TEMA - ROGAI, POIS, AO SENHOR DA SEARA.

TEXTO - MATEUS 9:35-38


ICT - O ESTAFANTE TRABALHO QUE O SENHOR JESUS TINHA O LEVA A FAZER UMA ESPÉCIE DE DESABAFO, POIS ESTE TRABALHO PRECISA SER FEITO NÃO APENAS POR ALGUNS POUCOS TRABALHADORES, MAS POR TODOS QUANTOS O SENHOR ENVIAR

OBJETIVO GERAL - LEVAR A CONGREGAÇÃO AO ENTENDIMENTO DE QUE A OBRA QUE DEUS NOS TEM PROPOSTO É UMA OBRA QUE NÃO PODE TER NEM EXCLUSIVIDADE, NEM U MA PRERROGATIVA DE POUCOS.

OBJETIVO ESPECÍFICO - LEVAR A CONGREGAÇÃO AO ENTENDIMENTO DE QUE A FAZER A OBRA DO SENHOR É ESTAFANTE, EXTENUANTE, MAS PRECISA SER FEITA COM AMOR E DEDICAÇÃOE COMISSIONADO POR DEUS

TESE - SOMENTE DEUS É QUEM PROVÊ TRABALHADORES PARA A SUA SEARA.






INTRODUÇÃO



     Se eu tivesse uns poucos segundos após a leitura do capítulo 9 deste evangelho para sintetizar o que mais me salta aos olhos, eu diria numa sentença: "Uma vida muito agitada" Em todos os aspectos o que se depreende ao ler na íntegra este capítulo, e, a jugar pelo conjunto dos relatos de todos os evangelhos, que o tipo de vida que o Senhor Jesus teve, empreendida por ele mesmo, foi de muita agitação.

     Se contextualizarmos esse conceito de agitação da vida com as nossas experiências desde uma situação delimitada por um perímetro urbano em pleno século 21, eu diria que uma vida agitada é a característica principal deste século. Nos movemos pelas demandas do dia a dia. Casa, trabalho, escola, casa e entre um e outro contexto está o deslocamento que nem sempre é o mais adequado e mais confortável.


     Toda a nossa agitação é provocada pelas demandas do dia a dia. Mas, ela exibe uma característica que é a de que fazemos tudo isso em função de alcançarmos objetivos que em sua maioria estão relacionados a satisfação e realização pessoal. Buscamos a felicidade e nessa busca por ela nos deparamos com situações limites que precisamos superar. A consequente superação demanda tempo, porém exige de nós persistência e dedicação. Logo, ao alcançarmos determinados objetivos pode se dizer que se alcança algum tipo de prazer ou felicidade


      No caso do Senhor Jesus, sua busca ou prazer estava baseada na realização da vontade do Pai(João 4:34). Sua função precípua era anunciar o evangelho do Reino e de forma indistinta, ou seja, para todos. Porém nesta missão hercúlea de se anunciar a chegada do Reino de Deus(Marcos 1:15), existia um grande desafio que é o mesmo com que nos deparamos atualmente, a incredulidade. Acho até mesmo interessante, que, no início desta palavra, se faça menção de uma outra situação, neste caso, a incredulidade, que do ponto de vista de uma parábola de Jesus como a do Joio e do trigo, eu diria que a incredulidade é o joio. Pelo fato de que não existe alternativa se não o convívio com ela.


     Este relato também tem nos mostrado que pra se chegar ao coração do homem, precisa-se passar por todos os seus problemas e mazelas. E elas são de todo tipo. Aparecem pessoas com deficiência física e junto delas se pode enaltecer uma virtude, talvez muito mais frequente hoje do que no período desta narrativa. Pois o paralítico ali estava por causa do cuidado e amor com que tinham com ele aqueles que o trouxeram a Jesus. E Jesus reconhece o esforço daqueles homens quando o texto aponta para o fato de ter observado não somente o paralítico, como também aqueles que o trouxeram Jesus: "Vendo a fé deles."


     Um outro detalhe que não é muito destacado nesta passagem, é o fato de que o Senhor Jesus, apesar de no verso 3 ser acusado de blasfêmia pela declaração que faz no verso 2, está sendo muito mais fiel a tradição e cultura religiosa de seu povo, bem como a Lei do que os escribas que ali estavam. Pois, o verso 2, após o Senhor Jesus observar a fé daqueles homens ao trazer o paralítico a sua presença. Ele profere uma palavra de perdão de pecados àquele paralítico. Através desta narrativa observamos como o Senhor não dispensa a oportunidade para disseminar a sua mensagem. Me perdoem pelo palavrão, mas o Senhor Jesus está sendo PROPEDÊUTICO. 


     Muito mais do que ficarmos destacando e enaltecendo o caráter divino do Senhor Jesus, é a necessidade que temos de nos apropriarmos de sua palavra ao paralítico e a repercussão que gera no seio da comunidade religiosa. E o primeiro problema está no fato de que esta declaração tem cheiro de blasfêmia. Pois, o verso 3 mostrará que os escribas que o acompanhavam eram também pessoas responsáveis por levantar algum tipo informação sobre o senhor Jesus. 


     Não se assustem, isso é assim mesmo, toda vez que alguém se desponta por causa de alguma virtude, inteligência ou habilidade artística, pode se gerar uma série de sentimentos de natureza boa ou má. E ninguém melhor para conhecer o coração dessas pessoas do que Senhor Jesus. Tanto que a pergunta dirigida por ele a estes escribas, é exatamente sobre a natureza maligna dos seus pensamentos. 


     O cenário político de nosso país transformou-se num verdadeiro laboratório a céu aberto. Eu somente não vou cometer a leviandade em afirmar que a situação está insustentável hoje. E digo isso com uma relativa base bíblica. Porque em qualquer época em que estivermos ou estamos, os dias são sempre maus. Isto significa que não importa a situação ou contexto social em que nos encontremos, vamos estar sempre sujeitos a toda sorte de dificuldades, ou injustiças. O Senhor Jesus em seu tempo também enfrentou todo tipo de situação antagônica. E algumas delas em virtude de seus reais opositores, entre eles, os escribas.  (Mateus 6:34; salmo 37:19; efésios 5:16; provérbios 15:15; salmo 94:13; salmo 49:5


     Quando afirmei que o Senhor Jesus estava sendo PROPEDÊUTICO, no quarto parágrafo desta introdução, fiz na intenção de demonstrar que o redator deste texto o faz ao encaminhar não somente sua missão messiânica assim como contextualizar essa missão ao princípio de cumprimento da Lei pelo processo de purificação. Uma vez que em suas ponderações junto aos escribas ele os argui sobre duas possibilidades: O  perdão dos pecados, ou a cura do paralítico. Em qualquer dessas opções propostas por Jesus, há uma fundamentação de cunho teológico, religioso e moral.


     Está também em jogo uma definição do problema do mal no tocante a sua intencionalidade. Isto porque o que não se pode omitir neste trecho que vai desde o verso 2 até o verso 7 e que trata de um dos flagelos humanos que são as doenças ou deficiências de que são acometidos os homens em decorrência das muitas enfermidades ou patologias. Aquele paralítico estava num sofrimento constante até que se encontra com Jesus, e graças a aqueles que o trazem a sua presença, ele será abençoado com a operação de um milagre feito por Jesus.


     Como já foi dito, houve uma operação de milagre que foi capaz de devolver a mobilidade das pernas a um paralítico. O resultado disto foi que a multidão ao testemunhar tal fato  se maravilhou. E isto foi suficiente para que Deus pudesse ser glorificado. Será que Deus era glorificado antes de tal acontecimento, ou jamais tinha sido glorificado da forma como a multidão o glorificou nesta situação? Considerando uma formação básica em religião por parte dos judeus, é de se imaginar que eles tivessem sim a consciência da verdadeira adoração, melhor exemplo, do que o diálogo de Jesus com a samaritana não há(João 4:22).


     Logo, o povo entendeu que o que aconteceu foi sim uma intervenção divina operada através de Cristo. E fez o que devia fazer glorificar a Deus e não aos homens. E se achou também temeroso, e o termo traduzido por MARAVILHOU-SE, traz a ideia no original grego de alguém que fora acometida de medo. Pelo fato de que Deus tivesse revestido de poder a um homem. Os escribas não podiam contestar  a este entendimento do povo. Continuar com a acusação de blasfêmia os escribas, pelo menos naquele momento, não podiam dar continuidade.


     Nos versos subsequentes vamos encontrar o Senhor já na cidade chamando pecadores para fazerem parte do grupo dos seus seguidores. Ao mesmo tempo que se junta com outros tantos tidos como pecadores. E é o motivo pelo qual agora se torna alvo de críticas e de ódio dos fariseus. Eles não aceitam que ele se assente a mesa com publicanos e pecadores. E  a sua explicação é muito inteligente, pois ele diz não necessitar de médicos os sãos e sim os doentes. E recomenda a estes fariseus que procurem o verdadeiro significado da palavra misericórdia.


     A questão acerca do jejum levantada pelos discípulos de João não apenas mostra uma divisão entre aqueles que seguem seus mestres, pois até mesmo os fariseus são citados, e põe também em discussão se o judaísmo dessa época era tão monolítico assim no tocante a seu caráter hermenêutico. Ao que parece esta situação não era tão clara e esclarecedora como se pode perceber. E também um outro dado, de que não houve uma total migração entre os discípulos de João. E este dado se revela pela prática do jejum que fazia parte da vida devocional tanto dos discípulos de João quanto dos discípulos dos fariseus.


     E a resposta do Senhor Jesus quanto a indagação que lhe fora feita pelos discípulos de João a cerca do jejum, foi de que muito embora essa prática litúrgica e confessional fosse perfeitamente factível, ela dependeria muito mais do estado de espírito e do humor de cada discípulo do que ser propriamente uma regra litúrgica e impositiva de fora para dentro. O Senhor Jesus está dizendo que há o tempo certo para tal prática e que não era aquele o momento certo pra que seus discípulos jejuassem. E aproveita para chamar a atenção de todos indistintamente sobre este novo tempo que se vislumbrava para todos. E se vale da metáfora do vinho novo e tecido novo.


     Em seguida o chefe da sinagoga vem a presença de Jesus e requisita a presença dele em sua casa. O motivo é de que sua filha está gravemente acometida de uma enfermidade. Prontamente Jesus o acompanha e neste trajeto uma mulher no meio da multidão e incógnita toca a orla de sua roupa e por trás. Isto faz com que Jesus interrompa a sua caminhada para proferir na direção daquela mulher uma palavra de ânimo e de enaltecimento de sua fé. Pois foi a fé, de que se tocasse na orla de sua roupa a curaria, que a curou. 


     Muito embora tenhamos que ter a consciência de que nos demais sinóticos este relato revela, pela indagação de Cristo sobre quem o havia tocado, o fato de que ele se expressa dizendo ter saído virtude, ou poder dele(Marcos 5:30; Lucas 8:46). Este relato deve nos servir de advertência para o fato de que corremos o risco, se não nos policiarmos, de achar que objetos utilizados por pessoas tidas como santas são milagrosos. Este relato embora aponte a atitude simples daquela mulher que entendeu que bastaria tocar na orla de suas vestes, mas a virtude, ou poder pra curar saiu de Jesus e não de suas vestes.


     Ao chegar a casa do chefe da sinagoga, ele encontra a casa tomada de um grande e intenso pranto pelo fato de a menina já ter falecido. Mais uma vez e de forma propedêutica, o Senhor Jesus profere uma palavra de ânimo àquele pai em pranto e tomado de grande tristeza afirmando que a sua filha não havia morrido, mas que apenas dormia. Num primeiro momento aquela declaração foi objeto de ridicularização por parte dos que se encontravam na casa. Mas, ao ser esvaziada a casa. E o Senhor Jesus trazendo novamente aquela jovenzinha à vida e ao convívio de seus pais. Isto somente fez com que a sua fama se espalhasse por todo aquele lugar.


     Tendo saído da casa do chefe da sinagoga, o Senhor Jesus foi seguido por dois cegos que clamavam chamando pela alcunha de filho de Davi. E pediam que tivesse misericórdia deles. E quando chega a uma casa eles se aproximam de Jesus o Senhor lhes pergunta se eles criam no que ele poderia fazer. Eles então respondem afirmativamente. Jesus então toca neles com as mãos e libera que a benção de cura seja feita conforme a fé que tinham. E imediatamente os olhos deles se abrem. Mas, antes de irem ele os recomenda que não se divulgasse o que lhes ocorrera. Porém, ao saírem da presença do Senhor Jesus, divulgaram o que ocorrera com eles, fazendo com que a sua fama corresse por toda aquela terra. 


     Uma vez mais tendo se retirado, ou estando na direção de algum outro lugar, foi lhe trazido um homem mudo e endemoninhado. O demônio foi expulso do tal homem e começou a falar de tal forma que a multidão se maravilhou daquilo, tendo testemunhado que nunca tinham visto tal coisa em Israel. Neste caso, a voz do antagonismo representada pelo grupo dos fariseus se manifesta sobre o feito do Senhor Jesus afirmando que ele expulsa demônios pelo príncipe dos demônios.


     Enfim, chegamos ao verso 35 que é uma síntese de tudo que foi relatado anteriormente nesta introdução, a qual se apresenta como releitura de quase a totalidade deste capítulo. A forma com que o autor propõe o encadeamento de cada relato tem um estilo redacional próprio se comparado com os outros dois evangelhos sinóticos(Marcos e Lucas). Porém se nos apropriarmos da forma como este relato está sendo feito, podemos concluir que o objetivo é mostrar o caráter dinâmico de uma vida de serviço no evangelho e este é exemplificado pelas muitas maravilhas como operação de milagres por Jesus e a forma como se aproveita dos mesmos para ensinar a sua doutrina.


     De certa forma, é o que se tentará fazer e de uma maneira mais específica, quando doravante existe a intenção neste texto em se  concentrar na leitura e interpretação dos versos de 35 a 38. No entanto, e de posse de tudo que este capítulo 9 tem oferecido a nível de interpretação, surge uma pergunta. Que a rigor se constitui como problema central que este texto tentará responder: Que seara é esta a que se refere o Senhor Jesus? Considerando que a seara é composta de seres humanos, de pessoas. A colheita é feita somente sobre aqueles que têm fé? E se somente aqueles que têm fé são colhidos, quem fará o trabalho da colheita, ou seja quem são esses trabalhadores que devemos rogar ao Senhor da seara? 




I - O QUE O SENHOR JESUS FAZ É O RECONHECIMENTO DA AMPLITUDE DO TERRENO(V. 35a).



     A parte "a" deste verso mostra a agitação que era estar seguindo a Jesus, pois ele não parava literalmente em nenhum lugar. Pode se dizer que foi uma vida de constante peregrinação. Os deslocamentos nessa parte do mundo, e, numa época específica como esta, mais comuns são caminhadas a pé mesmo, ou com auxílio de animais de tração como jumentos e camelos, cavalos; Ou barcos, no caso das rotas marítimas. Mas, é fato que o Senhor Jesus também se viu na necessidade de também fazer uso desses meios de transporte.


     O fato de os seus deslocamentos serem realizados intensamente sinalizam que que havia uma significativa urgência. Mesmo que a demanda do tempo fosse uma constante, é possível ver também o Senhor Jesus lidando com os mais diversificados problemas e flagelos que assolam a alma humana. Por isso algumas de suas intervenções miraculosas se justificam. Muito embora não fossem estas suas prioridades.


     A obra do Senhor não se constitui num trabalho para amadores. Ela envolve tanto um planejamento estratégico assim como uma capacidade excepcional de se lidar com as mais variadas situações que envolvem o homem e este encerrado dentro de contexto social e cultural e religioso. Não se pode deixar de assinalar que para se desenvolver este tipo de trabalho que o Senhor Jesus iniciou é necessário gostar de estar com as pessoas e desenvolver relações interpessoais.


     Um dos grandes desafios que o homem ainda não conseguiu superar não está relacionado aos avanços científicos e tecnológicos e sim na forma como as pessoas se relacionam. De tal forma que sejam alcançadas metas e produtividades. Por isso mesmo, neste início de milênio um dos profissionais mais requisitados e bem pagos pelas empresas são aqueles conhecidos como gestores de pessoas. 


     E na mesma linha, as empresas hoje têm investido numa categoria de profissional liberal conhecida como Palestrante Motivacional. Esses palestrantes não estão ali contratados a peso de ouro para motivarem as máquinas e equipamentos do patrimônio físico dessas empresas e sim para trabalhar o potencial e capacidade produtiva de cada funcionário que atualmente são tratados e revestidos de uma nova nomenclatura, eles são colaboradores.


     Os deslocamentos do Senhor Jesus em suma se caracterizam por uma espécie de levantamento do terreno e das eventuais dificuldades que haveriam de ser identificadas e superadas. E uma dessas dificuldades foi apontada no primeiro parágrafo da introdução deste texto e que foi indicada pela incredulidade já que a alusão a sua função como aquele que inaugura o anúncio da chegada do Reino de Deus é o grande mote de sua mensagem.


     E essa parte "a" do verso 35 é indicadora tanto desse lado dinâmico de Jesus em percorrer literalmente como relata o texto "Todas as cidades e aldeias". Evidentemente que por conta desse intenso deslocamento o encontro com pessoas das mais variadas possíveis seria como foi algo inevitável. E não se pode omitir o aspecto inclusivo desses deslocamentos do Senhor Jesus já que ele percorria "Todas as cidade e aldeias"...




II - APÓS O RECONHECIMENTO DA AMPLITUDE DO TERRENO, É O MOMENTO DE SE VER O QUE NELE EFETIVAMENTE ESTÁ SENDO CULTIVADO(V. 35b).



     A segunda parte deste verso 35, e, especificamente a 35b, deseja exemplificar a forma como o Senhor Jesus, nesta fase de reconhecimento e dimensionamento de sua área de trabalho, tratará cada situação identificada. E aí a melhor maneira de se lidar com esta situação também foi apontada por ele. É bem verdade que até este momento o elemento direcionador deste texto tem sido a utilização de metáforas e analogias que orbitam na proximidade do trato com os mais diferentes tipos de pessoas e suas dificuldades ou problemas.


     Muito embora seja ponto pacífico o pressuposto de que o objetivo precípuo do Senhor Jesus é a pregação do evangelho do Reino. E, por conta disso, neste exato momento, talvez tenhamos a necessidade de nos apropriarmos como instrumento de leitura neste contexto da metáfora do campo e as reais condições em que se encontra o respectivo terreno. Digamos que em síntese, e após o reconhecimento da amplitude do terreno, é necessário combater as pragas, semear novas sementes e cuidar daquelas plantas que de alguma maneira foram infectadas.


     Alguém poderia se manifestar de forma um tanto quanto calorosa a cerca das palavras aparentemente ofensivas utilizadas no parágrafo anterior. Principalmente pela equiparação da expressão_ "Nas sinagogas deles" a razão de um combate as pragas. Não podemos perder de vista que estamos em plena análise e leitura de um texto e desde uma perspectiva analógica que se propõe a substituição de uma metáfora por outra.


     Ensinar nas sinagogas deles pode também nos dar conta primeiramente de que, se trata também de uma ação de caráter pedagógico. Evidencia uma polaridade e em consequência uma contra argumentação ao que até aquele momento era ministrado enquanto ensinamento para o povo. Ao mesmo tempo que enfatiza algum tipo de propriedade. De certa forma algumas pessoas ou grupos se apropriam de determinados princípios que, a rigor são de domínio público e avocam pra si o direito de propriedade ou até mesmo uma espécie de investidura e autoridade sob o discurso de que são seus representantes fiéis na conservação dos mesmos.


     Com base no contexto de que nos valemos como argumentação no parágrafo anterior, pregar o evangelho do Reino traz consigo a conotação de um anúncio de que o mesmo será sucedido pela chegada e presença do Rei. Com o qual também se estabelece uma relação de substituição e domínio novo. Por isso a ênfase na expressão sinagoga deles que inaugura a ideia de que aqueles que se apropriaram deste terreno e de maneira usurpadora, agora terão que dar lugar ao legítimo dono da seara que está a caminho.


     Os indícios de que o legítimo dono da seara está a caminho se revelam pelos acontecimentos que assumem uma dimensão sobrenatural através das curas de enfermidades e moléstias a que o povo, ou aqueles que estavam a margem deste caminho percorrido pelo mestre, estava acometido. Essa ideia e pressuposto de um povo que está a margem do caminho ficará mais patente no verso seguinte. Então, quando se faz menção de como o evangelho de Jesus é maravilhoso, mesmo que para tanto,  também ajuizador de nossas ações. Mas, a sua grande qualidade e peculiaridade é o fato de também ser inclusivo. 





III - A CONSTATAÇÃO QUE SE TEM É TANTO DE UMA PRECARIEDADE DO PASTOR E COMO CONSEQUÊNCIA A QUALIDADE E PRECARIEDADE DAS OVELHAS TAMBÉM(V. 36).


     Este tópico é revelador sobre todos os aspectos. Primeiramente pelo fato de o Senhor Jesus revelar, e este é o sentido e ideia que o redator indica neste texto, seu olhar misericordioso. Nós muitas vezes nos deparamos com determinadas situações no dia a dia das nossas igrejas, das cidades e etc. Com todo tipo de pessoas que choram os seus males, as suas dificuldades. E, não é muito difícil, ver alguém blasfemando contra Deus por causa das dificuldades e males que lhe sobrevém.

     Ao mesmo tempo em que se percebe que é a partir de uma massa de pessoas e cada uma com suas peculiaridades e problemas. Os quais vão se apresentando caso a caso. Todo o capítulo 9 deste evangelho consiste no detalhamento do que agora seu autor para fazer referência ao olhar misericordioso do Senhor Jesus sintetiza chamando de MULTIDÕES(ÓCHLOUS _ Acusativo plural) . Eu chamo de massa muito embora o texto faça menção de multidões. E faço isto, pelo fato de que, do ponto de vista de como as pessoas de um modo geral são tratadas, esse tratamento é muito desumano. 

     Ao mesmo tempo que se impõe um tratamento desumano às pessoas, aponto a  mudança que acontece em suas vidas a partir do momento em que Jesus direciona o seu olhar para elas. E, como disse, o olhar de Jesus é misericordioso. O evangelho do Reino é um evangelho de misericórdia. As ovelhas estavam cansadas, desgastadas, desgarradas e sem direção alguma. Apesar de existirem aqueles que se dizem seus guias e pastores, segundo esse olhar misericordioso de Jesus eram como ovelhas que não têm pastor.

     As denúncias por parte do Senhor Jesus eram sempre devido aos pesados fardos que os seus guias lhes impunham. Por isso da parte de Jesus sempre houve o convite para que aqueles que se sentissem dessa maneira viessem até ele. Há inúmeros exemplos desse apelo do Senhor Jesus objetivando o alívio de suas pesadas cargas, mas um em especial deve ser destacado: "Vinde a mim todos vós que estais cansados..."(Mateus 11:28-30).

     Mas, há também uma palavra de juízo para aqueles que se aproveitam de tal situação. Para estes o discurso do Senhor Jesus é bastante duro e veemente: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!..." (Mateus 23:14). Já que não dá pra se falar de um olhar misericordioso por parte do Senhor Jesus, como se ele fosse tão bonzinho a ponto de ser condescendente com a práticas infames do pecado. O olhar é doce e misericordioso, porém com uma dose na mesma medida de um juízo divino implacável.

     Esta´claro que a precariedade em que se encontravam essas pessoas era decorrente de como elas eram conduzidas enquanto rebanho do Senhor. O olhar misericordioso de Jesus é também uma dura e pesada crítica àqueles que se diziam investidos de poder e liderança na condução do povo e não cumpriam com essas obrigações deixando muito a desejar. Haja vista  que a expressão:"Como ovelhas que não têm pastor", não é proveniente de uma ausência e sim da omissão deles em assistirem o povo em suas necessidades.

     A constatação que o Senhor Jesus chega era de que as ovelhas foram e estavam sendo durante muito tempo exploradas pelos seus pastores mercenários. Elas não eram assistidas por estes pastores que somente buscavam auferir ganhos sobre o que elas podiam produzir. E o que afinal de contas uma ovelha produz? A resposta básica a esta indagação é Lã e carne. Elas eram esfoladas sem nenhum tipo de cuidado que pudesse amainar o seu sofrimento.

     E uma ovelha ovelha sem pastor é presa fácil diante de uma alcateia. E o bom e verdadeiro pastor não abandona suas ovelhas e por elas arrisca a própria vida. E ainda revela o grau de proximidade e intimidade com elas ao tratá-las pelo nome. Lembram do que falei sobre a aplicação do termo multidões, onde disse que optei por substituir por massa. Numa massa, não se enxerga pessoas. Nelas as pessoas acabam ficando ensandecidas. E não se sentem responsáveis por nada que fazem.

     Na relação com Jesus, as pessoas precisam ter consciência de que são sim responsáveis por seus atos e por causa deles são passíveis de serem trazidas a juízo. É esse tipo de conscientização que o Senhor traz as pessoas alcançadas por ele. Mesmo assim, ele não abre mão de seu olhar misericordioso. É este olhar doce e misericordioso que ele revela neste verso e que o move na direção dessas ovelhas desgarradas por omissão dos pastores mercenários que não cuidam e não querem deixar que outros ocupem dessa função.
  

        
IV - MESMO COM TODA A GRANDIOSIDADE DA SEARA E OS SEUS MUITOS DESAFIOS, A RESPONSABILIDADE DE ENVIAR TRABALHADORES É DO DONO DA SEARA E NÃO NOSSA(V.V. 37-38).


     Primeiro precisamos nos apropriar do que o Senhor Jesus quer transmitir de mensagem quando faz referência a palavra SEARA. Se procurarmos no léxico da língua portuguesa o seu significado, veremos que se trata de um campo de terras cultivadas. Ou seja, no nosso caso aqui, uma Seara não serve como exemplo de terras que se encaixam para efeito de reforma agrária. Logo, não são terras ociosas. 

     Este exemplo também se encaixa muito bem quanto ao enquadramento do que vem a ser o ministério de Cristo em sua ação propositiva. Ele parte do está positivamente dado. É a partir daí que faz as devidas constatações da real situação em que se encontram as pessoas. E quando é movido pelo sentimento de compaixão tal qual expresso pelo verso 36. Este sentimento é decorrente do fato de que constatou a incrível penúria espiritual a que as pessoas, o seu povo estava submetido.

     O que o Senhor Jesus, mesmo depois de ter feito a constatação da situação de fato no tocante a Seara, a área de terreno cultivada. A dimensão grandiosa da Seara constatada por ele é relativamente grande, o verso 37 nos dá conta disso. Ou seja, os desafios são expressivos. Por outro lado, toda esta expressividade, em hipótese alguma, é motivo para algum tipo retrocesso. Conclusão, se o desafio é grande existe então a necessidade de preparar mais trabalhadores que possam dar conta deste trabalho.

     O tipo de constatação feita pelo Senhor Jesus serve tanto para o dono da Seara quanto para aqueles possíveis trabalhadores. Já foi dito aqui que todo o capítulo 9 deste evangelho é tanto uma descrição da real situação de decadência e penúria espiritual a que o homem se vê envolvido, assim como a partir dos versos finais 35-38 se constituem em uma proposição de trabalho tendo em vista a superação de tal situação. Para que estes objetivos sejam alcançados, o que o Senhor conclui é a necessidade de mais trabalhadores.

     E antes mesmo de se falar na necessidade de uma mão de obra para a Seara. Um aspecto muito significativo precisa aqui ser enfatizado. A Seara tem dono. Ela não é um terreno abandonado, ou uma terra de ninguém. E quem afinal de contas terá a primazia de prover trabalhadores para ela será sempre o seu dono. É evidente que estamos falando do nosso Deus. Tudo é uma questão de primazia e de hierarquia. 

     Mas, falemos então dos trabalhadores. Para eles trabalharem na Seara do Senhor, eles terão que passar primeiramente pelo crivo do seu proprietário. Nestes casos, alguns haverão de se adaptarem, outros nem tanto e outros não se adaptarão. Mas, eles terão que ser discipulados para o desempenho de tal tarefa. E ser discipulado significa entre tantas outras coisas está sob a disciplina de seu mestre. E resta saber, quem nós temos escolhido para mestre em nossas vidas?

     O dono da Seara é o próprio Deus. O que ele fez então, enviou o seu filho pra fazer um levantamento do que estava acontecendo nela. O filho ao estar fazendo o levantamento do que nela estava acontecendo acabou se tornando vítima e pagando com a própria vida, por causa daqueles que se apropriaram da Seara como sendo sua. Eles usurparam o papel de dono na Seara do Senhor. Há uma parábola contada pelo próprio Cristo que ilustra com bastante nitidez essa descrição(Mateus 21:33-46; Marcos 12:1-12; Lucas 20-9-18).




CONCLUSÃO


     Cuidar da Seara do Senhor não é tarefa das mais fáceis. Por isso é o tipo de obra ou trabalho que exige capacitação, não somente capacitação, bem como obediência ao dono da Seara. Submissão a disciplina que este dono impõe. Entretanto nem todos estão acostumados a andar sob disciplina, a serem submissos. Discipulado é, acima de tudo, uma vida de submissão e obediência ao dono e Senhor da Seara.

     O imperativo colocado pelo Senhor Jesus àqueles que desejam e se pré-dispõem a servi-lo na sua Seara é primeiramente o reconhecimento de que a Seara tem um dono que é legítimo. E qualquer ação praticada nela, mesmo que seja imbuída de boas intenções, precisa ter o aval do seu dono. Pra que qualquer obra seja feita na Seara do Senhor tem que ser aprovada por Ele. E pra que Ele se manifeste, ele precisa ser procurado, invocado.

     A condição imposta de que se deve buscar em oração ao Senhor da Seara também nos dá conta de que este tipo de trabalho tem uma conotação que vai muito além de uma relação de trabalho. Portanto, há uma relação específica e porque não dizer uma chamada e vocação específica para o desempenho de tal trabalho. É o próprio Cristo que nos chama atenção quanto a este tipo de comportamento para com o dono da Seara. Afinal, ele está falando do próprio Deus.

     O sentimento de misericórdia a que o verso 37 revela com tamanha propriedade e que retrata o verdeiro motor que impulsionou as ações do Senhor Jesus, foi este sentimento de misericórdia, de compaixão, de amor ágape. Quem não se lembra daquele diálogo entre o Senhor Jesus e o apóstolo Pedro, onde o mestre pergunta a Pedro se ele o ama? E o faz por três vezes. E, na terceira vez que o mestra o pergunta e Pedro responde afirmativamente, então Pedro recebe a palavra do Senhor de que ele deve apascentar as suas ovelhas(João 21:16).

     A relação de trabalho na Seara do Senhor, e esta não está restrita apenas ao pastoreio, é uma relação de amor tanto para com Deus, quanto para com aqueles a quem está direcionado o seu serviço. Portanto, não se constitui numa relação mercenária, ou tão somente profissional. A epístola do apóstolo Tiago 1:27 se vale do termo THRESKEIA_ Que está relacionado ao serviço de culto, ou melhor ao ritualismo do culto pra falar desta relação com Deus. Relação esta que se estabelece com Deus, onde ao mesmo tempo que não se perde o senso e sentido de adoração e ainda mantém vivo e dinâmico o serviço ao próximo representado aqui pelos órfãos e as viúvas.

     Há várias indicações tanto neste texto quanto no conjunto dos escritos sagrados de que o serviço ou culto que prestamos a Deus tem suas nuances e desdobramentos. E que este tipo de serviço ou adoração não é passível de um treinamento e profissionalização da mesma forma como encaramos  e resolvemos nossos problemas no âmbito e dimensão de nossas vidas seculares e profissionais. Até mesmo quando nos valemos de algum tipo de expertise no campo das ciências humanas, temos que ter algum tipo de cuidado em sua aplicabilidade do ponto de vista ministerial e eclesiástico. 

     "Rogai pois, ao senhor da Seara..." O imperativo colocado por Jesus deve ser entendido de uma forma que a própria tradução não foi capaz de ilustrar muito este momento de petição, ou rogo. Pois, deve retratar uma oração fervorosa. Ou seja, esta palavra de Jesus deve ser entendida da seguinte forma: Peçam, roguem, implorem, fervorosa, calorosamente ao Senhor, o dono da Seara, pra que ele envie trabalhadores que sejam dignos de uma obra e trabalho como este.

     Uma coisa que sempre foi muito comum em todas as situações em que o Senhor Jesus esteve envolvido e que precisava deixar algo de PROPEDÊUTICO para seus discípulos. Ele sempre se mostrou antenado com os problemas daquelas pessoas em seu cotidiano. Então metáforas e imagens tiradas do campo ou do pastoreio das ovelhas sempre estiveram presentes no seu linguajar de comunicação. Já que este tipo de atividades eram básicas para subsistência do povo neste momento da história e das atividades desta região do planeta.

     Estes 4 versos básicos de nossa reflexão e que se constituem como elemento de síntese de todo este capítulo como já foi falado anteriormente, são sintomáticos e emblemáticos neste sentido e objetivo de se chegar ao cerne dos problemas e dificuldades em que as pessoas se encontravam. Imagens como as do campo ou do pastoreio povoam não somente a literatura bíblica assim como a cultura humana de um modo geral e de uma maneira mais específica a vida cultural e religiosa do homem do mundo antigo e daquela região do médio oriente.

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