noemí em dissuadir suas noras em lhe seguir, está em uma de suas últimas no verso 13, onde ela afirma: "A mão do Senhor se descarregou contra mim". Ela então, não descarta a possibilidade de que em algum momento de sua vida, ela ou alguém de sua família tenha cometido algum tipo de falta grave, e, por isso, agora estava padecendo em decorrência desses pecados ou pecado cometido. 

     Ela então entende que se suas noras a seguirem também padecerão as mesmas dificuldades decorrentes de pecados cometidos. Na cultura e religiosidade judaica a questão da culpa e do padecimento decorrente da mesma é algo que atinge a todos. Todos sofrem as consequências. Isto, também pode se ver no Novo Testamento principalmente nos escritos de Paulo quando ele se vale de uma expressão como "Estar em Cristo". Neste caso em especial, as consequências são para melhor.



IV - Mulheres de oração também trilham caminhos diferentes(V. 14).  

     O tempo todo desta reflexão venho fazendo menção de uma maneira bastante genérica. Não apenas porque foi e tem sido minha intenção destacar a postura de Noemí como uma mulher de oração, bem como, por afirmar em tom categórico que suas noras, muito embora pertencessem a um outro povo, também eram mulheres de oração.

     Neste tópico, porém, percebe-se que a relutância de Noemí de não querer regressar à sua terra natal com suas noras moabitas, surtiu metade do efeito esperado. O verso 14 é prova disso, ainda que o pranto, o grito de lamento de ambas as partes fosse intenso e significativo, dá para compreender isso também, ao mesmo tempo que há sinais claros de como essas mulheres e queriam bem umas as outras.

     Uma delas então, Orfa, a que fora casada com Malom, o primogênito, resolve retornar a casa de seus pais. Isto significa, tal como o verso 15 nos informa pelas palavras de Noemí, que ela: "Voltou para o seu povo e os seus deuses". Acho até, que aqui não cabe qualquer tipo de ajuizamento quanto a atitude de Orfa. Porém, se ela retornou, e, por ser mulher, sua vontade será sempre a vontade do marido, ou a do patriarca  que no momento de sua volta estivesse governando a família dos seus pais.

     Mesmo com todas essas especificações, e com toda justiça, eu esteja relacionando-a também como uma mulher de oração. É fato que Orfa trilhou um caminho diferente. Ela trilhou este caminho diferente aconselhada por sua sogra. Aqueles que já leram este livro sabem que é apenas e tão somente neste capítulo primeiro que em toda a escritura sagrada se fala de Orfa, a nora moabita de Noemí.

     Também, não é para menos, trata da moabita Rute. É por causa de Rute que o livro leva o nome e de como ela sendo uma moabita se insere na cultura, na religiosidade e na história do povo de Deus. Chegando, inclusive, a fazer parte da genealogia de Jesus(Mateus 1:5). Por outro lado, e não tenho não tentar conjecturar novamente. O fato de Orfa ter trilhado um caminho diferente. Ou mesmo de ter voltado a seu povo e aos seus deuses, ela com certeza levou muito do aprendizado de uma família judaica para entre os seus.



Conclusão

     Quero encerrar esta palavra dizendo que aquele crente em Jesus que não for capaz de reconhecer que ele é a prova mais cabal de que a oração dá fruto, dá resultado, também não é capaz de conservar um dos sentimentos mais preciosos nos ser humano que é a gratidão. E quando se fala em gratidão é uma referência em duplo sentido. Pois, é primeiramente gratidão a Deus por sua misericórdia e gratidão a todos aqueles que por nós e ao longo de nossas vidas têm se prontificado a estarem intercedendo por nós.

     Somos frutos de orações, primeiramente quando nossos pais oraram para que viéssemos a este mundo com saúde e que fôssemos educados e perseverássemos nos caminhos do Senhor. Se estamos até seguindo na fé que temos abraçado em Cristo Jesus, é porque as orações de todos aqueles que intercederam e intercedem por nós continua fazendo a diferença em nossas vidas.

     E aquela oração que surge lá no convívio dos nossos lares é sim carregada de significados. Uma delas, em especial me vem a memória. Ela está lá no livro de Jó. E o texto diz que este servo de Deus, quando os seus filhos se reuniam para comemorarem e se banquetearem-se nos seus dias. O texto diz que Jó levantava-se pela madrugada para oferecer sacrifícios a Deus. Caso algum deles tivesse pecado contra o Senhor, e intercedia por eles(Jó 1:4-5).

     Estamos falando muito de oração e levamos este texto para um tipo de desenvolvimento que não é muito comum. E, ele serviu não apenas para que se falasse de oração, mas, para que também falássemos da necessidade de uma vida de oração. O exemplo utilizado baseou-se na vida atribulada de uma família e que do ponto de vista de sua matriarca, cujo nome era Noemí, e de suas duas noras. A princípio, não seria possível que vislumbrasse algum tipo de perspectiva positiva para o futuro.

     Pois bem, foi feito a tentativa de se mostrar que estas mulheres eram mesmo mulheres de oração e o Deus a quem elas recorreram em suas preces era o Deus todo poderoso de Israel que através de Noemí e sua família estas mulheres moabitas puderam não somente conhecer sua misericórdia e, acima de tudo, experimentá-las. Que o Deus todo poderoso de Israel possa nos abençoar de tal maneira, que em qualquer lugar onde ele seja invocado que a sua graça e a sua misericórdia se torne uma realidade. Foi por conta disso, que fiz questão de enaltecer a figura de Orfa que, apesar de ter retornado à casa de seu pai, deve ter levado muito do que aprendeu enquanto fez parte da família de Noemí. Amém !!!














      


     

      







     

     








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