Compilações/Coletâneas

 Se tem alguém que gosta. Que realmente é um apaixonado por teologia. Essa pessoa sou eu. Gosto de ler os teólogos, assim como me sinto tentado, sem falsa modéstia, a desconstruir os argumentos de alguns deles, para primeiro poder entender, depois criticar mesmo. Mas, tem uma coisa que não dá pra deixar de lado, ou como na gíria mais popular se pode dizer, jogar para escanteio. E estou falando daquilo que é mais importante nas igrejas que são as pessoas, o povo que ali se reúne, a congregação por assim dizer.

A igreja, na pessoa daqueles que a ela acorrem, ou congregam é a fonte, a substância, a razão pela qual o que chamamos de teólogo sobrevive. Por teólogo, quero que entendam que me refiro especialmente aqueles que militam neste e a partir deste espaço sagrado comumente conhecido como igreja. Eles não são meros produtores de conteúdos acadêmicos. Eles são a síntese de um conjunto de experiências de fé projetadas pelo passado crítico e ajuizador representado e projetado na congregação de hoje. E esta congregação agora peregrina ad infinitum.

Certa vez, mais especificamente no final dos anos 70, em plena efervescência das teologias Progressistas latino americanas, alguém cunhou a importância da ida das pessoas às igrejas, e a este caminhar no sentido de peregrinar com a igreja, mas de uma maneira que, para muitos soava de forma ideologizada, ao chamar a congregação, ao povo que liturgicamente fazia do seu caminho a igreja uma caminhada de peregrinação e de consequente superação da alienação. 


Este povo e no contexto desse ambiente latino americano foi cunhado com uma atribuição mais específica e socialmente aceita, ele foi chamado de pobre. Este pobre nesta nova retórica e hermenêutica progressista cristã e latino americana assumiu tamanho protagonismo e importância que alguém afirmou categoricamente que: "A igreja sem os pobres era um lugar abandonado por Deus e por Jesus(Passim)."


Mesmo com todo esse tipo de ferramenta ideológica e social que nos facilita e oportuniza a possibilidade de uma leitura das reais condições sociais das pessoas que vivem em sociedade, ou alijadas dela. É praticamente impossível fazer qualquer tipo de comparação entre o que entendemos por pobres e pobreza em ajuntamentos sociais como os que ocorriam no mundo antigo com a atual situação daqueles que agora nestes tempos experimentam algum tipo de flagelo social provocado por condições sub humanas impostas pelos atuais modelos econômicos em vigência atualmente.


Todavia, seja qual for a leitura e o viés ideológico empregado com objetivo de aferir as reais condições sociais das pessoas menos favorecidas. E seja lá qual for o contexto histórico e social dessas pessoas. É fato, e consenso geral que, desde que o mundo é mundo, existe sempre a exploração do homem pelo homem. Talvez, seja por isso que o próprio Jesus, certa vez, quando uma mulher vem a sua presença e lhe unge com um bálsamo caríssimo, e alguém insinua que o ato desta mulher foi um desperdício. Ele condena tal afirmação de maneira velada, não deixando que o tratamento que se dá aos pobres seja instrumento de algum tipo razão que extrapole o cuidado que se deve ter com a vida humana


A lógica de uma ajuda aos pobres não é de todo descartada. Porém, antes disso, o senhor Jesus foi capaz de enaltecer a atitude daquela mulher e lhe confere uma dimensão messiânica, uma vez que, segundo o próprio Cristo, ela o ungiu preparando-o para sua morte. Por outro lado, o bálsamo poderia ser vendido e o dinheiro da venda ajudaria aos pobres. Porém, o que não falta são oportunidades para se ajudar aos pobres. Pois: "Os pobre sempre tereis convosco." (João 12:8a). 


O que nós jamais deveríamos perder de vista, é que os pobres são mesmo instrumentos de Deus para se trazer seus juízos sobre a terra e os homens, àqueles mais poderosos. E por pobres devemos ter a decência de entender que são aqueles efetivamente desprovidos de recursos suficientes para sua subsistência. E por isso se sujeitam a todo e qualquer tipo de exploração patrocinada pelo próprio homem, com o único objetivo de levar o pão suado de cada dia de trabalho, mesmo que seja sob as condições mais injustas e aviltantes a que é submetido.

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Naquelas típicas conversas em contextos e situações familiares, no dia de hoje, em uma dessas conversas também em família, estava lembrando de uma expressão que minha saudosa mãe, umas tantas vezes, tinha por hábito pronunciar. Sempre que se comentava a cerca das atitudes de algumas pessoas, dizia ela: "Deus não dá asas a cobra." Uma das razões por que faço alusão a esta expressão, diz respeito ao fato de que estamos passando por tempos muito tenebrosos e onde aquilo que chamamos de relação de confiança em qualquer situação está praticamente fora de cogitação. 


E falar de relação de confiança diz respeito até mesmo a relação ovelha-pastor que se não é deveria ser fundamental no ambiente e contexto das igrejas. E o problema não é propriamente essa crise pandêmica e sanitária, este problema sempre existiu. Porém, num contexto e data mais próximo da atual situação em que vivemos foi acirrado e multiplicado exponencialmente por razões ideológicas. Todavia caso queiramos retroceder mais e mais no tempo, podemos chegar até a escritura sagrada. Mais precisamente no capítulo 10:11-18 do evangelho de João, onde o Senhor Jesus faz uma alusão a título de comparação entre o pastor mercenário e o verdadeiro e bom pastor que até sua vida é capaz de dar pelas suas ovelhas.


Mas, a palavra que quero deixar com vocês é a seguinte: Não espere por nenhum religioso na expectativa de que o mesmo libere uma palavra de conforto e consolo neste momento em que as famílias estão experimentando dores profundas por causa das perdas de vidas provocadas pela epidemia do COVID-19. Como um bom cristão e na autoridade que a própria palavra te confere, libere essa palavra de conforto e consolo para aqueles que, neste momento, estão padecendo e alguns até mesmo perecendo em seus leitos de dor. A própria escritura ensina que qualquer um de nós enquanto cristãos somos sacerdotes universais(I Pedro 2:9). Logo, temos essa investidura e autoridade no nome de Jesus, e, para o exercício de tal ministério, não carecemos da chancela ou aval de nenhum grupo clerical. E que Deus nos abençoe neste ministério.

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Todos vocês que me conhecem das redes sociais e até mesmo os que me conhecem pessoalmente, sabem das minha posições políticas. E mesmo tendo a investidura religiosa, pois sou pastor de confissão Batista, não abro mão delas enquanto cidadão. Todavia, e, nesta hora, quero mudar o tom de minhas colocações, não significando que tenha mudado o entendimento e condução dos meus posicionamentos. Mas, quero poder fazer uso com um pouco mais de intensidade do meu ofício e investidura.


Falo isso, pois tenho também a percepção que estamos deixando muito a desejar enquanto ministros da Palavra de Deus, quando o assunto é ministrar conforto e orientação espiritual nestes momentos de crise pandêmica. O que me parece quando algum colega se mostra negacionista diante da crise sanitária em que nos encontramos, é que é mais fácil resumir a mesma a algum tipo de conspiração midiática e, por conta disso, se furtar a tratar aqueles que padecem nesta mesma situação catastrófica.


E que tipo de tratamento seria este? Se não somos médicos, enfermeiros, ou algum outro profissional de saúde? É bem verdade que as orientações quanto ao isolamento social precisam e devem ser seguidas com extremo cuidado. Ele deve começar por ferramentas de comunicação como esta. Se você enquanto ministro dispõe de uma ferramenta de comunicação como esta. Você tem como ministrar uma palavra de alento e de conforto para aqueles que estão enlutados.


De ontem para hoje recebi a mensagem de uma amiga das redes sociais que estava com o sobrinho para ser transferido para uma unidade de saúde, em outra cidade. E o que ela me pedia era que estivesse orando pela recuperação daquele jovem. Tenho certeza que muitos outros colegas pastores recebem este mesmo tipo de pedido. Porém, na maioria das vezes, o que temos feito enquanto pastores, e isso é facilmente verificado pelas próprias lives que eles promovem é, pela ordem, negar a existência dessa Pandemia, negar a necessidade de Lockdown, e, acusar algumas autoridades, não todas, ao afirmar que a necessidade de Lockdown é apenas uma desculpa para que seus templos estejam fechados.

Como disse, logo no primeiro parágrafo deste texto, sou de origem, formação e confissão Batista. E ninguém melhor do que um Batista para falar da liberdade de consciência, da liberdade de culto e da liberdade religiosa. Isto é nosso DNA, está em nossa história e essência. Porém, a discussão maior neste momento não é esta. A preocupação maior neste momento deve ser a preservação da vida. E se o Lockdown, se o isolamento social e todas as medidas protetivas em função da vida humana, são recomendadas pelos agentes de saúde. Cabe a nós acatarmos tais recomendações.


E por que tenho acatado tais recomendações, eu quero, neste momento, e através da única maneira que me vejo em condições de ser mais um elemento proativo nesta sociedade tão cheia de fraturas, externar o meu desejo e oração pra todos vocês que já foram alcançados por este famigerado vírus e como consequência ou estão apreensivos com o desfecho desta situação, com aqueles que estão sob os cuidados médicos, muitas vezes precários. Com aqueles que já sentem a dor da perda de algum ente querido. Que Deus conforte seus corações. Que Ele possa fortalecer e prover sua vida com saúde e  bons sentimentos. 


E lembrando aqui do nome do jovem lá do nordeste que estava na noite de ontem sendo transferido para outra unidade de saúde. Seu nome é Ricelly, ele é da cidade de Itapiúna no Ceará estava sendo transferido para Quixeramobim. Oremos por este jovem, pela sua família. Situações como está não são casos isolados. As famílias estão acuadas e sensibilizadas com o fantasma desse vírus. Se você também conhece alguém ou algumas pessoas que atravessam esta mesma dificuldade, sinta-se a vontade para usar este espaço para colocar seus nomes e juntos intercedemos uns pelos outros em oração. Obrigado e que Deus nos abençoe. 

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Valendo-me dos principais termos e jargões midiáticos em uso nestes tempos de início de terceiro milênio. Fiquei curioso em fazer algum tipo de reflexão a cerca do que realmente as pessoas, principalmente aquelas mais assíduas aos bancos de igrejas, sabem sobre Jesus, ou mesmo se elas tivessem que mapear um perfil psicológico a cerca de Jesus, a partir do que elas ouvem nessas igrejas e as respectivas literaturas que têm acesso, como seria esse perfil?


Não existe apenas um Jesus nos textos bíblicos, em especial no Novo Testamento. O Jesus dos evangelhos, principalmente o da tradição sinótica, não bate com algumas das principais hermenêuticas que se apresentam na atualidade. Ele é muito mais humano, se mistura com o povo, come e bebe com os mais humildes(Pecadores). Nunca se impressiona com a fama, inteligência e riqueza das pessoas(O jovem rico). E, acima de tudo, quando tem a oportunidade de contemplar a multidão, é capaz de externar um profundo sentimento de amor e de misericórdia. Que é, afinal de contas, o que o move no firme propósito de fazer a vontade daquele que o enviou.

    

Esse Jesus não se furta a debater a cerca dos flagelos humanos. Age efetivamente com o objetivo de minimizar todos os flagelos de que o homem é acometido. Aqueles que acontecem em decorrência das condições do clima, da geografia, e que geram situações sociais caóticas como fome, guerras, doenças, etc. Minha outra curiosidade após esse breve resumo, é de saber, em níveis percentuais, e a partir desses frequentadores assíduos de igrejas, qual é o grais de identificação com esse Jesus da tradição sinótica? 



 

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